Tudo pela DJ

Happy B'day

A vida de DJ não era baseada em drogas e dormir com um cara diferente a cada noite como meu pai e muitas pessoas pensavam, as vezes poderia acontecer de rolar um beijo ou outro com algum carinha bonito e em raras noites dormir com algum que tirasse a sorte no dia e me despertasse interesse suficiente para passarmos disso, mas eu poderia colocar a cabeça no travesseiro e dormir tranquila sabendo que eu sabia meus limites e respeitava minhas vontades e desejos, ligando o foda-se para o que sabiam de mim ou não. Depois de algum tempo me acostumei aos olhares de desaprovação que Joseph, meu pai, me lançava a cada vez que eu avisava que está saindo para tocar em algum lugar da cidade, ou até fora dela.
Coloquei um cigarro entre os lábios pintados de vermelho e o acendi antes de entrar no carro, seguindo rumo a famosa Vênus, uma boate localizada na parte alta e movimentada da cidade, já havia tocado ali antes.
Tinham me ligado a um mês atrás, me contratando e me dando alguns detalhes necessários como o gosto musical dos contratantes, uma bandinha que queria comemorar o aniversário de um dos membros, e outros desnecessários ao meu ponto de vista até o momento, como saber que todos, no total de quatro, eram solteiros, como se eu fosse querer ver meu nome nas manchetes das revistas com o título de chupa fama e a pior foto que pudessem achar de mim em baixo, eu queria sim meu nome nas revistas, mas não por isso.
Joguei o cigarro pela janela e aumentei o volume do som, parei em um semáforo e batuquei as mãos no volante enquanto cantava Applause junto a Lady Gaga, ri so ver que alguns garotos em um carro parado ao lado do meu batiam palmas, pisquei e joguei um beijo no ar quando o sinal verde se abriu e acelerei rumo ao meu destino.
Estacionei na rua de trás e entrei pela porta dos fundos, onde algumas pessoas já me esperavam, conversei com Madson, uma amiga que me ajudava e a qual eu pagava com algumas entradas vips na festa que ela escolhesse, uma vantagem que eu poderia oferecer. Depois de pegar uma garrafinha d'água e tirar a jaqueta que eu usava, me dirigi ao palco onde o equipamento estava montado. Cumprimentei as pessoas que estavam ali com palavras que as deixaram mais animadas, como qualquer DJ faria e fui para trás da mesa de som mexendo nas batidas do lauchpad.
Meu maior prazer era ver a sensação de satisfação por uma música boa estampada nos rostos e movimentos das pessoas que se encontravam na pista, ali, olhando tudo do alto, eu tinha certeza que era aquilo que eu queria para o resto da minha vida. Continuei tocando até que Madson viesse me avisar que o aniversariante havia chegado, diminui a música e liguei o microfone, tirei os fones do ouvido e fui mais a frente do palco, ouvindo protestos por ter diminuído o som.
- Calma galera, eu só quero anunciar, que a pessoa mais esperada dessa noite chegou, quero ouvir muito barulho para o nosso aniversariante Michael Clifford! - Coloquei o dedo polegar e o indicador na boca e assoviei, ri ao ver que Michael e os outros três que subiam no palco com ele eram os caras do sinaleiro, entreguei o microfone a ele e desci do palco aproveitando os minutos de agradecimento do garoto para pegar uma bebida, afinal, a noite só estava começando, pedi uma garrafa de cerveja ao barmen e voltei a mesa de som. Enquanto os companheiros de Michael diziam o quanto ele era um ótimo amigo tive a oportunidade de reparar melhor neles, o que estava falando tinha os cabelos loiros compridos e meio lisos, barba por fazer e olhos extremamente azuis, ao seu lado direito estava um rapaz mais baixo que o primeiro, moreno e de braços fortes, com algumas tatuagens por eles, ao seu lado esquerdo o outro garoto tinha os cabelos numa espécie de topete, com fios meio castanhos e ondulados, e covinhas que furavam suas bochechas quando sorria, e por último o aniversariante, com os cabelos loiros mesmo visíveis com o boné preto, a pele branca contrastando com as roupas escuras, o que sendo sincera, ficou muito bem nele, uma tatuagem que pude reconhecer ser de Final Fantasy, alguém gostava bastante de vídeo games, e por fim os olhos verdes que pareceram penetrar minha alma quando me devolveu o microfone, sorrindo de lado com os lábios vermelhos e muito mais do que convidativos, levantei minha garrafa de cerveja a ele que assentiu saindo. Depois que Michael desceu do palco chamei Madson enquanto voltava a tocar.
- Mad, avisei ao garoto e aos amigos dele que a primeira rodada de bebida é por minha conta. Lancei um sorriso malicioso para a garota ruiva que me ouvia atentamente e ela riu.
- Essa bebida vai custar tão caro, mulher, quem não vale nada vale mais que você!
- Qual é, é só um presente de aniversário. Nós rimos e me voltei totalmente ao meu trabalho, colocando os fones no ouvido de volta.