capítulo 1- senhor ninguém

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Thomas focava os olhos na câmera com um alegre sorriso, enquanto o jogo iniciava. Ao seu lado, uma lata de energético para aguentar uma maratona de cinco horas sem parar de uma stream, das 22:00 até as 03:00.

— Boa noite, meus queridos. Hoje a live vai ser foda. — Ele dizia feliz lendo as mensagens que subiam sem parar no chat. — Bom, hoje nós vamos jogar Earth Kingdons, eu sei que MMORPG saiu de moda um tempo atrás, mas esse tá voltando com força, e eles não estão me patrocinando, ainda. — Ele riu da própria piada e continuou. — Sem mais delongas, vamos lá! — Ele disse animado, apertando o botão de start e selecionando um de seus personagens.

...

As 03:10, sua stream já havia acabado, ele bocejava cansado, vendo os resultados positivos dela, havia conseguido dinheiro suficiente para pagar seu aluguel na semana anterior, então ele poderia se dar alguns mimos.

Desbloqueia seu celular e pede uma pizza grande, a pizzaria era ao lado de seu prédio, então não demoraria muito. Ele também deu a sorte de morar ao lado de uma das poucas pizzarias abertas as três da madrugada. O garoto arruma seu cabelo preto despenteado, pensando no que sua mãe gostaria que ele fizesse. Pra começar, ficar acordado até as três da manhã não seria uma delas, mas em sua defesa, era o jeito que Tom arrumou pra pagar o aluguel de seu apartamento, agora que morava sozinho.

Ele não dormiria até comer algo tão merecida pizza, então começou a checar suas redes sociais. Cada dia ele conseguia mais seguidores, e subia mais na plataforma, isso o enchia de orgulho de si mesmo. Ele não era o streamer mais popular, porém era de certa forma conhecido. Checando sua caixa de mensagens, vê uma do usuário “sam2u”, sua foto de perfil era de um gato preto de olhos verdes deitado num carpete branco, era a única mensagem na caixa inteira, apesar da sua popularidade estar crescendo, ainda não havia recebido nenhuma. A mensagem foi enviada a cerca de uma hora, o usuário não estava mais online, então Tom resolveu abrir sem precisar se importar de responder instantaneamente, ao abrir, uma pequena caixa de texto subitamente apareceu.

“Olá, Mr. Nobody, assisti sua live. Você joga muito bem, e gostaria que me ensinasse algumas coisas. Comecei a jogar esse jogo recentemente, e ainda sou muito ruim. Se este for o caso, eu até poderia pagar por algumas 'aulas', se é que pode chamar-se assim. Aguardo sua resposta.”

Os olhos de Tom brilharam, ele seria pago pra ensinar alguém a jogar um jogo que ele joga desde a época do colegial? No começo, pensou que seria um golpe, mas, não imaginou como um golpista se beneficiaria disso? A escrita incrivelmente formal também o incomodava um pouco, talvez seja uma garota extremamente rica e culta, de qualquer forma, ele arriscaria, se a outra pessoa pedisse para ele mandar alguma quantia em dinheiro ou algo assim, sairia fora na hora.

“Oi, sam2u, td bem? Queria agradecer pelo elogio, e tbm pela oferta. Se vc nao se importar, gostaria de saber como isso seria feito, voce me pagaria por um aplicativo, certo? Me corrija se eu estiver errado.”

Tom enviou a mensagem e aguardou a resposta. Enquanto encarava a tela branca do computador brilhando em um quarto escuro, escutou seu interfone tocar, sua pizza havia chegado, ele vai tropeçando por latas de energético até a porta.

...

Sammuel havia chegado do trabalho, estava cansado, e com seu pulso doendo de tanto assinar relatórios. Joga sua pasta em cima do sofá e se senta em cima do mesmo, ele fecha os olhos e tenta pensar em algo que o faria relaxar naquele momento, acabar com a tensão de seus músculos, aliviar o cansaço de seus ombros. Ele olha para a cozinha, e vê uma garrafa de uísque em cima da pia. Ela estava pela metade, mas, só de olhar, ele já se sentia mais leve.
Sam levanta rapidamente, tomando cuidado para não tropeçar em Freya, sua gata preta que insistia em ficar rondando seus pés. Ele enche o copo pela metade e resolve ver um vídeo na internet enquanto não sentia sono.

Bom, ainda eram sete horas, demoraria um pouco para ele sentir sono. Ele aperta em um episódio de um reality show de culinária que por acaso estava no youtube. A primeira coisa que lhe aparece é um anúncio sobre um jogo qualquer. “Porque não?”, ele pensa, afinal, ele já tinha visto esse episódio. Inicia o download do jogo, e após 10 minutos, já estava pronto para ser jogado. Ele cria seu personagem, uma maga loira e começa a jogar. Porém, após perder repetidamente, Sam começa ficar novamente estressado.

