Caros leitores peço-lhes que leiam o capítulo com a música colocada acima.
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Eram dias chuvosos, e assim como esses dias de tempestade em Helston, Heloise estava tentando travar aqueles tempo frio dentro dela mesma.
Como ela poderia ser feliz amando seu irmão? Uma pessoa de seu próprio sangue?
Heloise teria que encontrar uma maneira para fugir dos jogos de Christian, ela sempre se considerou perdedora de qualquer tipo de aposta ou jogo, mas ela sabia que sempre perderia para Christian, e ele sempre seria o vencedor.
Ela estava na sala de aula, estava escrevendo em seu caderno as palavras que estavam expostas no quadro negro, mas sentiu alguém observá-la de longe. Heloise levantou seus olhos lentamente, e viu Caleb sentado na sua mesa de professor olhando para ela.
A troca de olhares durou segundos, até que Caleb abaixa seus olhos e começa a sorrir silenciosamente, então Heloise sorrir por vê-lo sorrir como um adolescente bobo.
Foram dois longos horários de aula com Caleb e Heloise trocando os olhares e sorrindo como se estivesse contando uma piada através de seus olhos.
Ao término da aula, os alunos guardaram seus materiais, e saíram da sala. Heloise caminhou até a mesa de Caleb, entregou o livro que ele havia dado a ele.
- Heloise é seu. - ele disse empurrando o livro para a garota.
- Não posso aceitar o livro, quando isso confunde meus sentimentos. - ela respondeu com o livro em suas mãos.
Caleb sorriu, saiu de trás da sua mesa e ficou frente a frente com ela.
- Heloise. - ele disse enquanto acariciava o rosto dela com seu polegar.
Ela abriu a boca querendo dizer algo, mas as palavras se perderam ao norte dos pensamentos dela, e seus olhos se fecharam contra sua vontade quando Caleb chegou mais perto.
Naquele momento com a porta da sala entreaberta, o céu se formando em nuvens cinzas, as folhas se separando do carvalhos, Heloise e Caleb compartilharam um beijo que nem ela mesma havia beijado Christian daquela forma.
Foi um beijo tímido, que fazia Heloise sentir a eternidade, a esperança, uma nova vida a poucos passos de distância dela.
Ao se separarem, Heloise olhou para ele e disse:
- Tem razão.
- Como assim? - ele perguntou confuso.
Heloise segurou o livro firme em suas mãos, ofereceu um sorriso tímido a Caleb e saiu da sala de aula.
Ela andou pelo corredor de chão opaco, enquanto os alunos se estendiam até a porta que levava ao jardim da escola. Ao passar pela porta Heloise sentiu o vento soprar contra o seu rosto, mas desta vez, ela se recusou a chorar, ela apenas sorriu como se houvesse ganhado o presente dos seus sonhos.
Heloise entrou no ônibus escolar, colocou seus fones de ouvido, encostou sua cabeça no vidro da janela do ônibus, e deixou que a música Lithium de Evanescence conduzisse sua mente e sua alma para um lugar onde ela se identificasse. Um lugar onde a terra fora coberta de várias e várias camadas de neve, onde a água era gelada, onde seu coração encontrava refúgio no frio e onde ela poderia ser ela mesma.
Naquela fria manhã de terça-feira, ela não se sentia exposta, nem tampouco aberta. Caleb a fez sentir uma sensação que nunca soube desde sua existência.
Agora ela poderia descrever a situação em que se encontrava. Enquanto Christian era seu anjo obscuro que só a levaria para a escuridão, Caleb era seus anjo de luz, que atendía cada grito de socorro perante a luz divina.
Enquanto o céu escurecia, Heloise sentiu sua alma flutuar em uma nuvem branca, enquanto a multidão de nuvens cinzas tentava corrompê-la.
Ao chegar em casa Heloise abraçou Janet que estava no fogão fazendo o almoço, e subiu para o seu quarto, fechou a porta, jogou sua mochila no chão, jogou-se na fina seda branca enquanto sentia seu corpo flutuar naquela cama macia.
Durante o dia todo, Heloise não o viu Christian, ele não foi para escola, ela não o viu na mesa para o almoço, não o viu no jardim de inverno, e tinha sinal dele na casa toda.
Talvez seja melhor ele manter a distância dela, seus encontros obscuros, suas conversas intimidadoras e os toques do pecado.
Era noite quando Heloise resolveu se aventurar no jardim de inverno, a noite estava tão fria que quando Heloise tocava nas rosas ela podia sentir uma pontada de calor percorrer por seus dedos.
Os olhos de Heloise correram por todas as rosas até encontrar Christian de frente para uma porta de vidro, ele estava calmo o suficiente para não ter notado a presença de Heloise no mesmo ambiente.
Heloise deu leves passos e com sua mão direita, tocou o ombro esquerdo de seu irmão, Christian virou-se lentamente até ficar de frente para Heloise.
- Quero te mostrar algo. - ele disse segurando a mão dela.
Com a mão sua esquerda colada na dela, Christian usou a mão direita para abrir a porta de vidro, e puxou Heloise até um lugar da mansão que ela nunca havia conhecido.
As folhas dos arbustos eram verdes, haviam rosas de todas as cores possíveis por toda a parte e uma pequena fonte no centro do jardim.
Uma pequena lembrança tentou penetrar a mente de Christian, mas ele empurrou as cinzas daquela memória queimada em sua cabeça para longe e concentrou-se em Heloise.
- Pega. - ele disse tirando o seu casaco de couro preto. - Esta frio aqui fora. - concluiu entregando o casaco a ela.
Heloise olhou atentamente enquanto a boca de Christian se abría para dizer algo a ela. Ele estava diferente naquela noite, parecia conturbado com algo.
- Heloise.
- Sim.
- Eu estou tendo visões noturnas...
Christian ainda estava procurando as palavras certas para dizer, mas a vontade de ter Heloise na beira da sua cama, o corpo dela em cima do seu, tirando ela do seu vestido e traçando as pontas dos dedos, estavam fazendo com que Christian perdesse a sanidade.
Ele roçou o lábio dela com o seu polegar, e beijou docemente o pescoço dela, enquanto ela jogava a cabeça para trás sentindo prazer e ao mesmo tempo tentando lutar contra a sensação que os beijos provocavam nela.
Heloise sabia que não devia fazer isso. Ela tinha que se afastar dele, mas como resistir quando ele sabia como desarmá-la?
Ela havia esquecido a forma que se sentiu quando Caleb a beijou, o momento de paz e luz havia ido embora, e agora Christian a trouxe um pouco mais para perto da escuridão e do pecado.
Heloise sabia muito bem como era beijar Christian, beijá-lo é uma mistura de uísque com vinho tinto, primeiro queima, depois vêm a sensação de leveza correr pelo corpo.
"Ele estava tendo visões noturnas de beijá-la"
1120 palavras
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Sussurros da Noite
RomanceA história se passa em Helston, no ano de 2004. Heloise estava no 2° ano do ensino médio, e Christian estava prestes a terminar seu ano letivo. Após sua mãe ser internada em uma clinica de reabilitação por causa de delírios, Heloise vai morar na man...