Capítulo 5

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Acordo com um guarda me sacudindo.

- Vossa Alteza, acorde. Precisamos sair daqui imediatamente - diz o guarda pegando o meu roupão e me ajudando a levantar.

- O que aconteceu? - pergunto calçando os sapatos.

Eu já sabia que seria um ataque rebelde, mesmo assim pergunto. Isso tem ocorrido frequentemente, principalmente agora que A Seleção começou, vão vir mais pela frente. Eles não são muito a favor disso tudo.

- É um ataque rebelde. Desta vez são os nortistas - diz ele.

Fico mais calma e dou um suspiro, mas ainda continuo preocupada. Nós saímos do quarto e começamos a correr em direção ao abrigo. Passo por uma porta secreta e desço as escadas. Chego no abrigo e vejo os meus pais e alguns dos selecionados.

- Você está bem, minha filha? - pergunta o meu pai checando se eu estou com algum ferimento.

Respondo que estou sim e me sento em uma cama. Eu estava exausta, não havia dormido bem na última semana, mas eu não podia dormir. Eu preciso ir falar com os selecionados. Dizer que estava tudo bem e que logo tudo seria solucionado. Eu apago. Sou uma péssima princesa.

Acordo ainda de madrugada e olho em volta, todos estavam dormindo. Apenas dois guardas perto da porta conversando baixinho estavam acordados. Me levanto para procurar algo para beber. Minha garganta estava seca e a minha barriga roncava, eu só tinha comido aqueles doces antes da cerimônia na noite passada. Um guarda se aproxima de mim.

- Precisa de algo, Vossa Alteza? - pergunta ele.

- É... eu só estou com um pouco de sede. Pode deixar que eu me viro, obrigada soldado... - leio o seu crachá com o nome e prossigo - ...Ovard - sorrio.

Ele concorda e volta para a sua posição. Encontro um depósito e pego uma garrafa da água e uma maçã. Como sem fazer muito barulho. Não sei que horas são, e nem a quanto tempo estamos ali. Provavelmente o sol já está para nascer e em algumas horas seríamos liberados para sair.

Sem que eu note, um selecionado chega por trás.

- Bom dia, Vossa Alteza. Ou boa noite?! Que seja - o garoto faz uma reverência. – Olá.

- Olá. Quer um pouco? - ofereço a minha água.

Ele pensa por um segundo, mas recusa.

- Então me faça companhia, não tenha medo - rio.

- Está bem! - ele se senta. - Se não for inconveniente, eu gostaria de saber o que está acontecendo. Por que estamos aqui? – ele está assustado.

Tomo um gole da água e penso em como explicar tudo isso.

- Estamos passando por um tempo difícil. Isso é um ataque rebelde. Eles não estão muito felizes com A Seleção – tento explicar bem superficialmente.

Ele franze a testa e faz uma cara pensativa.

- E tem muito deles? - Ele pergunta. – Digo, dos rebeldes.

- Não sei exatamente, mas sei que são dois grupos. Os sulistas e os nortistas. Muitos são anônimos.

Ele parece estar interessado. Normalmente, as pessoas ficam assustadas ou furiosas, mas ele não. Ele queria saber mais.

- E qual a diferença entre os sulistas e os nortistas? Apenas a região de onde eles vêm?

- Bom, senhor Bennett, não acho que agora seja o momento ideal para discutirmos isso. Por enquanto, eu só posso lhe dizer, muito superficialmente, que os nortistas são muito mais pacíficos que os sulistas.

- Ah - Bennett abaixa a cabeça. - E hoje são os?

- Nortistas.

Ele suspira aliviado, sorri e se levanta.

- Obrigado pela explicação, Vossa Alteza - ele se curva em uma reverência - Se me der licença, eu acho que é melhor eu descansar mais um pouco.

- Claro, pode ir. Hoje será um longo dia - digo e também volto para minha cama.

***

- Não acredito que você fez isso! – Caio em uma gargalhada. - Espero que ninguém tenha te visto.

Eu estava com a Michelle em meu quarto.

- Claro que ninguém viu! Quando alguém que não deveria estar ficando com um guarda está ficando com um guarda, elas fazem isso em um local que ninguém desconfiaria.

- Eu sei. Mas nunca se sabe, né! Vai que alguém estava lá e vocês não perceberam, ou estava de passagem e notou uma movimentação estranha...

- Você acha que nós estávamos no meio do corredor, atrás de alguma cortina ou algo assim? – Dessa vez quem gargalha é ela.

- Não! Não sei. Que seja – respondo na defensiva. – Mas o que eu quero saber é: como foi? Valeu a aventura? - pergunto com a cabeça apoiada em minhas mãos, curiosa.

- Foi incrível, Sky. Aquele guarda faz umas coisas que meu deus do céu - diz ela brincando com as pontas do cabelo e sonhando com o tal guarda.

Acho graça de sua expressão. Jogo uma almofada nela e falo.

- Ei, Mi! Planeta terra chamado... - balanço a mão em frente ao rosto dela.

Ela olha para mim com um sorriso bobo.

- O que foi? - pergunta ela.

- Nada amiga, nada - sorrio.

Parece que ela realmente gostou desse guarda, mas se alguém ficasse sabendo disso, seria um escândalo. Espero que esse sentimento passe logo. Antes que seja tarde demais.

Ouço uma batida na porta e autorizo a entrada.

- Boa tarde, com licença - Margaret faz uma reverência e continua. – Vossa Alteza, os selecionados aguardam-lhe no jardim privado para a dinâmica marcada.

- No jardim? - Franzo a testa achando estranho. - Não seria muito perigoso?

Margaret percebe na hora o seu deslize.

- Concordo, devido aos ataques é bom tomarmos cuidado mesmo, me desculpe pela distração, Vossa Alteza. Eu não pensei direito.

- Tudo bem, Margaret. Estamos todos muito estressados com tudo isso. Nós podemos realizar essa dinâmica no salão principal, que tal?

- Ótima ideia, Vossa Alteza! Vou encaminhar os selecionados para lá, com licença - ela faz uma reverência e deixa o local.

Abraço a Michelle e me levanto.

- Mi, o dever me chama. Agora é a minha vez de ver se encontro alguém para dar uns beijos em esconderijos secretos. Te vejo depois – solto beijos no ar e saio.


♣♧ Curtam a história.

♣♧ Começam a me seguir.

♣♧ E continuem lendo os próximos capítulos.

A Seleção Invertida.Onde histórias criam vida. Descubra agora