Coisas cruéis, irônicas e um pouco patéticas

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 Era absolutamente cruel e talvez irônico que Phillip, dentre tantos outros anjos mais velhos que existiam no Céu, tivesse sido escolhido para ser o anjo da guarda de uma cidade inteira.

Aquele tipo de coisa existia quando um território na Terra não tinha muitos habitantes, era completamente comum que um anjo vivesse na pele de um humano para garantir o bem de uma pequena comunidade.

A parte irônica e cruel de toda essa história era que aquela cidade pequena para qual foi designado era South Park.

Phillip era um anjo jovem e pouco experiente quando acabou se tornando o guardião da cidade que mais causava problemas no mundo inteiro. As pessoas deliberadamente se colocavam em perigo naquele lugar, eram histéricas pelos motivos errados e a razão não parecia algo aplicável aos habitantes de South Park.

As crianças em especial se colocavam em diversas situações que Phillip se via obrigado a discretamente interferir, mesmo que nunca tivesse conseguido salvar a vida de Kenny McCormick e aquilo fosse uma pequena frustração pessoal sua.

Mas havia uma outra questão externa que dificultava a sua missão.

Sem nenhum motivo aparente, todos em South Park decidiram não gostavam muito de Pip – as crianças falavam com mais clareza sobre ódio, elas também criaram aquele terrível apelido que acabou ficando.

O anjo não tinha ressentimentos quanto a isso, na criação que teve esse sentimento não era nem mesmo para existir. Phillip conseguia lidar muito bem com todo o ódio apenas sorrindo e sendo educado, afinal, nada daquilo realmente importava enquanto pudesse cumprir o seu propósito.

Sempre sentiu-se seguro o suficiente sobre a sua razão em South Park e nunca questionou os motivos que levaram Deus a lhe mandar para um local pessoalmente tão desagradável...

Até que ele apareceu na cidade.

O anticristo.

Primeiro Phillip temeu a ideia da figura apocalíptica estar na cidade que foi designado a proteger, mas logo entendeu que precisava engolir esse medo. Queira os seus amigos perto e os seus inimigos mais ainda, mesmo que aquele ditado não se aplicasse muito bem ao loiro já que ele não tinha amigos, a ideia ainda era a mesma.

Aproximou-se do filho do mal para garantir que ele não faria mal a ninguém, principalmente após daquela explosão de raiva que lançou a mesa de Eric Cartman pelos ares depois de uma pequena provocação.

Sabia que só poderia realmente pará-lo se usasse os seus poderes, mas no fundo ainda havia aquele medo do que o anticristo faria se visse havia um anjo no mesmo ambiente que ele.

Sentou na mesma mesa dele no intervalo e apresentou-se, mas, previsivelmente, ele preferiu lhe chamar de Pip. Não esperava nada de diferente do filho de Satanás e ficou absolutamente frustrado quando não pode impedi-lo de fazer mais confusão na cantina e transformar o pobre McCormick em um ornitorrinco, mas ao menos salvou algumas crianças de serem mortas acidentalmente.

No intervalo acompanhou o anticristo e viu ele queimar todos os brinquedos do parquinho e tentar fazer o mesmo com algumas crianças. Se não fosse a aura infernal, ele se pareceria muito apenas com um garoto frustrado por não conseguir fazer amigos.

Phillip não reparou na primeira vez que sentiu empatia pelo filho do mal.

Aconselhou ele a falar com o conselheiro da escola e pareceu fazer efeito quando viu ele se aproximar de Eric Cartman para pedir desculpas, mas o garoto gordinho só era bastante desagradável e às desculpas não foram aceitas.

Jeitos não convencionais de um anjo cairOnde histórias criam vida. Descubra agora