"Narra Thiago"
Escutei um bip, de um aparelho apitando com frequência. Me sentia tonto, fraco. Tentei me mexer mas meu corpo não me obedeceu, com muito esforço abri meus olhos, encontrando um teto branco. Eu estava em um hospital, olhei em volta e notei que alguns aparelhos estavam ligados ao meu corpo. Eu não gostava desse lugar, me fazia lembrar dos últimos dias de vida da minha mãe.
Minha cabeça doía, e com um pouco de tempo fui juntando minhas memórias a fim de lembrar como eu havia parado naquele lugar. Me lembrei de ter caído, tinha batido minha cabeça no chão, por isso ela doía tanto.
Eu queria sair de lá, eu não tinha um plano de saúde tão bom, e caso eu precisasse de cuidados mais complexos o seguro não cobraria. Era incrível como eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser em dinheiro. Não que eu fosse ganancioso, longe disso, o problema era que nessa sociedade em que vivemos, infelizmente precisamos de dinheiro para tudo. Eu gostaria que fosse diferente.
Escutei a porta se abrir. Um médico entrou com uma prancheta em mãos sorrindo.
- muito prazer, sou o Doutor Hernandez, como está se sentindo? - perguntou analisando o painel ao meu lado e anotando alguma coisa na prancheta.
- quando eu vou poder sair daqui? - respondi com a voz falha, e me senti ainda mais fraco.
- calma - ele disse rindo preparando uma seringa - você acabou de acordar de uma queda, que precisou de dois pontos na parte detrás da sua cabeça, e está pensando que vai sair daqui tão rápido? - ele disse amarando meu braço com um elástico e eu suspirei rendido - preciso de um pouco de sangue seu, tem medo de agulhas?
- não, o que não me agrada é esse lugar - eu disse olhando para o teto novamente.
- só estamos tentando cuidar da sua saúde, não precisa se preocupar - ele disse depois de coletar meu sangue e colocar um curativo - volto já, está com fome?
Fome? Eu não sentia fome, eu não sabia mais o que era fome.
- um pouco - respondi indiferente.
- vou trazer algo - ele disse e saiu do quarto.
Sem que eu pudesse evitar, pensei na residência, eu queria voltar, aproveitar cada segundo. Mas eu estava preso naquela sala branca, e novamente não havia nada que eu pudesse fazer.
"Narra Ana"
Estávamos esperando na recepção do hospital, os médicos disseram que o Thiago havia acordado, eu estava aliviada, e me sentindo um pouco menos culpada. Mas ainda assim, a culpa que eu sentia era grande. Como eu podia ter sido tão egoísta.... ele sempre esteve ao meu lado, me ajudou em tudo em que eu precisei, e quando ele precisava de mim, eu simplesmente sumi.
Eu sentia vontade de me bater, de socar as paredes, eu fui tão idiota que não percebi que meu melhor amigo estava em depressão.
Daisy estava deitada no meu ombro, eu havia insistido que ela fosse pra casa, mas ela, assim como Pietro, fizeram questão de esperar. Manuel tinha levado Víctor para descansar, não era saudável ele se esgotar daquela maneira. E depois que eu insisti bastante, Víctor finalmente concordou que precisava dormir um pouco, mas me disse que assim que amanhecesse estaria de volta.
- Thiago Kunst? - a recepcionista chamou e Pietro foi rapidamente ao balcão - ele já pode receber visitas, podem entrar, sala 247 - ela disse verificando na tela do computador.
- obrigado - Pietro agradeceu esperançoso.
Caminhamos pelos corredores até encontrar a sala 247, e ao chegar, pela persiana, vi meu amigo fitando o teto com o semblante preocupado. Ele estava pálido, e eu senti um aperto no coração. Daisy e Pietro entraram no quarto e por alguma razão eu travei na porta.
"Narra Thiago"
A porta se abriu e Daisy e Pietro entraram no quarto, eu sorri fraco, feliz em vê-los, mas o clima não estava um dos melhores.- Thiago graças a Deus - Daisy me abraçou, colocando sua cabeça em meu peito - eu estou tão feliz que você está bem.
