Capítulo 2 - Barulhos na madrugada

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Acordo no meio da madrugada escutando sons estranhos, fico sentado na cama, mesmo com meus olhos parcialmente fechados e minha visão levemente turva consigo ver que a luz do banheiro está acesa. Por um tempo os barulhos, o que me fez achar que era coisa da minha cabeça, mas logo voltaram. Fiquei um tempo ouvindo aqueles ruídos estranhos, era como se alguém estivesse engasgado e ao mesmo tempo tossindo de uma forma bem estranha. Tentei mexer com minha mãe para tentar acorda ela, mas quando não senti ninguém ao meu lado percebi o que estava acontecendo. Me levantei às pressas da cama, fui até o banheiro tentando não me bater nas coisas no escuro, enfim chego ao banheiro. Vi minha mãe jogada no chão se apoiando no vaso sanitário com a cabeça apontada para dentro do mesmo, ela estava vomitando.
-Mãe! Como a você está? -pergunto me abaixando ao seu lado e pondo a mão em seu ombro, como um gesto para tentar confortar ela.
-Eu estou bem Will, volte a dormir -diz ela usando o máximo de sua força para que suas palavras saiam da boca.
-Deixe de bobagem mãe, você acha que vou dormir e deixar você nesse estado?! -falo com um tom sério para que a mensagem seja entendida como clareza. Ela tentar falar algo mas volta a vomitar, assim que termina ponho minha mão em sua testa para checar sua temperatura: Meu Deus! Ela está pelando. Assim que parecia um pouco melhor, a ajudo a levantar e ponho ela em sua cama.
-espere aqui mãe, vou pegar um pouco de água -falo passando a mão em seu rosto. Ela dá um sorriso fraco para mim. A preocupação começa a tomar conta de meus pensamentos.
Vou até a cozinha, pego um copo de água e um remédio para diminuir a febre: será que ligo para o Henry? Mas é melhor não deixar ele preocupado. Pego tudo e me vou para o quarto.
-mãe, está aqui a sua água, também peguei um remédio para diminuir sua febre - falo me aproximando da cama. Ela está respirando pesadamente, não consegue se levantar pois está muito fraca, por isso lhe dou uma ajuda. Ela toma o remédio e volta a ficar deitada.
-Will, e melhor ir dormir, você tem aula amanhã, não se preocupe comigo -fala com uma voz fraca.
-Mãe, entenda, eu não vou parar de me preocupar -falo seriamente olha do em seus olhos -por favor mãe, não gaste forças falando, tente descansar -falo com uma voz calma enquanto cubro ela com o lençol. Ela volta a dormir. Ainda em pé ao seu lado na cama olho fixamente para relógio: Ainda são 3 da manhã, mas não vou dormir e deixar minha mãe assim. Enfim decido ficar acordado, fico indo e voltando da cozinha trocando os panos molhados com água levemente gelada, que uso para tentar diminuir a febre da minha mãe, passei praticamente todo o resto na noite fazendo isso. Quando me dei conta já estava amanhecendo e eu não tinha dormindo praticamente nada, não estava em condições de ir para aula e ainda não podia deixar minha mãe sozinha, sua febre já havia diminuído um pouco mas poderia voltar logo. Pego meu celular é ligo para Beatriz, ele chama por um tempo até que ela atende.
-alô, Bia?
-alô, oi Will.
-Bia, não vou poder ir para aula hoje.
-por que não? -pergunta ela gritando no telefone -Will pare de brincadeira e vem logo.
-não estou brincando, minha mãe está muito doente, não posso deixar ela aqui nesse estado -informei.
-ah tudo bem, mas acha que não é só você que vai faltar hoje, várias pessoas ainda não chegaram, se eu não me engano essas mesmas pessoas já estavam meio ruins ontem -diz ela.
-hum, será que é algum tipo de epidemia de gripe ou febre? -pergunto.
-não sei, mas espero que eu não pegue isso -diz ela.
-digo o mesmo.
-enfim, quanto acabar a aula vou dar uma passada aí, tudo bem para você? -pergunta Beatriz.
-tudo bem sim, sei que a mamãe vai adorar te ver.
-ta bom, até logo Will.
-até.
Desligo o telefone, e vou ao quarto de minha mãe para ver como ela está. Entro no quarto e me aproximo da cama, me abaixo ao seu lado, ela ainda respirava meio pesadamente.
