Meu Pedacinho de Céu

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Memórias de Christian

Eu estava afundando, foi como eu me senti, o peso do mundo sobre meus ombros.

Eu estava a caminho de casa quando senti o vento cortante na minha pele, e dos portões da mansão, eu pude ver aquela silhueta na janela me observando.

Ela sempre esperava meu retorno à mansão.

Mas e se ela nunca tivesse sorrido pra mim?

E se eu também não tivesse notado ela?

E se o tempo não tivesse parado quando ela cruzou a porta da frente da mansão com os olhos cheios de esperança?

Talvez Heloise e eu estivéssemos predestinados a nos encontrar, e cair num lampejo de pecado e escuridão.

Não poderia passar desta noite, eu precisava dela mais do que nunca, e eu nunca quis nada tanto antes.

Passei pelos portões, entrei na mansão, liguei o chuveiro e entrei debaixo dele para livrar-me de todo aquele sangue inocente, de toda aquela sensação que estava pesando na minha cabeça.

Eu estava sentado no parapeito da janela quando a porta do meu quarto abriu, e lá estava ela, em pé me observando.

Caminhei até ela, a puxei para perto de mim e tranquei a porta do quarto. Segurando a mão dela, a conduzi até o pequeno sofá, sentei no sofá e ela sentou no meu colo.

Enquanto eu beijava Heloise e minhas mãos passeavam pelo corpo dela, eu abri meus olhos e vi um mundo inteiro, um pedaço do céu nos olhos dela.

Eu não podia mais esperar, eu não tinha mais forças para ficar longe dela, então, nos jogamos na fina seda branca junto com intensidade do desejo que nos consumia naquele momento.

À noite juntamente com o silencio cobria a mansão por completa contemplava aquele pecado que só me causava vertigem, e por um momento de nossas vidas, esquecemos que eramos irmãos, por um instante, Heloise me levou ao paraíso.

Nos amamos perdidamente na bruma da noite fria, enquanto eu sentia cada célula do corpo de Heloise entrar colapso a cada movimento meu dentro dela.

Naquela noite escura e fria, eu dei a Heloise tudo de mim e o puro e desejado pecado que leva qualquer anjo a cair.

Sentir os toques de dela sob a minha pele era um sonho, enquanto os beijos e caricias se intensificaram, a respiração de Heloise me levava a santidade, a santidade mais bela que eu já havia visto e sentido. Por um momento eu conquistei um breve instante no paraíso, já que eu estava condenado ao inferno.

Quando nossos corpos se acalmaram, Heloise olhou me olhou com ternura, enquanto eu cobria nossos corpos nus com o cobertor de seda. Aquela cena era o nosso perfeito retrato imperfeito.

- O que foi? - sussurrei tentando compreender.

- Sinto algo... Algo diferente. - ela respondeu.

Heloise queria me dizer alguma coisa, algo que parecia doer em seu coração.

- Christian. - ela sussurrou, enquanto lágrimas se formavam em seus olhos. - E... eu... eu te amo. - concluiu.

Eu fiquei estupefato com o que acabei de ouvir. Como ela poderia me amar? Ah se ela soubesse tudo o que eu já fiz...

- Heloise. - eu disse enquanto levava a mão à minha testa. - Eu espero que este amor, seja um amor de irmão, eu... eu não sei o que é amar. - concluiu.

Eu enxuguei uma lágrima dela com o polegar.

Sim, isto dói adequadamente tanto em mim quanto nela. Nunca poderíamos ser um casal, não quando compartilhamos o mesmo sangue, eu não posso corresponder os sentimentos dela como ela deseja. Mesmo que quiséssemos, nunca iriamos mudar os nossos destinos.

- É melhor não pensarmos nisso. - eu disse beijando-a. - Só irá nos trazer dor se começarmos a pensar no fato de... Você sabe. - concluiu.

Nós nos beijamos mais uma vez. Conversar sobre tudo nos machucava, e naquele momento ninguém poderia nos tirar daquelas quatro paredes de um quarto escuro e contaminado com a nossa imoralidade.

Mas lá estávamos nós, agora que Heloise estava em meus braços, eu sentia que poderia dormir tranquilamente pela primeira vez na vida.

Ela havia se tornado num jardim, o mais belo jardim, o único jardim pelo qual eu queria e poderia passear sem pensar em problemas e consequências. Heloise era minha calma... minha droga... minha doença... minha fraqueza.

Eu senti um tipo de dor que nunca dói, mas que não é bom. O momento mágico se foi, as consequências iriam bater na minha porta, e na manhã seguinte, quando o sol nascesse, o mundo estaria de luto.

Memórias de Heloise

Eu me lembro quando eu vi Christian pela primeira vez, eu não queria me apaixonar, meu corpo todo tremeu só de ver o quão lindo ele é.

E quando ele me beijou, eu pude escutar todas as canções destinadas às sereias que se perdiam no mar, e eu já sabia que desde que o conheci, eu já estava apaixonada.

Mas tinha uma coisa que eu sabia que Christian estava escondendo de mim, mas não só ele, o nosso pai também.

Ele nunca me aceitou como filha?

E Christian sempre recusou como parte da família?

Se eu estava sendo renegada por que estou morando aqui?

Por que Christian mudou comigo?

Aconteceu alguma coisa envolvendo a minha mãe para eu ter de me mudar para cá, alguma coisa além do parentesco.

Quando amanheceu, e eu abri meus olhos, percebi o quão belo Christian era dormindo. Mas foi questão de segundos para ver o que nós havíamos feito, tentei manter a calma enquanto juntava minha roupas do chão.

Não quis tomar café, eu apenas banhei e me arrumei para ir para escola. Todo o percurso me fez lembrar da noite passada e eu sentia minha alma escurecendo a cada detalhe que surgia na minha mente.


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