Os Príncipes do Oriente
Com o show realizado em Riad, Arábia Saudita, na última sexta-feira, 11 de outubro, o BTS mostrou mais uma vez porque são chamados de “Cristais da Coreia do Sul”. Definitivamente, o grupo fez história ao ser o primeiro artista estrangeiro a realizar uma apresentação individual no país. Mas esse não foi nem de perto o principal mérito dos garotos...
Ao serem convidados a se apresentar no Estádio Rei Fahd, onde nenhum artista estrangeiro havia se apresentado até então, o BTS e a Big Hit mostraram coerência entre suas mensagens de amor e aceitação e suas atitudes. Não só aceitaram o convite, como se dispuseram a respeitar os costumes locais, que têm muito mais peso do que nós, ocidentais, estamos acostumados.
Talvez porque na Coreia do Sul, assim como em outros países asiáticos, o respeito e a disciplina sejam naturais, tenha sido mais fácil para o BTS e a Big Hit se ajustarem à Arábia Saudita, mas o fato foi que os rapazes deram um show de exemplo de educação para o mundo. Além de suprimirem alguns pontos de coreografias que seriam considerados obscenos no país árabe, os membros do BTS também mantiveram seus corpos cobertos durante todo o espetáculo (isso mesmo, Army’s, sem “abs” e ombros à mostra), ainda que os fãs estejam acostumados a ver alguma pele durante os shows. Ainda, segundo postagens de fãs no Twitter (não encontrei nenhuma nota oficial sobre isso, se alguém encontrar, por favor, deixe nos comentários), pararam o ensaio na hora do chamado islâmico para a oração. E pra finalizar, não se curvaram na hora do agradecimento ao final do show, como de costume, porque isso seria desrespeitoso no país islâmico. Curvam-se apenas diante de Alá, nunca diante de outros seres humanos. Imaginem o empenho deles em lembrar-se disso, já que além de ser uma forma comum de agradecimento em espetáculos para eles, também é a forma de cumprimento usada na Coreia do Sul. Ou seja, eles se curvam diante de pessoas o tempo todo, estão condicionados a isso.
O BTS prova, com esse show, que não é o grupo nº 01 da atualidade por acaso, e sim porque trilharam seu caminho com muito respeito, dignidade, trabalho duro e persistência. São um exemplo para a nossa geração, tão descomprometida com esses valores. Quem dera todos os jovens pudessem seguir esses exemplos. Em tempos em que ninguém respeita a opinião alheia e a internet se tornou uma zona de guerra fria, é bom ver que ainda há esperanças, ainda há quem tente a aproximação pacífica, o respeito mútuo, a aceitação das diferenças. Esse é o mundo em que eu gostaria de viver: um mundo em que não pensássemos todos da mesma forma, visto que isso é impossível e alienante, mas que pudéssemos conviver em paz, respeitando a cultura, a crença e a opinião do outro.
Para finalizar, tenho que mencionar o calor enfrentado pelas Army’s da Arábia Saudita e a emoção que eu senti ao ouví-las gritando “Kim NamJoom, Kim SeokJin, Min YoonGi, Jung HoSeok, Park JiMin, Kim TaeHyung, Jeon JungKook, BTS! Tive aquele sentimento de pertencimento, de fazer parte de algo muito maior do que eu posso de fato imaginar. Aquelas garotas na fila nada tinham a ver comigo: vivem em um país muito rico, com uma religião e uma cultura totalmente estranhas ao meu país, uma língua totalmente desconhecida pra mim, mas quando elas esperavam pelo BTS, assim como eu já fiz um dia, elas eram minhas irmãs, eram iguais a mim, sentiam a mesma emoção que eu. Então sim, a música pode derrubar todas as barreiras e BTS vive provando isso. Sem impor sua cultura, sem impor seu estilo, simplesmente contagiando o mundo com amor, humildade e educação.
*Blog Autoral
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Os Príncipes do Oriente
RandomArtigo sobre o show historico do BTS na Arábia Saudita