Prólogo

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O dia estava cinzento. A brisa fria batia com força contra a janela, fazendo o tecido alaranjado e envelhecido tocar com brusquidão a face entristecida da bela jovem sentada na cama.

Fazia três dias desde o falecimento da sua mãe, Cecília. Catarina não ficou sem amparo, restara a figura paterna, contudo não era a mesma coisa. Cecília era quem lhe dava apoio, amor e tudo que não recebia do seu pai, Alfredo. Além do mais, com o falecimento da esposa, Alfredo passou a ter outros interesses. Um deles estava na sala conversando animadamente, parecia haver motivos para felicidade.

- Ignoram a minha mãe como se ela não tivesse sido importante - disse em meio a soluços e levantou-se da cama.

A passos lentos, aproximou-se da porta e começou a espiar pelo buraco da fechadura. Do local, pôde ouvir perfeitamente a conversa do pai com a amante.

- O que fará com ela? - a bela dama, conhecida da família, perguntou com certo desdém.

- Nada, ela é minha filha - Alfredo respondeu ao ser pressionado contra a mesa pelo corpo da senhora.

- Alfredo, não me diga que agora fará papel de bom pai? Nunca fora disso. Quero você desimpedido. Não cai bem a mim o papel de madrasta. Mande-a para a capital. Conheço uma senhora. Duvido ela negar-lhe esse favor.

Sem querer ouvir a possível resposta do pai, Catarina voltou à cama.

Era difícil acreditar que provavelmente seria mandada para longe, para o lar de uma desconhecida.

- Quem seria essa senhora? - perguntou-se.

Catarina (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora