EU ACREDITO EM contos de fadas. Acredito que um dia, cada pessoa desse planeta, quando menos esperar irá esbarrar com o amor da sua vida passeando por aí. Minha mente antiquada para o século vinte e um, faz com que eu imagine que em algum lugar... lá fora, exista alguém que esteja esperando por mim.
A história dos meus pais me inspira. Quando criança, quase todas as noites antes de dormir pedia para papai contar como conheceu minha mãe. Minha avó sempre gostou de violetas, e meu pai plantou várias para agrada-lá. No entanto, essas flores logo não sobreviveram no inverno e em seu último aniversário, meu pai foi á cidade comprar um buquê de violetas na floricultura que havia inaugurado a pouco tempo. No caixa, havia uma garota, e ele sempre descreveu que quando colocou seus olhos nela, sentiu um frio instantâneo no estômago. Naquele tempo ele não imaginava que aquela doce atendente, futuramente seria sua esposa.
Deslizo meu polegar pela fotografia do casamento dos meus pais no porta-retrato roxo. Puxo o zíper da mala e encaixo com cuidado no lugar que deixei vago somente para o objeto.
Olho para meu pequeno quarto vasculhando tudo atentamente com medo de que tenha esquecido alguma coisa. Arrumei minhas últimas malas, já faz uma semana, porém me aflige a sensação esquecer alguma coisa importante. As cores predominantes se misturam no branco, rosa e roxo. O quarto é composto pela minha pequena cama, ao lado de uma escrivaninha, meu armário e meus inúmeros ursos de pelúcia e livros em cima da cômoda branca. Cada mínimo canto tem um pedaço de mim.
Uma lembraça dos meus dezoito anos.
— Tá esquecendo de uma coisa — a voz do meu pai ecoa pelo quarto.
Ele está parado no batente da porta, me olhando com orgulho e admiração. Corro para seus braços sentindo as lágrimas encherem meus olhos. Papai me aperta beijando o topo da minha cabeça.
— Já disse que estou orgulho de você? — ele pergunta dando uma leve risada.
Sorrio contra seu peito, deixando as lágrimas escaparem.
— Um milhão de vezes — sussurro.
— Então vou dizer novamente, porque um milhão de vezes não é o bastante — ele se afasta um pouco, ainda com os braços ao redor de mim, para me encarar. Seus olhos estão cheio de lágrimas — Estou orgulhoso de você, filha. E sua mãe se estivesse aqui, também estaria.
Abro um sorriso gigante e me lanço contra seus braços novamente. Apertando-o.
— Me prometa de novo que não vai se meter em problemas.
Solto uma risada alta. Se ele soubesse que isso é o menor dos problemas...
— Eu prometo.
O caminho da fazenda até a estrada é longo. No céu, não há quase sinal de núvem e o sol brilha forte contra meu rosto. O gramado verde vibrante me chama atenção. Ao lado do meu pai que ajuda a carregar as malas e a caixa cheia de coisas significativas, sigo pensando em todos os momentos que passei correndo pela fazenda, brincando e se divertindo.
Minha Picape está estacionada na pequena estrada de barro. Ela é antiga e está velha, mas eu não me incomodo, ainda consigo me lembrar da felicidade que senti quando meu pai me presenteou no meu décimo sexto aniversário com o carro que era de mamãe.
—... Não esqueceu de nada mesmo, Amy? — meu pai pergunta para minha prima que está sentanda no banco do passageiro dentro da Picape enquanto ajeita as coisas na caçamba.
Olho na direção da fazenda. Vendo a casa branca de madeira no centro, o celeiro em que eu pegava os ovos para o café. O estábulo com os cavalos, meu passatempo favorito era calvagar até o riacho com Amy. Olho para cada centímetro do lugar fotografando na minha mente.
Dizem que quando estamos prestes a morrer, os momentos mais marcantes das nossas vidas passam pelas nossas cabeças como um filme, e é dessa maneira que me sinto. Não morrendo, mas relembrando de todos os momentos especiais da minha vida neste lugar e agora estou dando lugar para a nova vida que irei trilhar sozinha.
O meu sonho de fazer faculdade na universidade de Sterford com a minha prima está se realizando e nem se me beliscassem eu acreditaria.
— Meninas já sabem, qualquer mínima coisa me avisem e eu irei voando até lá se precisar.— meu pai debruçando os braços na janela da Picape ressalta encarando eu e minha prima já acomodadas dentro do carro.
— Pode deixar tio John — ela coloca a mão na cabeça em posição de sentido.
Papai pisca para nós se afastando e desejando boa viajem.
Com o carro já na estrada eu sorrio, sorrio intensamente. Triste por deixar a vida que tanto amo, e feliz por estar lutando para realizar todos os meus sonhos.
— Menos Violeta. Daqui a pouco vai explodir em fogos de artifício! — minha prima resmunga. Ela esta sentanda toda desleixada ao meu lado, com uma perna em cima do banco.
Com um sorriso ainda maior, olho para Amy animada. Ela me encara segurando uma expressão fechada no rosto, tentando parecer brava. Porém, ela não aguenta segurar por muito tempo e logo seu belo sorriso estampa sua face, combinando com o meu.
— ESTAMOS MESMO NA FACULDADE! — gritamos em uníssono e ao meu lado Amy ensaia uma dancinha toda empolgada.
CONTINUO?