III :: INJUSTIÇA (Wooyoung ver.)

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   Anda-te, Wooyoung! Tens que sair desta caso nessa noite, só hoje! Vai ficar tudo bem, seus amigos vão estar lá, eles gostam de você. Você consegue!, Wooyoung finalmente convence a si mesmo a sair por aquela porta.

   Bate forte, no piso laminado de madeira em uma tentativa de inibir o medo — ou afastá-lo por um momento. Inspira, expira, inspira, expira — ele repete para si diversas vezes para manter a calma. Põe seu pulôver, guarda seu celular em um de seus bolsos, pega as chaves da porta e carro. Finalmente!
  Wooyoung, embora que ainda esteja sendo atormentado por seu pesadelo passado da vida real, tenta todos os dias controlar sua terrível ansiedade e mundo a fora. Sempre é assim… Ou, bem, sua rotina tornou-se desta maneira após ser vítima de algo que ele descartou que jamais pudesse acontecer consigo. Vida injusta...
   Lentamente, ele toca a maçaneta e sensações de calafrio invade-o, mas continua a girá-la. A porta foi aberta, ele observa a rua e paralisa por um momento. Todas as vezes que tem de sair, recorda-se do que passou há 3 meses atrás.
   Foram 3 meses de isolamento, lamentável: 2 semanas em estado grave; 1 semana em coma; mais 3 semanas em reabilitação física e mental — totalizando 1 mês sob cuidados médicos e mercê de clínicas, e enfim, sua residência.
   Após 2 meses sem por um fio de cabelo para fora de sua casa e, por conseguinte, sem conseguir falar — os médicos disseram que tamanha maldade acercou-lhe um trauma e fratura na laringe, quebrando suas duas pregas vocais — a mancha visível em seu pescoço evidencia a fratura.
    Nesse ínterim, teve de ouvir ser denominado de “mentalmente desorientado”, mas é que ninguém entendia o que ele sentiu, e nem o quanto que ele lutava todos os dias para ter sua vida — agora destruída — de volta. Para ele, não é tão fácil assim retomar a rotina como se nada tivesse acontecido e saber que há possibilidade de tudo voltar a acontecer, desta vez, perder a vida para sempre, o deixa espantado.
   Apenas os amigos de Wooyoung tentava entendê-lo, embora não conseguisse liberar nenhuma única palavra audível. Então decidiu simplesmente não falar mais, pois sua voz sempre saia como sussurro, rouca ou simplesmente não vinha.
   Este é o 4° mês dele, ao qual decidiu que seria diferente, e ele está lidando bem, considerando o fato de que é taxado como alguém desorientado. É claro que em boa parte do tempo suas crises de pânico tomam conta de si e as lembranças do pesadelo em vida real atormentava-o, mas ele estava lidando bem.
  Com passos lentos, ele sai de sua residência, tranca-a e entra no carro — um hyundai elantra.

  As ruas de Incheon, apesar de ser noite, estão movimentadas em demasiado. O destino dele é Seul, onde combinara com seus amigos: Mingi, Hongjoong e Yeonjun, para uma passeio no bairro ‘ostentação de Seul — Gangnam.
  Tudo ao redor fazia- o sentir que é uma noite tranquila; as estrelas enfeitando o céu, a lua iluminando as ruas escuras, as lâmpadas amareladas sob as lojas dando-lhes um toque chique, o clima frio… Um cenário bonito e chamativo, afinal. Pobre humanidade!
   O mundo é, sem dúvidas, lindo, senão fosse trágico. Por trás de tanta beleza carrega marcas de maldade, disfarçadamente ou, visível, mas que a humanidade finge não ver. Mal sabia Wooyoung que, embora o cenário esteja em júbilo, ali, próximo a seu destino, vidas eram maltratadas  — na verdade, em toda a região.
   Ele estivera desligado do mundo a fora: nenhuma ato de se informar, nenhum movimento, apenas ele e o seu quarto. Sozinho. Se ao menos ele tivesse ligado a TV poderia saber o que tanto vem causando problema, se ao menos… E o trio de amigos dele também não citaram nada a respeito, e por que fariam afinal? Wooyoung estava — e está — ainda traumatizado. Eles não queriam fazê-lo piorar seu estado de vergonha, medo, rancor e ansiedade.
   Jung para seu carro quando o sinal vermelho é acionado. O celular vibra com uma mensagem desconhecida, ele o pega e lê. Entorpece de imediato. Lembranças tomam conta de si, e deseja chorar, sair correndo dali e esquecer tudo e todos. Mas, uma vida, certamente está agonizando neste momento, pedindo por ajuda a quem quer que esteja disposto a ajudar. Ele desperta de seu transe num segundo, após captar os sons frenéticos de buzinas.
  Ir ou não ir?, questiona mentalmente, trêmulo e tenso demais para pensar em possíveis consequências para si. A mensagem dava-lhe o endereço e, por que não?...
  Ir — declarou por fim. — Hongjoong hyung recebeu mensagem semelhante… Os médicos me disseram que fui caso de milagre, se tivesse passado mais tempo, poderia estar morto.
  Bem, os amigos de Wooyoung podem esperar, certo? Embora que já encontram-se afoitos demais com a demora do amigo.

   Wooyoung não saberia dizer se aquele local era algum tipo de subúrbio escondido de Seul… É um evidente breu, longe de qualquer iluminação, desértico, o calçamento dependente, cheio de buracos, as pequenas residências pareciam abandonadas, muros estavam a beira do desabamento, até mesmo o céu tornou-se diferente: poucas estrelas, a lua também se escondera — certamente não aguentou visualizar tanta falta de humanidade lá de cima.
   O coração de Jung pulsa em ansiedade, em busca de encontrar o desconhecido ao qual fora induzido a vir em busca de ajudá-lo, de alguma maneira. Sentimentos agonizantes invadem suas entranhas a cada passo que dava vasculhando brechas, becos, com necessidade encontrá-lo.
   Uma energia negativa corrói por Wooyoung, algo lhe dizia que aquele lugar era-lhe familiar da pior maneira, mas por quê? Lágrimas queriam livrar-se, mas ele não as deixa, de forma alguma! Manter a calma, fique calmo — repete para si.  
   Ao chegar numa parte sem saída, prontamente identificou marcas recentes de pneus de um carro, e um muro, no final dela, algo negro luzia no chão, soltando baixos gemidos — o corpo tremeu inteiro.
    Devagarinho, aproximou-se, e ao conseguir ver nítido, um corpo. Assombrou-se com tamanha violência ao qual o ser fora designado e deixado. As lágrimas quiseram livrar-se de seus olhos novamente, desta vez, Jung as deixou cair. São lágrimas de ódio, raiva, ressentimento, solidariedade, empatia, tristeza — mista de sentimentos.
   O sangue que escorre pelos os machucados da vítima faz Wooyoung sentir ânsia por aqueles que provocaram o mal. Ele quis gritar, mas sua voz já não o pertencia. Jung entende bem o estado deplorável e de medo ao qual o outro encontra-se. A vítima está com os olhos fechados, de maneira bruta, formando rugas, ocasionadas por medo. Era como se o garoto apenas estivesse esperando por mais surra. As costelas de outrem arqueiam de dor, um grunhido estridente é liberado, depois, vomita sangue.
    Ao presenciar tal terrível cena, lentamente, agacha-se ao lado do garoto. Mesmo em um estado de choque em si e vendo o outro tremer de uma angústia ao qual pôde sentir, acariciou as partes que não foram negligenciadas do rosto mutilado do outro.

 

8번 :: VIVER¡! woosan fic.Onde histórias criam vida. Descubra agora