— Merda. — Ele diz após morrer para um goblin lv 5 pela quarta vez. — Talvez se eu ver algum vídeo sobre esse jogo... — Ele diz pesquisando no google sobre “earth kingdons videos”.

O primeiro resultado era uma live de um cara de 20 e poucos anos jogando esse jogo. O garoto jogava com maestria, e, ele falava com a câmera de um jeito tão alegre e animado, que era impossível não se cativar. Sammuel tirou sua gravata e se sentou confortavelmente em sua cadeira, assistindo o outro garoto jogar. Quando deu por si, já eram duas da manhã, ele ainda não havia nem sequer tomado um banho, e, não sabia se tinha assistido aquilo por quatro horas pela gameplay, pelo carisma do streamer, ou por ser um tanto quanto atraente para o mesmo. Sam, então decidiu mandar uma mensagem para ele, pedindo por aulas particulares. Ele provavelmente não iria responder, mas Sam nem pensou nisso, afinal, eram duas da manhã, ele estava com sono, e provavelmente bêbado. Ele acabou dormindo em cima do teclado um pouco depois de enviar.

Ao acordar, viu que ele tinha respondido. Ele se lembrava vagamente de ter mandado a mensagem, e se lembrava menos ainda de ter oferecido dinheiro pra um cara aleatório da internet o ensinar a jogar um jogo.

— Que porra é essa que eu fiz? — Ele se questionou. Ele já tinha feito isso, estava com o dinheiro sobrando e o resto da semana de folga, então, porque não?

“Fico feliz que tenha respondido, sinceramente, nem achei que ia chegar a isso. Bom, sim, eu poderia te pagar por algum aplicativo, mas vi que você mora na mesma cidade que eu, seria interessante se pudéssemos inclusive jogar juntos em algum momento.”

Sam enviou. Seria bom ter a companhia de outro ser humano por ali, a maioria dos seus amigos só falava sobre mulheres, ou trabalho. Por ser homossexual, pouco o importava o primeiro, e, estava extremamente cansado do segundo, então evitada esse tipo de conversa. Ele relaxou os músculos e foi ao banheiro.

...

Thomas mal dormiu, ficou pensando um pouco sobre isso, até pesquisou a possibilidade de ser um novo golpe ou algo assim, não achou nada, o que o deixou ainda mais animado sobre isso. Ao acordar, ele viu que já havia sua resposta

Os olhos de Tom brilharam novamente, uma garota queria se encontrar com ele para que ele pudesse ensinar ela a jogar? E ela ainda ia pagar por isso? Ele não podia pedir por mais.

“Bom, se moramos na mesma cidade, porque não nós encontramos hj para discutir isso melhor? Está livre durante a tarde?”

Demorou cerca de meia hora pra Sam responder novamente.

“Tudo bem por mim. Tem um café que eu costumo ir, fica no Boulevart Evergreen. É o único café da rua, se estiver ok, podemos nos encontrar as três da tarde?”

Tom, quase que instantaneamente respondeu a mensagem, ele estava muito ansioso pra isso acontecer.

“Seria otimo, eu te encontro la em ponto!”

Essa foi a mensagem que encerrou a conversa. Tom estava extremamente ansioso. Mal conseguiu se concentrar nos afazeres do dia. Sua casa ainda estava suja, havia uma pilha de pratos em cima da pia. Ele apenas ignorou tudo isso e focou no que iria acontecer em algumas horas.

...

No café, Tom estava usando um moletom cinza, juntamente com uma calça jeans um pouco gasta e um all-stars vermelho. Ele olhava de um lado para outro para ver se conseguia identificar quem era Sam, ele não sabia como ela seria, mas estava muito ansioso para descobrir. Subitamente, um homem alto, loiro e com um terno entrou no café. Ele olhou de mesa em mesa até identificar Tom, e foi até ele.

— Você é o “mr. Nobody”? — O homem falou com uma voz grave, olhando fixamente para Tom.

— Ah, sou, você é o pai da Sam? Olha, a gente só ia se encontrar pra jogar um jogo, eu juro, nada mais ia acontecer... — Tom disse enquanto gaguejava com medo de ser duramente repreendido, ou até mesmo preso, caso o pai da garota seja muito extremo. Porém, ele não demonstrou raiva, ao invés disso, apenas um sorriso um pouco debochado e sem entender a situação.

— O que? Não! Eu sou Sam. — Ele se sentou na mesa juntamente com Tom. — Enfim, quando podemos começar?

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⏰ Última atualização: Oct 08, 2019 ⏰

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