-mãe como você es... -antes de terminar a minha frase sou interrompido pelo telefone da cozinha que começa a tocar. Vou até a cozinha e pego o telefone.
-alô, quem fala? -pergunto.
-Will, é o Henry -anuncia ele -como você é sua mãe estão? -pergunta ele, sua voz parecia apressada, como se ele estivesse atrasado para ir a algum lugar.
-eu estou bem, mas a mamãe está um pouco doente -digo.
-ah meu Deus! Tudo bem, será que posso falar com ela?! -pergunta, sua voz estava ficando com ainda mais pressa.
-pai, você está bem?! -pergunto preocupado. Ele não me responde.
-Will, vou ligar para o seu celular, entregue ele para sua mãe! -diz ele.
-ta bom, mas me conte o que está acontecendo! -peço a ele, como se fosse uma espécie de ordem.
-não temos tempo! Faça logo isso, explico tudo depois -ele desliga.
Ainda confuso pego meu celular e levo para minha mãe, no momento em que entro no quarto ouço o toque do meu celular, chego perto da minha mãe e lhe entrego o celular, ela se levanta relutante e o pega e coloca sobre o ouvido, ela fica calada por um instante ela ficou em silêncio apenas ouvindo o que Henry dizia, a única coisa que consegui ouvir eram os ruídos da voz de Henry. Minha mãe respirou bem fundo, sua face mostrava que o assunto era sério, estava com vontade de perguntar o que era mas antes que pudesse fazer qualquer coisa minha mãe quebrou o silêncio.
-Will -ela respira fundo novamente -sai por um minuto por favor.
Queria tanto perguntar o que estava acontecendo, olhei em seus olhos e vi que não havia nada que pudesse fazer. Sai do quarto. Fiquei do lado de fora da porta, com ouvido encostado na mesma para tentar ouvir a conversa, mas só consegui ouvir a voz da minha mãe.
-...eu entendo, como isso aconteceu...-forçava mais ainda o ouvido contra a porta para tentar entender.
-...o erro não foi só seu amor...
-...sim, estou doente...-não sei se são meus pensamentos me pregando peças, mas podia jurar que estava ouvindo o choro da minha mãe.
-...então é isso...mas o Will? Como ele fica?...não posso fazer isso...
Ela fica um tempo sem falar, cerca de dez minutos.
-tudo bem, vou estar esperando -ela desliga. Fico parado ali em frente à porta tentando entender o que acabará de acontecer: o que será que houve com o Henry, e como assim como eu fico? Do que eles estavam falando. Minha cabeça estava a mil, mas meus pensamentos são cortados pela voz da minha mãe.
-Will, já pode entrar, sei que está aí.
Abro a porta lentamente, é ando em sua direção. Ao chegar na cama sento ao seu lado.
-Mãe, você pode me dizer o que está acontecendo, o que Henry queria? E por que ele estava daquele jeito? -pergunto olhando em seus olhos. Ela respira fundo e começa a falar.
-Will, seu pai está com problemas no trabalho, não sei o que é direito mas aparenta ser muito sério, apenas isso -diz ela dando um sorriso para mim: ela está escondendo algo. Dava para perceber que faltava algo nessa explicação, então faço outra pergunta.
-Por que a você perguntou como eu iria ficar? E o que você vai ficar esperando -pergunto com uma voz pesada de preocupação. Ela percebe e novamente respira fundo antes de falar.
-Seu pai vai mandar um amigo para me buscar, já que estou doente ele achou melhor eu ficar lá com ele para não ocupar você demais, mas mesmo assim não queria deixar você sozinho aqui, por isso queria saber como você iria ficar -ela para de falar para recuperar o fôlego.
-Mas se ele está com problemas no trabalho, não seria melhor você ficar aqui?
-não sei Will, foi idéia do seu pai -ela tenta fugir do assunto. Tento fazer mais perguntas mas ela me corta antes de começar a falar.
-Meu filho me ajude a arrumar uma mala por favor, acho que tem uma no seu quarto, na parte de cima do deu guarda roupa -pede ela.
-tudo bem -concordo pois percebo que tentar descobrir mais não vai adiantar nada. Sai do quarto e me caminho até o meu: essa explicação não faz sentido, com ela doente o Henry devia deixar ela aqui, para que ela não o atrapalhasse no trabalho, por que ele quer levar ela? Não faz sentido!!!.

