Pudim.

29 5 6
                                    

    Não houve nem sequer um beijo.
O encontro terminou de forma fria e Cris não conseguia entender o que havia dado errado.

   Beto não falou de Pudim uma só vez.
Ele tinha duas opções: 1- fazer com que Cris aprendesse a amar e aceitasse seu gato; 2- contar de Pudim e ver sua alma gêmea correr para longe.

   Ele voltou para casa odiando sua vida mais que tudo.
Poxa, Cris era tão perfeita. Por mais que Beto não a conhecesse tão bem, tinha em sua cabeça que Cristina seria o grande e majestoso amor da sua vida.

   A única coisa que não fazia sentido era ela não gostar de gatos e obviamente não aceitar Pudim.

   Seu coração estava angustiado. Sentia como se um abismo tivesse se aberto no peito; um abismo que separava tudo o que era bom para ele; separava o amor.

   Beto não acreditava no destino, mas talvez devesse acreditar. Porque não achava que estivesse destinado ao amor.

   Assim que entrou, viu Pudim.
Ele estava sentado no braço do sofá encarando a porta — esse era seu jeito de esperar por Beto —.

   Pudim pulou em cima de Beto quando teve uma oportunidade.
Beto iria dedilhar as cordas do violão esperando ter alguma luz, todavia Pudim não deixou.

   O gatinho achava que hoje era Beto quem precisava de carinho.
   Às vezes seu dono ficava de mau humor, andando com a cabeça baixa e resmungando pelos cantos. Hoje  Pudim viu tristeza nele; sentiu um cheiro preocupante e não iria deixar que o instrumento lhe desse carinho.

   Pudim era quem iria fazer isso.

   Ele agarrou o pescoço de Beto com as patas, ronronando o mais alto que conseguiu, ele lambeu a orelha do dono e esfregou sua cabeça no mesmo lugar.

    O coração de Beto foi se aquecendo e ele se lembrou de como aquele ser era importante na sua vida. Pudim era o único que sempre esteve e estaria ali, nos piores e melhores momentos.

   Por dois anos Pudim foi a sua única companhia verdadeira.
   Por dois anos Pudim o amou e piscou seu grandes olhos vivos e azuis para Beto.

   Naquele momento a  esperança surgiu. Um raio de luz imaginário o atingiu e Beto compôs.
Ele cantou e sorriu novamente, porque não sossegaria enquanto Cris não visse que Pudim era o melhor gato do mundo.

Amor felino.Onde histórias criam vida. Descubra agora