Eu sei, parece-te irônico,
Mas o meu doutor é doente!
Queria eu rir, se fosse cômico.
Leia meu causo de paciente:Som de tosses, paredes brancas,
Era o hospital, o tédio de sempre!
Homens em macas, idosas mancas,
Da sala de consulta, ecoa o imperativo "entre";
Crianças anêmicas cansadas, caras francas...Era minha vez, possuía enfermidade;
Na sala, sento defronte à retangular mesa;
Vívido doutor ,reconhecido na cidade!
Mas o clima era desagradável, ponho-me em "posição de defesa"Olhares rudes vindos do médico, não compreendia;
Feição estranhamente vazia,
Mãos trêmulas, felicidade sua não se sentia...
Finalmente abriu a boca, perguntou o que me acometia;
Contei meus sintomas, enquanto impaciente ele ouvia.O homem era bom, dominava a medicina!
Necatoríase, rapidamente constatou,
A biologia e seus nomes, coisa que a mim fascina!
Disse-me o que fazer, um vermífugo passou;Mas antes do partir, lhe perguntei
O motivo de sua perturbação;
Pergunta sincera, a resposta ansioso esperei.
Ele não esperava, subiu-lhe a emoção!
Pôs-se em desabafo; em pé, novamente me sentei.A amada esposa havia falecido,
O trabalho, duro, trazia-lhe frustrações,
O filho, coitado, nos seus estimados negócios estava falido;
Doutor e portador de depressão, sofria com negativas sensações,
Por pressão familiar, se tornou aquilo que nunca quis ter sido!Em gesto de desgosto, pousou na face sua palma;
Eu era doente de físico, meu doutor,
Já o senhor, doente da alma.