Hisashi Midoriya não foi algo planejado.
Ele foi um deslize, algo inesperado e quase inocente. Uma curiosidade que tomou proporções inesperadas.
Algo que, em sua vida longa, se tornaria passageiro. Apenas uma lembrança que reviveria com certo sentimento agridoce.
Havia muitas coisas as quais ele considerava antes disso: o mal justificável, o inevitável, por exemplo.
Pai não era uma delas.
Ele não se enganou em pensar que seria um bom pai. Negligência foi o menor dos seus crimes. Negligência foi, ele ousava falar, a sua atitude boa diante da situação.
Talvez, seu crime maior foi o mesmo que levou seu irmão para longe: excesso de zelo.
Ainda assim, durante os 2 anos em que foi Hisashi Midoriya, ele quase se deixou enganar pela normalidade. Ele queria experimentar o que seu irmão teve anos atrás.
O resultado, a vulnerabilidade, foi algo que deixou um gosto amargo na boca.
Foi com alívio que ele os deixou para trás, mas agora, vendo seu rosto em outra pessoa, ele revivia aquela sensação, como se tudo tivesse sido apenas um sonho distante. Memórias fantasmas de alguém o seguindo pela casa, de mãos pequenas agarradas em seu rosto e de, finalmente, ter o mundo na palma das mãos.
Izuku Midoriya não tinha ideia de muitas coisas. Ele não sabia, por exemplo, que havia nascido com uma quirk e a manifestado mais cedo que a maioria. Não tinha como ele lembrar daquela ocasião, uma manhã fria em que havia acidentalmente roubado uma das quirks do seu pai.
O fruto não havia caído longe da árvore, como sempre.
Ele não teria como saber em como aquele foi cataclisma, nos exatos 36 minutos em que seu pai ponderou a situação. Como no final sua decisão pesou entre ter um sucessor ou o que considerava a decisão mais altruísta que já teve, apagar sua existência da vida dele. Dos dois.
Uma quirk que roubava quirks em uma criança, não seria difícil fazer uma ligação sobre a genealogia envolvida. Depois de anos e anos em seu perfeito planejamento, era aquilo que o derrubaria. E ele não cairia sozinho dessa vez.
Naquele mesmo dia ele pegou a quirk do seu filho, alterou as memórias da sua família e se tornou apenas uma voz durante ligações. Dois anos depois ele enviaria o médico que daria o diagnóstico que Izuku era quirkless e não sentiria nenhuma culpa por isso.
Izuku viveria no ostracismo, mas viveria. Diante da vontade, mesmo naquela época, que ele tinha de ser um herói, a decisão se tornava ainda mais certa. O destino como seu filho era obscuro, o destino como um herói era a morte.
Sim, negligência não foi seu crime. Foi seu presente. Foi a única atitude decente que já teve.
E ainda assim, o karma é algo imperdoável, e suas decisões acabaram jogando quem mais queria fora disso no olho do furacão e no lado oposto da arena.
Seu irmão deveria estar rindo de sua situação do outro lado, sem dúvidas.
Hisashi Midoriya não havia sido planejado, mas ele foi o desvio imprevisível que gerou tudo o que viria depois.
Izuku era o tufão que abalaria tudo.
"Você pode correr e correr, mas o destino sempre alcança do mesmo jeito."
Desde o começo, afinal, aquilo havia sido um problema de família.
YOU ARE READING
Genealogia
FanfictionGenealogia substantivo feminino 1. estudo que tem por objeto estabelecer a origem de um indivíduo ou de uma família. Ou você morre como herói ou vive o bastante para se tornar o vilão. [Spin off de 'Comprou os cigarros?']