Capítulo 9: A Verdade.

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- Por mais que eu tente, não funciona! - exclamou a Fera ainda esmurrando a porta.

Em uníssono todos suspiraram, se sentindo angustiados.

- Rápido, procure uma poção de cor roxa escura e jogue no caldeirão, enquanto eu seguro a Fera! – disse Tulipa.

A garota concordou e correu, olhando prateleira por prateleira até finalmente encontrar. Ela despejou o líquido denso no caldeirão e quase de imediato as imagens do passado da Fera foram reveladas.

***

Isabela pôde ver a Fera quando era humano, especificamente quando criança; estava brincando com a garota de antes. Atenta a cada cena para que não perdesse nada, percebeu que ele chamava a garota de ''Bela'', assim como a chamava.

Correndo pelos corredores juntos de mãos dadas, as crianças corriam em volta dos empregados, que sorriam com a traquinagem.

- Lumière, vamos brincar, por favor! Venham também, Plumette, Horloge e Madame Samovar. - implorou Bela.

Os empregados não conseguiam dizer não para aquela doce menina. Acabaram cedendo. Todos brincavam e riam.

Em passos apertados, Madame de Garderobe, juntamente a seu marido Monsieur Candeza, entrou correndo na sala onde todos estavam se divertindo. O homem era magro, mas baixo comparado com sua esposa, uma mulher robusta.

- Más notícias, más notícias! – gritou Monsieur Candeza.

- A rainha está muito doente. Ela se sentiu mal e depois desmaiou, e receio que a situação é agravante! - completou Madame de Gaderobe.

No mesmo instante todos pararam de sorrir e com os olhos sob o jovem mestre. Bela segurou sua mão, olhando-o para saber que tudo ficaria bem.

Todos foram até os aposentos da rainha já fraca. Perceberam que em breve ela partiria, mas o pobre garoto não entendia e abraçava sua mãe com força e acariciava seu rosto gentilmente.

- Mamãe... - murmurou com os olhos marejados. Sentiu as mãos da mãe sobre seu rosto, que foi levado gentilmente para perto de si quando ouviu sua mãe dizer algo antes de partir.

- Cuidado com ele... foi ele! Seu pai me envenenou, então por favor faça tudo que ele lhe pedir, este é meu último desejo. - a mão da rainha agora repousava sobre a cama.

Muito sentido pela confissão e indignado, se calou com medo do que aquele homem, que deixara de ser seu pai, podia lhe fazer.

O que não saía da mente do garoto enquanto estava no velório de sua mãe era por que o rei envenenaria sua esposa. O que ele ganharia com isso?

Isabela pôde ver quando o rei colocou o veneno sobre o chá que a sua esposa mais gostava. Ele mesmo preparou e serviu o chá. Em alguns momentos viu uma mulher misteriosa conversando com o rei, era Amor. Ela o havia enfeitiçado para que matasse sua esposa, pois o amava profundamente e não suportava ver outra ao seu lado.

Levando as duas mãos sobre a boca, um flash de lembrança veio à sua mente. Estava começando a se lembrar.

Bela e o jovem príncipe Eric cresceram juntos. Isabela pôde ver Bela entristecendo à medida que o garoto gentil e carinhoso que conhecia deixou de existir mediante aos abusos psicológicos do rei, que estava completamente louco. A escuridão em torno dele só aumentava.

O homem estava cego de poder, tanto que superou a admiração pela beleza e o desejo por Amor. Deitava-se com várias mulheres e nem se importava se seu próprio filho o visse naquelas condições.

Um dia, resolveu conceder um baile com o único objetivo de conseguir mulheres lindas para lhe satisfazer. Ao descobrir tal ato de pura luxúria, Amor se tornou sombria e com seu coração partido queria vingança. Disfarçou-se de uma senhora bem idosa para invadir o castelo. O rei de fato não a reconheceu, mas ao ser maltratada pelo filho do rei se sentiu humilhada e menosprezada. Foi onde sua verdadeira identidade foi revelada, espantando a todos, principalmente o rei, que ficou pálido na mesma hora.

A Bela e a FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora