Capítulo 13 (Sentimentos encontrados)

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"Narra Ana"

Faziam duas semanas que Thiago havia saído do hospital. Infelizmente ele estava doente, os médicos disseram que por causa do estresse ele agora tinha pressão alta e que precisava tomar os devidos cuidados, através de alimentação com menos sal e de medicamentos receitados pelo cardiologista, já que essa doença poderia levar a consequências graves, como doenças cardiovasculares, acidentes vasculares e insuficiência renal.

A sorte era que ele não era uma pessoa teimosa, e sempre que estava na hora do seu remédio ele não reclamava e o tomava. Em relação a comida, Pietro sempre preparava uma refeição com temperos diferentes que pudessem substituir o sal, o que na verdade não era nada ruim.

Além dos remédios para a pressão alta, os médicos também receitaram alguns para depressão, e por mais que Thiago afirmasse que estava bem e que não precisava tomá-los nada adiantou, e o doutor ainda me pediu para que eu buscasse um profissional para que ele pudesse conversar. Obviamente Thiago não gostou da decisão, e até aquele momento não havia permitido que eu buscasse alguém, por mais que eu insistisse que ele precisava daquilo.

Eu passava a maior parte do meu tempo na residência Kunst, tinha decidido voltar a viver lá e ajudar com as despesas, o que levou um tempo para que meu amigo concordasse, por que segundo ele, ele não queria que eu me incomodasse, que isso era um problema dele e que não era justo comigo. Mas eu estava decidida, ele precisava de mim, perto dele, e eu o ajudaria, com tudo que estivesse ao meu alcance.

Também voltei a dar aulas de piano, e milagrosamente eu já tinha muitos alunos. Manuel era um deles, me senti muito feliz em ensiná-lo outra vez.

Víctor e eu estávamos afastados, não nos víamos todo dia, e quando nos falávamos por telefone ele discutia comigo, dizendo que sentia minha falta e que eu estava passando muito tempo com o Thiago. Era óbvio que ele estava com ciúmes, mas eu não podia dar ouvidos a ele, Thiago precisava de mim, eu precisava cuidar dele, e além disso, era um ciúmes bobo, Thiago era meu amigo, apenas isso.

- entendi...sem problemas - ouvi Thiago falando com alguém em português pelo telefone, provavelmente seu advogado - só me avise com antecedência para que eu possa comprar a passagem.

Sua voz estava calma, mas eu podia ver que ele estava tremendo, ansioso. Suas pernas começaram a tremer e ele sentou no sofá, me aproximei preocupada, e ao me ver ele fingiu estar bem.

- estarei aguardando sua ligação, obrigado - ele disse e desligou, deixando o aparelho na mesinha da sala, e respirando fundo, tentando disfarçar que estava com falta de ar.

- quantas vezes você vai tentar fingir estar bem na minha frente? - eu disse me aproximando e sentando ao seu lado, ele suspirou rendido - respira, devagar.

Ele me obedeceu e respirou fundo e soltou o ar várias vezes, até se sentir melhor. Eu sorri, e ele sorriu de volta para mim. Ele tinha um sorriso lindo, eu nunca tinha reparado.

- está se sentindo melhor? - perguntei sorrindo com meu dedo indicador cutucando seu ombro.

- sim..- ele sorriu - obrigado.

- não precisa agradecer, gosto de te ver bem - ele me olhava atentamente, como se quisesse desenhar cada detalhe do meu rosto - quer conversar sobre isso? - perguntei apontando para o telefone.

Ele suspirou e passou as mãos pela cabeça.

- meu advogado me ligou - percebi que ele estava tentando manter a calma novamente - me disse que terá uma audiência em breve, a que decidirá se a residência continuará comigo ou não.

YO QUISIERAOnde histórias criam vida. Descubra agora