Momento de Dor

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Caros leitores peço-lhes que leiam o capítulo com a música deixada a cima.

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Corri para o corpo de Heloise que estava caído no chão, a segurei em meus braços, enquanto minhas lágrimas caiam no rosto pálido dela, e o sangue dela manchava nossas peles e nossas roupas.

Não tinha mais nenhum vestígio de vida em Heloise, seu coração não pulsava mais, ela não estava mais respirando, o meu anjo da guarda havia me deixado, me abandonado nesse mundo vasto.

Eu não podia continuar ali, eu havia dito a Heloise que resolveria isso pra nós dois. Não foi possível concertar as coisas, mas eu precisava arrumar toda essa bagunça.

Levei o corpo de Heloise e coloquei no banco traseiro do carro, cobri o rosto dela com a minha jaqueta, fechei a porta do carro, abri o porta-malas e tirei uma pá que eu havia colocado dentro dele ao sair de casa.

Caminhei até aquele lugar, cavei uma cova grande e fundo, joguei o corpo dele dentro do buraco e joguei a à terra em cima até tapar a cova, peguei a pá e faca que ele usou para matar Heloise e coloquei dentro do porta-malas do carro.

Em poucas horas iria amanhecer, dirigi até a mansão, entrei e subi as escadas, peguei o vestido vermelho que eu havia comprado para Heloise para ir ao concerto, peguei uma bota de salto e jaqueta de couro negro dela e coloquei junto com algumas roupas minhas dentro de uma mala.

Tirei a camisa suja de sangue que eu estava vestido e coloquei junto com a mala com minhas roupas no porta-malas do carro, e coloquei uma camisa limpa e entrei no carro.

Dirigi por milhas, mesmo estando com sono, eu não poderia parar em lugar algum para descansar, se alguem olhasse o corpo de Heloise morto no banco traseiro do meu carro iria acabar com meus planos.

Viajei de carro até a casa que minha mãe havia deixado para mim em Londres, tirei a pá de dentro do carro caminhei até uma cerejeira que tinha no jardim e cavei bem fundo.

Tirei a roupa suja de sangue de Heloise, limpei todo o corpo dela, e coloquei o vestido vermelho, a jaqueta de couro negro e calcei ela com o par de botas, levei o corpo dela até a cova que fiz perto do pé de cerejeira e coloquei o corpo dela cuidadosamente.

- Agora eu sou homem. - eu fiz uma pausa. - Você me tornou neste homem que sou agora, e eu estou por conta própria. - eu disse ajoelhando-me de frente para o corpo sem vida dela.

Eu estou tão envergonhado, nós quebramos o coração um do outro, Heloise roubou meu orgulho e tudo que ela me deixou foram as nossas lembranças, e não quero que ninguém esteja no meu lugar, vendo o meu rosto envergonhado.

- Heloise, agora você pode viver sem mim. - eu fiz uma pausa. - Você está em um lugar onde minha escuridão não pode te corromper.

Eu irei viver com fotos na parede, e de repente, Heloise se tornou tudo sobre mim, tudo para mim. Sempre que eu precisei dela, ela estava lá para mim.

Eu só quero perdoar a mim mesmo, e esquecer tudo de ruim que fiz com voce, porque não consigo e não simplesmente seguir em frente deste lugar sem amá-la e odiar a mim mesmo.

- Não sei a que lugar pertencer, Heloise. - eu fiz uma pausa. - Me perdoe por tudo.

Peguei a pá, comecei a jogar a terra por cima do corpo dela, enquanto as lágrimas insistiam em escorreu pelo meu rosto inconstantemente.

Eu sei que nunca tive as melhores intenções, todos sabem, e isso verídico, mas eu estou apenas tentando encontrar as palavras certas para dizer. Eu já aprendi minha lição, mas agora eu estou tão cansado, sentado aqui olhando para onde enterrei ela, e eu sei que de onde Heloise está, ela está dizendo "apenas seja paciente".

Sempre vai continuar, mesmo que passe anos, a dor de agora vai existir sempre. Às vezes, eu quero desistir, às vezes, eu sinto vontade de morrer, e foda-se se isso não é bom para mim.

Às vezes, tudo o que eu quero é parar de tentar, parar de lutar. Eu não quero ouvir bons conselhos, ou razões para não desistir de viver, porque meu anjo do sol se foi, e meus pés estão afundando na escuridão que eu criei.

Eu ainda lembro do dia em ela pisou na mansão, na forma como ela me olhava de canto de olho, quando ela me esperava voltar para casa. Agora essas lembranças estão começando a me assombrar e me levar a total desespero.

Nada e nem ninguém nunca vai mudar o que eu fiz com as nossas vidas, se existe alguém que tem que ser crucificado, que devería estar morto, esse alguém sou eu.

Mas eu não quero que Heloise me olhe com pena, ninguém nunca iria entender o quanto eu amava a presença dela, assim como eu entendo.

Quando eu cair no inferno, eu não quero que alguém tente me puxar de volta para a superfície. Ninguém vai saber da verdade, eu não voltarei para Helston. Nós somos os fantasmas que irão continuar na mente vagas deles, nas lembranças boas e ruins que foram empoeiradas pelo tempo e cobertas por teias de aranha, porque não estaremos mais presentes na vida deles como costumávamos estar.

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Capítulo pequeno, mas foi como eu disse meus amores, reta final do livro, capítulos finais de Sussurros da Noite, mas eu quero que vocês me acompanhem nas outras outras e peço-lhes que votem e comentem, assim manteremos a essência desta obra viva em todos nós.
Eu sou grata por vocês me acompanharem nessa jornada, nessas histórias de cortar o coração, mas eu sou grata porque são os votos e comentários de vocês que me ajudam a dar vida aos personagens.

982 palavras

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