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Lunático ou dramático. Uma das maiores dúvidas dos britânicos, já que em toda Era de glória Vitoriana eles nunca imaginaram que teriam que passar por isso, por mais que fosse comum até.

Lá se via um homem, não sabiam sua idade, onde morava, quem eram seus parentes ou muito menos seus amigos, já que devia ser pelo fato de ele não possuir nenhum.

Tudo que sabiam era que esse rapaz era desconexo a sua própria realidade e que seu nome era Vin Flack pois sempre se apresentava aleatoriamente pros desconhecidos ou conhecidos da região.

Era de se observar que alguns moradores que já tinham se acostumado com a presença de Flack pelas ruas tentavam de uma forma ou outra, digamos, que ajudá-lo. Era engraçado e bem perturbador.

De acordo com os rumores o rapaz vivia cutucando, arranhando e até beliscando a própria pele, não era de se espantar que o rosto de Flack era cheio de feridas e seus braços sempre estava vermelhos ou com arranhões chorando sangue. Ouvi de um pássaro que os moradores tentavam fazer com que Flack parasse, mas ele sempre rebatia com o mesmo argumento.

"Tumores. Tumores. Preciso arranca-los!"


Claro que para qualquer pessoa com dois olhos que funcionam bem, Flack não tinha tumores e nem qualquer tipo de deformação, nem manchas, nem pintas e pelo o que apontavam os rumores, Flack era muito bonito e tinha um rosto limpo, mas sua beleza estranha estava escondida debaixo daqueles machucados e manchas vermelhas que ele mesmo causou em si.

Não só tinha esse problema, Vin ouvia uma voz, mas não só ouvia como também via seu locutor. Flack em toda conversa sempre apresentava seu amigo invisível, mesmo que ele já tenha o apresentado para tal pessoa ele ainda sim o fazia, como se não se lembrasse.

Falando em não se lembrar, em meus papéis alarmam que realmente, Flack parecia ter perda de memória. Não importava quantas vezes falava com a mesma pessoa ou quantas vezes passasse nas mesmas ruas, para ele sempre era tudo novo. Os moradores acostumados com Flack sempre deixavam isso claro.

"Um certo dia estava voltando dos campos de plantação e vi Flack passeando pelas ruas como sempre. Resolvi puxar conversar com ele, mas acredita-se que ele não me reconheceu?! Tínhamos conversado antes, naquele mesmo dia, durante a manhã antes de eu sair para o campo!"

Acredito que o moradores tinham apego com Vin. Não tenho certeza.

Mas o que me intriga, são os relatos sobre o tal amigo do Flack. Só ele ouvia, via e talvez sentia.

As cartas que me mandaram sempre tinha alguma suspeita sobre o amigo imaginário de Flack. Esse amigo dele era descrito como uma pessoa incrível, amiga e bondosa, Flack só falava bem dele. Uma das características mais memoráveis sobre o amigo de Flack era o fato de que ele era cego, mas sabia como era exatamente a aparência de cada coisa. As vezes ele se animava quando falava do amigo, parecia um jovem apaixonado.

E pensando por esse lado, o pobre Flack foi alvo de suspeitas de que ele fosse homossexual e de que esse amigo fosse um demônio que estivesse possuíndo seu corpo, fazendo ele ser assim.

Essas teorias não foram as únicas, mas foram as que impulsionaram outras, fico espantado com as cartas que recebi logo depois dessas.

Flack visto como um mendigo lunático, passou a ser visto como um possuído, um amaldiçoado, julgador por entidades divinas. Oh céus, Deus me ajude, tantas cartas acusando Flack de tantos absurdos!

.Vin Flack.Onde histórias criam vida. Descubra agora