Chego ao meu quarto, pego a mala que estava em cima do guarda roupa, bato de leve nela para tirar um pouco a poeira, pois ela já estava ali fazia uns dez ou oito meses sem uso. Vou até o quarto da minha mãe.
-pode arrumar para mim Will, por favor.
-tudo bem -falo indo até seu closet para arrumar sua roupas dentro da mala. Minha mãe entra no banheiro e começa a tomar banho, enquanto arrumava suas roupas, vagava em meus pensamentos tentando achar alguma resposta coerente para o que estava acontecendo.
-Will, pode sair por um minuto, quero me trocar -diz ela saindo do banheiro enrolada em uma toalha. Deixo a mala no chão e saio do quarto, fico esperando escorado na parede ao lado da porta do quarto. Minha mãe abre a porta, e eu entro novamente para terminar de ajeitar a sua mala.
-pronto mãe, tudo certo.
-obrigada filho -ela diz me dando um sorriso, pega o seu celular e começa a ler uma mensagem que acabará de chegar -o amigo do seu pai já está aí na frente Will.
-Já!? Nossa que rapidez -falo surpreso -então vamos, vou ajudar você a ir até lá em baixo, está muito fraca para descer as escadas sozinha -digo pagando a mala que estava no chão.
Saímos do apartamento é começamos a descer as escadas, bem devagar por causa da dor no corpo que minha mãe estava sentindo. Chegamos na portaria e vimos um belo conversível parado em frete ao prédio com um homem escorado no lado de fora da porta do motorista. O homem era alto e moreno, usava óculos escuros, e um terno preto, com sapatos e uma calça da mesma cor, seu jeito de se vestir me lembrava um pouco o Henry. Quando saímos do prédio o homem olhou para minha mãe e tirou seus óculos escuros revelando seus olhos castanhos claros, ele se aproximou de minha mãe é lhe deu um abraço.
-Amber a quanto tempo -diz ele com um grade sorriso no rosto.
-Digo o mesmo Erick, como você está? -diz minha mãe retribuindo o sorriso.
-estou ótimo, mas você não parece muito bem, Henry me ligou para buscar você -diz o homem, ele olha para o lado e finalmente percebe que estou lá, sua face muda, como se estivesse surpreso.
-Meu Deus! Este é o pequeno Willian? -diz ele olhando para mim.
-é sim, ele cresceu bastante desde a última vez que você o viu -diz minha mãe sorriso para mim.
-certamente, olá Will -Erick fala estendo a mãe para me cumprimentar, o qual eu faço -a quanto tempo -diz ele.
-por acaso eu te conheço senhor? -pergunto confuso.
-não, eu acho que não -fala ele soltando a minha mão -quando eu te conheci você tinha apenas três anos, eu cuidava bastante de você quando seus pais saiam até que eu me mudei e ficou mais difícil para vir a cidade -diz ele sorrindo para mim, o qual eu retribui.
-desculpa Sr. Erick, não o reconheci -falo passando a mão na cabeça com um torto na cara.
-que isso Willian, não precisa se desculpar, e por favor me chame de Erick apenas -diz ele.
Erick se volta para minha mãe.
-por que estava na cidade Erick? -pergunta ela.
-estava resolvendo algumas coisas do trabalho, como vou ao aeroporto para ir até Washington para ir até o Laboratório Henry me ligou, me contou que estava doente e pediu para que eu a levasse -explica Erick.
-entendo -diz minha mãe.
Erick olha para o relógio e diz que eles já tem quer ir, pois se não perderiam o vôo. Ele entra no carro e coloca a mala de minha mãe no banco de trás.
-Meu filho, não vá fazer nenhuma besteira, cuide da casa, não esqueça de tomar banho e comer direito -diz ela me puxando para dar uma abraço forte.
-tudo bem mãe, vou tomar banho -falo rindo, ela também da uma risada leve -vou cuidar da casa, prometo, se cuida, me ligue assim que chegar lá -falo a envolvendo em um abraço forte. Ficamos uns dois minutos abraçados.
-já tenho que ir filho -diz ela -eu te amo meu pequeno Will -diz tocando gentilmente meu rosto e me dando um beijo na testa.
-também te amo mãe, até logo -digo.
Ela entra no carro e acena para mim, Erick também acena, dou um sorriso é faço o mesmo que eles, Erick da a partida no carro e pisa no acelerador. Fico um tempo parado na calçada vendo o carro ir embora, quando ele enfim desaparece entro no prédio.

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⏰ Última atualização: Oct 25, 2019 ⏰

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