Capítulo IX

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– AMOR

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– AMOR... AMOR... EI, VOCÊ ESTÁ BEM?

Guto não sofreu nenhum ferimento, apenas bateu o braço, fazendo surgir uma dor, forte o suficiente para incomodar. Preocupou-se com a namorada, mas, aparentemente, nada de grave tinha acontecido com ela. A moça estava consciente, mas ao virar seu rosto para Guto, expôs um pouco de sangue em sua testa, oriundo de um pequeno corte. Guto ficou inquieto e, naquele instante, mais uma vez ouviu, ainda que bem baixinho, as vozes de sua cabeça. Sua inquietação não estava em ver a namorada machucada, mas porque ele sentiu um certo prazer em ver aquele sangue saindo do ferimento.

– Eu... eu estou bem. – respondeu Nathalia, tocando o seu ferimento com o dedo. Ao ver sua mão suja de sangue, assustou-se um pouco. A dor não lhe incomodava, por isso não deu tanta importância ao ferimento, só queria limpá-lo para evitar alguma infecção.

– Você tem algum lenço ou toalha por aí? – indagou Nathalia, fitando o namorado. Após, pegou um pequeno espelho que trazia em sua bolsa e, ao observar o ferimento em sua testa mais detalhadamente, preocupou-se. – Merda, isso vai deixar uma cicatriz.

Guto permanecia encarando o ferimento da namorada. Estava tão aéreo, que só voltou em si quando sentiu um leve tapa atingir seu ombro, seguido de dedos estalando frente aos seus olhos.

– Ei, eu falei com você. – comentou Nathalia, chamando a atenção do namorado. Você tem algum lenço, toalha ou qualquer outra coisa com que eu possa limpar esse sangue? Preciso improvisar um curativo, mas não trouxe meu kit de primeiros socorros. O ferimento, apesar de pequeno, pode deixar uma cicatriz bem feia e eu não quero nem pensar nisso.

– Tenho, tenho sim. – afirmou o moço, passando a revirar sua mochila em seguida. – Está em algum lugar por aqui, só um momento.

Guto revirou bastante os seus pertences, até encontrar o que procurava.

– Está aqui. – disse, entregando alguns lenços de papel à namorada.

A moça, por sua vez, rapidamente fez um curativo improvisado, ao menos até conseguir chegar em uma farmácia ou qualquer outro lugar que venda o que ela deseja. Guto desceu do carro para analisar o que tinha dado perda, já que o veículo não estava dando partida. Após um tempo verificando, chegou à conclusão de que não entendia absolutamente nada de mecânica. Carecia de um profissional, contudo o posto de gasolina mais próximo ficava a uma hora de carro, ou seja, não tinha a mínima chance de eles irem até lá andando. Não vendo outra alternativa, Guto dirigiu-se à beira da estrada, para ver se conseguia alguma carona. O movimento estava ruim, não se viam carros. Era inverno, o dia passaria voando.

            Mediante o choro, desespero e muita dor, Lucas acabou adormecendo ali mesmo, naquele local que agora ele tinha como calabouço

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Mediante o choro, desespero e muita dor, Lucas acabou adormecendo ali mesmo, naquele local que agora ele tinha como calabouço. Despertou ao sentir a água molhar seu rosto. A dor em sua boca ainda lhe incomodava em excesso, sem contar os calafrios constantes oriundos de sua febre. A noite se aproximava, já estava escurecendo. Era inverno e, além disso, na fazenda, por conta da mata que a envolvia, o dia parecia ter bem menos que vinte e quatro horas. Lucas tinha a sensação de estar naquele poço há dias. Seria uma noite de luar e a luz daquele satélite natural já iluminava boa parte do poço. Analisando o local, Lucas espantou-se quando, de relance, fitou, próximo de si, dois esqueletos cobertos de larvas. Ele não teve dúvidas, só podiam ser os esqueletos de Kamila e Guilherme, dois jovens que apareceram na fazenda há alguns anos, para a infelicidade deles. Foi aí que Lucas percebeu a mentira da irmã. Estar ali, diante de dois corpos decompostos, o amedrontou. Não conseguia compreender o porquê de Rebeca agir de uma maneira tão desumana.

Envolto em seus medos, Lucas passou a lembrar da cena que vivenciou outrora: o tio levando Afonso do quarto à força. Mais uma vez, se pôs a chorar. Estava preocupado com o filho. Sabia que Rebeca não dava a mínima para a criança e tinha muito medo do que ela e o tio pudessem fazer com Afonso. Precisava arranjar uma maneira de sair dali o quanto antes possível. Distraído, assustou-se com uma voz vindo do alto. Reconheceu na hora: era Rebeca.

– Então quer dizer que você ainda está vivo, irmão? – indagou a moça, em tom de sarcasmo. Após, acrescentou. – É bem verdade quando dizem que vaso ruim não quebra facilmente. A tua sorte, Lucas, é que eu ainda não posso acabar contigo, porque vontade não me falta. Eu ia adorar te matar, mas confesso que te ver assim, sofrendo, já ajuda muito.

Mais uma vez, Lucas sentiu um calafrio percorrer por toda a sua espinha. Estava aterrorizado com as palavras da irmã, sobretudo porque agora ele sabia do que ela era capaz. Sem conseguir falar, Lucas apenas berrava, emitindo sons que eram impossíveis de compreender. Vendo a tentativa falha do irmão em se comunicar, Rebeca deu uma alta gargalhada, debochando.

– Oi? Perdão, irmão, mas não estou compreendendo. – disse a moça, ironicamente. – Não me diga que desta vez, de fato, o gato comeu tua língua?

Lucas tremia de raiva. Estava ardendo em febre e ainda com muitas dores pelo corpo, mas, se pudesse colocar as mãos em Rebeca, tinha certeza que o resultado seria desastroso. Vendo que isso não lhe era possível, decidiu ajoelhar-se, suplicando à irmã que não fizesse nada com Afonso. Contudo, mais uma vez as suas palavras tornaram-se incompreensíveis, devido à ausência de sua língua.

– Eu juro que queria compreender o que você está tentando falar, irmão, mas não consigo. – disse a moça, sorrindo outra vez. – Eu poderia sentir dó de você, mas toda vez que eu lembro do que você me fez, tudo o que eu consigo sentir é mais ódio. – afirmou Rebeca e, logo após, acrescentou. – Agora você lembra o que fez, não lembra Lucas? A burrice de jogar nós daquela cachoeira. Passei dois anos andando como uma manca, tudo por conta do teu surto heroico. Achei que nunca mais iria voltar a andar normalmente, mas, por sorte, cá estou eu, mais linda do que nunca. Agora, é a minha vez de te fazer sofrer, meu irmão.

Ao ouvir aquilo, Lucas, mais uma vez, se pôs a gritar. Eram gritos de inconformidade, acompanhados das lágrimas daquele ser aprisionado. Rebeca observava toda a cena sem nenhuma piedade em seu coração. Antes de ir embora, decidiu provocar o irmão uma última vez.

– Não precisa se preocupar com Afonso. Pode ficar tranquilo, eu cuidarei muito bem do nosso amado filho. – Rebeca deu uma piscada e sumiu da vista de Lucas, ignorando, mais uma vez, os gritos de desespero do irmão. 

Descendência Malter (Em processo de revisão )Onde histórias criam vida. Descubra agora