Quem é essa pessoa?

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Nota da autora:
Esta história é de minha autoria e foi inicialmente criada em formato de AU (Alternative Universe) no twitter. Hoje, Relatos de Um Crime só se encontra aqui. Com isso, por favor denuncie caso encontre uma cópia em outros sites/aplicativos.
Sintam-se à vontade para comentar e mandar sugestões, vou adorar lê-las!
Boa viagem, leitor!✨

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~~~Scott's POV~~~

Meu ódio pelo Tony estava no auge! Era a segunda vez na semana que ele pegava o meu carro pra sair da empresa me fazendo voltar de metrô (até porque eu não iria pagar 30 pratas no táxi por causa do babaca do Tony), isso tudo por preguiça de pegar seu carro na oficina. Minha vontade era de pegar a BMW dele pra mim só pra vê-lo surtar. O cretino nem me ofereceu uma carona até minha casa antes de fazer suas besteiras com o MEU CARRO! Eu definitivamente não conheço um homem mais cara de pau do que ele. Graças àquele playboy de quinta, fiquei desanimado numa sexta-feira. Obrigado, Sterco!
Ainda com sangue nos olhos, entrei na estação de metrô na esperança de o mesmo chegar o mais rápido possível. Enquanto o transporte não aparecia, pensava em varias formas de retribuir a raiva que o Stark havia me proporcionado, olhando para o chão, andando para um lado e para o outro na plataforma, bufando de raiva. Alguns minutos depois, o metrô chegou e dei um suspiro de alívio.
Entrando no transporte, sentei no primeiro banco que vi pela frente, passando as mãos no cabelo em sinal e cansaço e apoiando os cotovelos nas pernas, ansiando pelo meu destino. Algumas estações depois, levantei a cabeça pra confirmar se estava chegando e me deparei com um caderno de capa dura e de cor bege ao meu lado. Assim que me deparei com o material, olhei para o vagão para tentar encontrar o dono, mas havia apenas três pessoas perto de mim e que certamente entraram no metrô na mesma estação que eu. Peguei o caderno e abri curioso à procura de um nome ou um endereço nas primeiras páginas, mas sem sucesso, apenas vários registros com uma letra bonita e redonda. Após passar os olhos em algumas páginas comecei a me questionar "essa escrita está diferente. Cada folha tem uma data, tudo escrito em primeira pessoa...será que isso é um diário?" .
Assim que me dei conta de que poderia ser um diário, fechei o caderno e pensei imediatamente em deixá-lo ali no banco, não queria entrar na intimidade de ninguém. Porém, também pensei que, se eu deixasse o caderno no metrô, outra pessoa poderia pegar e expor tudo o que estava lá (só Deus sabe as pessoas más que existem nesse mundo). Então peguei o caderno e coloquei embaixo do braço com o objetivo de levar para casa e, de repente, achar algum número de celular ou endereço para devolver ao dono, porque aquelas anotações provavelmente fariam falta para quem as perdeu.

(..)

Não era a primeira vez que a solidão batia numa sexta-feira a noite. Chegar em casa e não ter ninguém esperando era uma realidade um pouco dolorosa, mas que já me acostumara com o passar dos anos morando em Nova Iorque. Esta cidade é um pouco de solitária ás vezes. Com Tony sumido (provavelmente numa boate de strip), Pepper com as amigas e Steve de plantão no distrito, o que me restou pra esse dia foi um bom filme, uma pizza e cama.

Enquanto curtia o tédio tentando escolher algo bom na Netflix, voltei a olhar o diário que havia colocado na mesinha de centro da minha sala. Olhava para ele, para a TV, para ele, para TV...até que fui tomado pela curiosidade, peguei o pequeno caderno na mesa e o abri.

Na primeira página, me deparei apenas com uma palavra escrita em caixa alta no centro da folha - "Momentos" -  e alguns desenhos de pássaros em volta. Logo na segunda página, havia uma anotação um pouco maior e que me deixou um pouco intrigado:

"05/05/2017

Saímos para tomar um sorvete hoje. Ele não parou de falar sobre o quão incrível era o seu trabalho. Eu só sabia saborear aquele sorvete de flocos que me ajudava a sair daquela realidade entediante. Por outro lado, foi um dos dias mais suportáveis com ele. Sem gritos, sem nada quebrado pela casa e sem ouvir que eu sou inútil. Dias como esse poderiam se repetir."

Assim que li pensei: "Puta merda! A vida dessa pessoa deve ser bem triste. Não consigo nem imaginar como é viver em pé de guerra com alguém." Senti que estava passando dos limites lendo uma coisa tão íntima, mas uma voz na minha cabeça pedia para eu continuar a leitura:

"30/05/2017

Ele chegou bêbado de novo. Me agarrou a força tentando me beijar, mas eu não deixei, o bafo dele era horrível! Mandei ele ir tomar banho, mas ele resistia e gritava comigo a ponto de eu ter que gritar mais alto pra ele me ouvir. Com muito custo consegui  fazer ele tomar banho e, enquanto ele estava no banheiro, pude ver o seu celular acendendo a cada minuto com mensagens de uma tal de Laurel. Sei que nosso casamento é de fachada, mas parece que eu sou a única preocupada em manter as aparências. Deve ser porque só a minha vida depende disso."

Ah pronto...uma pessoa que vive num casamento de fachada! WHAT. THE FUCK!?

"02/06/2017

Tive um dia muito bom com as meninas. Fiz compras, visitei minha mãe e minhas tias, pude desabafar com uma amiga que é psicóloga, bebi um pouco no bar da Natasha...o dia teria sido perfeito se eu não tivesse chegado em casa e me deparado com um Darren completamente fora de si e escandaloso. Era a segunda vez na semana que ele ameaçava demitir meu irmão da empresa dele e cancelar o plano de saúde da minha mãe. Acredito que o inferno não seja muito pior que essa casa. Faltam exatamente 3 meses pro meu irmão se formar e sair da empresa e mais alguns bons meses até o tratamento da minha mãe acabar. Sem contar as consultas de retorno que ela vai precisar fazer após o fim do tratamento....enfim, eu não aguento mais!!! Não vejo a hora de sair daqui!!!"

Comecei a ficar aflito com as declarações, minhas mãos começaram a tremer naquela hora. A única coisa que eu conseguia pensar era: quem é essa pessoa?

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