Capítulo único: Onde tudo começa, se termina.

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Eu não sabia aonde eu estava, só sabia que tinha acordado em uma sala vazia com somente uma mesa de madeira retangular bem simples encostada na parede, bem no canto ao fundo e duas baratas passando próxima a ela.

Eu ouvia um barulho de chuva batendo no telhado da casa, não tão forte a ponto de ser uma tempestade, mas também não tão suave para ser uma garoa, mas sim uma chuva balanceada, daquelas que gostamos de presenciar por umedecerem o ar e que cria um clima agradável para passarmos o tempo com quem gostamos, porém esta não estava beneficiando o ambiente em que eu estava.

Obviamente um desespero misturado com medo começou a me invadir, porém eu não tinha ideia de como cheguei ali, quem me levou ou o motivo, então decidi tentar sair por conta própria sem fazer qualquer som que pudesse chamar a atenção dos sequestradores, mas minha única saída era a porta que estava a minha frente, pois não havia uma janela no local, mínima que seja.

Me aproximei bem lentamente caminhando nas pontas dos pés para não fazer barulho e com muito cuidado para não fazer a porta ranger, eu a .

Logo de cara vi um corredor que eu não conseguia lembrar de onde era, mas me era bem familiar. Nele haviam vários quadros pendurados nas paredes com artes abstratas, uma lâmpada próxima à porta que iluminava até o final do corredor, que continha uma janela fechada do tipo que só serve para decoração, uma pequena cavidade retangular ao lado direito com um vaso de flores ao chão e algumas latinhas de cerveja vazias, que eu deduzi ser das pessoas que me sequestraram e uma pequena mesa redonda com um relógio digital em cima marcando vinte e três horas e cinquenta e nove minutos.

Mais à frente, outra cavidade retangular, desta vez à esquerda, continha um armário de chão de mesmo formato com três gavetas de cada lado e duas portas ao centro, que ocupava o espaço todo com um telefone com fio fora do gancho, uma foto da minha família, alguns cigarros usados, um abajur aceso e mais alguns sacos de comida vazios.

Ao chão, bem em frente ao armário, mais papéis, latas e um pequeno ursinho de pelúcia rosa que logo reconheci ser da minha filha.

Não consegui pensar em mais nada além de procurá-la, afinal eu jamais me perdoaria sair daquela casa sem ser com minha princesinha e minha preocupação nem mesmo me fez pensar em usar o telefone para pedir ajuda, porém eu não poderia ser imprudente e invadir qualquer espaço sem cuidado e ainda com cautela decidi procurá-la, mas antes que eu desse qualquer passo eu vi, através da janela à minha frente um rosto pálido.

Não consegui reconhecê-lo devido às gotas de chuva que embaçavam o vidro, só sabia que alguém estava ali e estava me vendo.

Fiquei durantes alguns minutos o encarando sem conseguir reagir até que lembrei que tinha que procurar por minha filha e tomei coragem de seguir, mesmo sabendo que eu teria que reagir quando viessem atrás de mim.

Ao dobrar o corredor me deparei com outro, mais escuro que o primeiro contendo uma lâmpada de teto que balançava bem lentamente com uma luz branca bem fraca, uma porta a apenas dois passos de mim com uma maçaneta quadrada e mais uma porta com uma maçaneta redonda ao final até onde eu conseguia ver.

Meu primeiro pensamento foi tentar ouvir qualquer som detrás da primeira porta e ao notar que havia total silêncio, tentei abri-la, porém sem sucesso por estar trancada.

Andando mais alguns passos, olhando para trás a todo momento para não me pegarem de surpresa, me deparei com mais um armário ao chão dentro de outra cavidade na parede em frente ao que parecia ser meu caminho para fora da casa, pois ao lado oposto havia uma porta que levava justamente para o local que eu vi aquele rosto.

Não me atrevi a passar por ela, pelo menos não de momento, afinal alguém poderia estar me guiando justamente para eles, talvez por acharem que estava jogando comigo em algum tipo de jogo sádico.

P.T. Silent Hills - Realidade ParalelaWhere stories live. Discover now