Um traço em teu abandono, e estarei a sós no teu carinho
Preservando a tua mínima cinza,
fazendo dela
a mais perfeita cor
Para tornar essa miséria,
em ato de amor
É nesse pecado em que me enlaço,
quando o sono me preserva
Mas ela? Ah!
Ela seria o erro mais cometido
Na mesma felicidade de estar equilibrado em corda bamba
Ela é o tudo,
quando o tudo não existe
Talvez a tragédia que eu não possa pagar
A injustiça que eu aceito,
de mãos atadas
Ela é a minha mão,
não vê?
Quase nunca me tocando,
mas sempre estou tão confortável
com o prazer irremediável
Como uma alma que não se tem
Como um carinho desonesto
Eu sou a lâmina que machuca
Mas ela me reduz a nada
Só assim,
eu posso gostar do que tenho sido
Deixo que a mim caiam as feridas de todos os atos
Um ser vão,
mas com hora de chegada
Sabendo desde então em que estrada me encontro
Mas querer mudar o rumo.
Não por causa dela,
mas ela
Ela me faz querer ser a terra
Ela me faz querer,
e o querer agora parece tão bom
Quase posso sentir
a responsabilidade de ter asas
Sabendo que este peso,
posso ter escolha
de não querer carregar tão só.
Vê-la no jantar.
Vê-la nas segundas-feiras,
talvez terças.
O som alto da risada dela.
Ela. Ela. Ela.
Carrego o carinho de poder dizer o seu nome,
e me ouvir dizê-lo.
Como a escolha de molhar parte,
ou o meu inteiro,
na tempestade que ela escolher
Enxergá-la na minha imagem ante ao espelho
Pois ela se parece com o que eu gostaria de abraçar,
sem saber como se abraça
Sem poder mudar o que vejo,
mas sentir
que não possuo os mesmos olhos
Pois ela fragmentou
a menor percepção que eu pensava ter
A música que fere meus ouvidos
Mas que aquece o meu coração
Pois ela está
Ela sempre estará.
She was everything to me
E o tudo não pesa
Não vale
Perdeu sua medida
Porque ela inventou uma nova forma
Ela ensinou o que eu não quero aprender
Ela.
Ela enxuga as falhas do meu coração
Me escuta gritar quando estou mudo
Ah, eu tenho gritado
Quero entregá-la flores mortas
Pois elas nunca serão mortas
(Nós só pensamos que sim)
Ela é a beleza enfurecida em olhos moldados de paciência vacilante
Ela tem o pedido que não assino
Ela é a mágoa amorosa
quando não posso moldá-la
Ela é o meu choro que se cansou de chorar
Ela é a morte efusiva de cada poro
Anestesiado pelo prazer
Desordenado pelo desejo
Penso ser o desejado
Mas acabo desejando
Quando a promessa me mata
Eu estou moldado pelo som
Eu estou preso em suas pernas
Sufocando dentro da honestidade dela
Ela chora.
Mas ainda sim, não está quebrada
Ela me oferece seus pedaços
Ela se vende
Sem cobrar um centavo
Ela me eleva,
e está na mesma altura
Ela me junta
Ela faz questão de flores dentro de mim
Quando ela sabe que não as regarei
Ela me choca,
mas ela nunca se abala
Ela me vence,
mas nunca se sente a vencedora
Ela morre dentro de mim,
E é quando ela está mais viva
Mando buscar as mais belas flores
Pra beijar e chorar por elas
Pra dizer que são minhas,
Tão somente minhas,
Que tudo o que eu sou
Se resume a Ela.