A abracei de volta com um sorriso no rosto, Pietro nos observava sério, e percebi que ele evitava me olhar nos olhos.
- nunca mais faça isso, eu disse que você tinha que comer alguma coisa - Daisy agora parecia irritada, mas eu sabia que ela só queria o meu bem.
- eu sei, me desculpa - eu disse pegando sua mão - eu devia ter te escutado - ela sorriu fraco e apertou minha mão.
Daisy era uma garota incrível e tinha um coração enorme, eu a admirava.
- a Ana está aí - disse Pietro, e foi suficiente para meu coração bater forte - vou pedir para ela entrar.
Eu sentia tanto a falta dela, era inevitável me sentir feliz ao saber que ela estava lá, por mim...mas ao mesmo tempo, não queria que ela se preocupasse.
Pietro e Daisy saíram do quarto e o amor da minha vida passou pela porta. Eu não saberia explicar o quão linda ela estava. Ela me olhava com os olhos aguados, e eu me senti um idiota. Provavelmente Pietro havia contado a ela, e eu não me orgulhava de ter feito o que fiz, naquele momento senti vergonha e não consegui a olhar nos olhos.
- Ana....eu sinto....
- por favor, não peça desculpas - ela disse com a voz quebrada e me doeu vê-la daquele jeito.
Eu não sabia o que dizer, qualquer coisa que tentasse pronunciar não parecia suficiente e eu me calava. Tinha a impressão de que qualquer coisa que eu dissesse a machucaria mais. Ela se aproximou e se sentou na beirada da cama. Eu não conseguia olhar nos olhos dela, mas eu sabia que ela estava tentando não chorar. Eu precisava dizer alguma coisa, não podia permitir que ela sofresse por minha causa. Mas fui interrompido pelo seu abraço, um abraço forte, e eu me senti pior ainda quando a escutei chorar.
- eu sinto muito Thiago - ela disse aos soluços.
Ela me apertava tão forte, que podia sentir seu coração batendo. Acariciei seu cabelo e a abracei forte de volta. Era um abraço de alívio, tanto por sua parte quanto pela minha.
- você não precisa se desculpar por nada - seu perfume me acalmava de uma maneira inexplicável.
- eu não estava quando você precisava de mim - ela se separou do meu abraço e me olhou nos olhos - eu sou uma idiota, me desculpa... - suas lágrimas caiam e eu tentava secá-las com meu polegar.
- você não é uma idiota - eu não podia permitir que ela se sentisse culpada pelas minhas atitudes - eu sou um idiota, eu tomei decisões idiotas...
- mas essas decisões podiam ter sido evitadas se eu tivesse por perto para te ajudar - ela disse agarrando minha mão e mexendo nos meus dedos nervosa - eu...sou tão egoísta...
- Ana....- eu engoli o seco e respirei fundo - eu me afundei nessa situação, eu senti sua falta sim, não vou negar - mais lágrimas saíram dos seus olhos - mas se você estivesse por perto acredito que as coisas não seriam diferentes....
Ela secou as lágrimas e tentou se acalmar, eu só fiquei a observando. Não sei como, mas ela tinha me enfeitiçado, por que não importava o que ela fizesse, como ela estivesse, eu sempre parecia um bobo perto dela.
- você sabe que pode contar comigo sempre que precisar né? - ela disse acariciando meu cabelo e eu tive que me concentrar para ouvir o que ela estava dizendo.
- claro que eu sei..você é...- eu respirei fundo para dizer a verdade que tanto me doía - minha melhor amiga....
EAI? CHORARAM JUNTO? POR QUE EU CHOREI ESCREVENDO.
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YO QUISIERA
Fanfiction"Há tanto tempo que te vejo Mas de forma totalmente diferente. Tenho certeza que nem imagina Qual é o sentimento que invade minha vida. Desde a primeira vez que te vi, Algo estranho aconteceu, Não sei se foi amor, calor ou atração, Ou todos de uma s...