Capítulo 13

35 7 2
                                    

Minha filha,

Seus medos nunca devem prevalecer diante de seus terrores, deve ser destemida e forte, deve lutar por sua liberdade.
Saia dessas grades, criança. A mansão te mantém presa e envenena sua alma.

Abrace o amor, minha filha. Podes confiar em seu pai, não se arrependerá em nenhum momento se o fizer, mas se por algum motivo o permitir se esvair por entre os dedos de suas mãos, pagará com sua própria vida por isto. Digo-lhe com absoluta certeza, que ainda que respire já estarás morta.

Perdoe-me por dizer palavras tão duras, mas somente o faço por amor a vós e sua mãe.

Nunca duvide que estou com você, pois a todo instante caminho ao seu lado.

Amo-te, Eliza. Amo-te como o artista ama a vida e o amante a poesia.

Com amor, seu pai.

Ѽ

1896

—Não era para estar acontecendo assim.

Aos poucos a jovem começa a se despertar do sono que havia mergulhado à noite.

Fora sem contestações a melhor dentre todas que já tivera, e existe somente um motivo, uma razão e circunstância para isto.

Saber que ele passou toda a noite segurando sua mão e mexendo em seus cabelos é extasiante, completamente magnífico.

—Como pode saber?

A indagação feita pelo homem, que Eliza reconheceu pela voz ser William, sai carregada de amargura e dúvidas.

Temendo interromper algo que deveria ter conhecimento ela continua de olhos fechados, fingindo ainda continuar a dormir.

—A profecia és clara como a água límpida da chuva, diz para protegê-la, não amá-la.

Era Emanuel, sem dúvidas, que discutia com ele. 

A lembrança do primeiro dia que o viu voltam a sua memória de forma arrebatadora. Se recorda do que disseram, do temor em cada palavra e da menção a uma mulher, a mesma que certamente estão se referindo neste momento.

—Mas você a ama.—Emanuel concluí sem muito esforço.—És tão claro quanto o que deveria fazer e não parece estar disposto.

A pontada em seu peito é inevitável. Todo seu sangue se congela em suas veias e o sentimento que seu coração poderá parar quase a faz abrir os olhos, mas se mantém firme, pois só assim poderá ter conhecimento do que dizem.

Ele a ama.

Ama a outra mulher e isto é demais para suportar.

—Uma profecia ridícula.—a risada de William a faz se lembrar do homem que foi capaz de partir seu coração.—Dita por uma feiticeira, que de fato esteve delirando e que não me surpreenderia se ainda o estivesse.

—Sua mãe.

O homem rebate como se fosse um absurdo alguém dirigir a sua mãe desta forma, e que de fato o é.

A Mansão de ChurchillOnde histórias criam vida. Descubra agora