Perspectivas

Enlouquecendo

O que é que está acontecendo? Em algum lugar do meu subconsciente eu ainda estou bem, pode ser um milagre ou só esse pedaço sã da minha mente me mantendo viva num corpo que não me pertence mais.
Tudo aconteceu tão repentinamente, eu tentei contar pra Alice que a Lucy não estava normal, que algo não ia bem, de algum jeito eu sentia, e por isso eu a segui no final da aula, deixei minha amiga sozinha e fui atrás da Lucy, que por algum motivo estava no banheiro junto com Kelly.
Mas por que as duas estavam juntas se elas acabaram de brigar? E graças a minha maldita curiosidade eu entrei, me enfiei em uma das cabines e ali fiquei, escutando tudo.

- Lucy, por favor, vamos resolver isso. - Conseguia ouvir a voz da Kelly, ela parecia amedrontada, como se na frente dela tinha algum monstro.

- Você sabe que não tem como, isso tudo é culpa sua! Você me fez fazer isso! - A Lucy gritava com tanto ódio, não era a pessoa que eu conhecia.

- Lucy, eu juro, nunca mais vai acontecer. Eu pos.. - A frase dela é interrompida por um grito. - O que você fez?!

- Eu fiz o que era preciso.

A porta do banheiro se abre e logo depois fecha, lá dentro eu só consigo ouvir a respiração ofegante da Kelly, não posso me mover, não tenho mais forças depois de tudo que escutei, era como se o tempo parasse e só eu e esse momento existisse.
Quando percebo que aquilo realmente aconteceu eu saio da cabine, mas não tinha mais volta, eu vi o corpo da minha amiga, caído no chão do banheiro, morta, havia sangue em seu redor. E tudo que eu pude fazer foi correr.
Eu corri como se isso fosse mudar algo, fui mais o rápido que pude pra casa, o mundo girava e eu me sentia péssima, era tudo minha culpa, se eu fosse mais rápida, se eu tivesse coragem o suficiente de impedir aquilo..
Quando chego em casa, como de costume não tinha ninguém, minha mãe estava trabalhando e la dentro só restava eu e a minha mente, me culpando por tudo, fazendo com que eu visse tudo de novo, sentisse o cheiro do sangue dentro do banheiro, as vozes. Tudo, de novo e de novo.
Eu era a culpada.
Era minha culpa.
Minha culpa.
Minha culpa.