CAPÍTULO UM: O ATAQUE

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 Base militar de lançamento de mísseis

                                                                                                                            Alasca, EUA 


 Claire estremeceu, quando percebeu que aquele era o fim. Estava cercada. Com um olhar atento, durante um último segundo de esperança, ela olhou para todos os lados, analisou todas as possibilidades – nada. Continuava cercada. Fazia um frio de – 45°C, e suas mãos tremiam descontroladamente, pairando sobre o tabuleiro.

 – Quer tentar de novo? – John sorria, segurando um cigarro Marlboro entre o polegar e o indicador. Era um jovem bonito, com feições delicadas no rosto, alto e musculoso, não muito, na medida certa. Cabelos cor de areia, corte militar e olhos azuis acinzentados. Tinha quase 22 anos, mas já era um dos mais respeitados tenentes do batalhão.

 – Acho que não – com o indicador, Claire derrubou seu rei preto, cercado pela rainha, uma das torres e um dos cavalos de John. – Já é o bastante por uma noite – concluiu ela.

 – Sério?! – Ele sorriu sarcasticamente. – Já passa da meia-noite e você só perdeu quatro partidas. Ontem foram 17, se me lembro bem...

 – 16! – corrigiu Claire. – E você rouba.

 Ele riu, apagando a bituca de cigarro no tampão de ferro da pequena mesa de montar.

 – Não existe roubo em xadrez, minha querida.

 – Que seja – Claire se levantou e caminhou pelo pequeno espaço de 4 m² da torre de vigia até a beirada. A base militar ficava no cume da montanha, a mais de 4 mil metros acima do nível do mar. A torre ficava na parte norte do complexo, perto da pista de pouso, se erguendo a 20 metros do chão. À suas costas estava a base, dois prédios largos e longos, porém baixos (a maior parte do complexo ficava no subsolo, dentro da montanha) ao sul, a leste estava a base de lançamento de misseis, e, a oeste, estava torres de controle aéreo. Outras cinco torres de vigia estavam espalhadas ao longo do gigantesco muro de aço e concreto que cercava a base, muros praticamente impenetráveis, com mais de sete metros de altura e dois de espessura. À sua frente, tudo que a visão de Claire alcançava estava coberto por um manto branco. Aquela visão pareceu deixar a noite ainda mais fria. Ela abraçou o próprio corpo, apertando o casaco militar contra si.

 – Ei, você está tremendo – John disse o óbvio. O rapaz se aproximou de Claire e passou um braço protetor sobre seus ombros, a puxando para mais perto de si e a aquecendo com seu calor corporal. – Você está brava comido? É só um jogo, não...

 – Sim! – interrompeu ela, quase gritando. Cada palavra saia de sua boca acompanhada de uma lufada fria de fumaça. – Quer dizer, não! Eu não estou brava. Eu estou... eu não sei. Eu só...

 – Ei! – John a interrompeu, roçando os lábios finos e delicados dela contra os seus, que eram carnudos e estavam ressecados pelo frio. Os dois se beijaram por alguns segundos, então Claire se afastou.

 – Não podemos fazer isso aqui, alguém pode ver. – O olhar dela era assustado. Naquele momento, a militar experiente de 28 anos, a mulher mais velha com quem estava namorando às escondidas, tinha desaparecido, no lugar ficara uma garotinha assustada e apreensiva, alguém que John nunca vira antes.

 – Qual o problema? – ele perguntou, preocupado. Tinha alguma coisa errada, Claire nunca demonstrara medo com a possibilidade de serem pegos no ato, na verdade, isso parecia a excitar ainda mais. Alguma outra coisa, alguma coisa séria, a tinha deixado assim. – Claire, qual é o problema? – repetiu John, com o rosto bonito coberto por uma máscara de preocupação, a testa franzida e os olhos vidrados e questionadores.

Cold EndWhere stories live. Discover now