Cris.

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   O ódio que Cris sentia por gatos só aumentava cada vez mais.
 
  Tudo o que ela podia fazer para separar Beto de Pudim, Cristina fazia.
Ela prendia ele cada vez mais horas no 33; chantagem emocional; persuasão; tudo.

  E o tolo do Beto acabava caindo na sua teia da maldade anti-felina.

  Pudim não recebia mais um afago de boa noite, nem um cheiro de bom dia e muito menos uma reflexão sobre a vida — Pudim não gostava de ouvir Beto falando, mas sentia falta disso também —.

Era triste...
Eram os dias mais cinzentos.

— Beto, meu nariz. — Cris fechou um dos olhos, prendeu as narinas e fez uma careta dramática. — Um dia ele entope e quando eu fico bem... a-a-ATCHIN!

— Você espirra, eu sei, Cris. — Beto nem tirou seus olhos do jornal. — Porteiro?

— Qual turno?

   Ela se aconchegou ao lado dele no sofá e distribuiu beijinhos por onde conseguia.

— Noite.

— É uma boa. Você dorme mais de dia do que a noite.

— Pudim dorme de dia, daí eu...

— Amor, você está procurando um emprego não uma babá para o seu gato. Foca aqui e em mim.

  Beto se remexeu desconfortável.
Até quando ia engolir esses sapos?

🐾🐾🐾

— É sério, Beto.

  Cris estava chorando e aquilo era o cúmulo.

— Eu não vou deixar nenhum dos dois!

— Eu achei um pelo na minha boca. — Ela fez beicinho como um bebê e pisou forte no chão. — Você quer me matar?

— É só uma alergia, Cristina.

— E daí Adalberto!

   Beto fechou o punho e foi como se todos aqueles meses estivessem se esvaindo pelos dedos.

— Você me ama?

— Eu amo, Beto. Eu te amo. Mas...

Então chega, o gato fica!

Amor felino.Onde histórias criam vida. Descubra agora