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O que era pra ser uma manhã comum se tornou um pesadelo sangrento para James Potter.

Naquela manhã de domingo, Dumbledore o chamara em sua sala, junto a seus melhores amigos, Sirius Black, Remus Lupin e Peter Pettigrew. Os quatro pensavam, logicamente, que era algo relacionado a última pegadinha que fizeram com o zelador da escola, Argus Filch. Sim, provavelmente era isso.

— Hey, Jamie! — uma voz exclamou, fazendo James dar um largo sorriso.

— Oi Simon! — o Ômega Puro abraçou fortemente seu Alfa, Simon Crow. Os dois tinham um relacionamento que durava exatamente um ano, James até havia sido apresentado aos pais do Alfa, e fizera o mesmo com ele. Planejavam uma vida inteira juntos, um casamento depois da escola, a carreira no Ministério da Magia, a casa simples de dois andares e filhos.

Os dois estavam fortemente apaixonados um pelo outro.

Todos da escola sabiam que eles namoravam. Não fora surpresa, afinal, os dois eram amigos antes, e a Poção de Localização revelou a todos do Salão Comunal que eram compatíveis, que seus lobos se aceitavam.

— Onde vai? — perguntou o loiro, dando um selinho na bochecha do mais baixo.

— Ver o diretor. — contou o moreno. — Ele pediu pra falar comigo e com meus amigos. Talvez por causa do Filch. — admitiu.

— Tá bom. Acha que podemos nos encontrar depois em Hogsmeade? Vou pra lá com o Frank e o Arthur. — perguntou o Alfa.

— Te encontro lá. — James riu, dando um selinho demorado em seu Alfa, saindo da sala comunal e indo até a sala do diretor, onde seus amigos estavam.

Eles - os Marotos - perceberam que a situação era muito mais séria quando entraram na sala e viram o Ministro da Magia, Cornélio Fudge, presente, assim como os pais de cada um ali, juntamente com alguns Lordes importantes e três alunos da casa da Sonserina - Severus Snape, Lucius Malfoy e Tom Riddle.

A expressão no rosto do diretor, Albus Dumbledore, sempre alegre e divertida, estava séria e desprovida de sentimentos bons, substituídos por preocupação, rancor e culpa.

— Mãe? Pai? — perguntou James confuso. — O que estão fazendo aqui?

Os dois olharam para ele, e todos puderam ver os olhos inchados e vermelhos de Euphemia, mãe de James, e o olhar triste de seu pai, Fleamont. O jovem Potter correu para abraça-los, não sabendo ao certo porque sua mãe chorava copiosamente em seu ombro ou o seu pai o apertava tão forte que James sentia que seus pulmões iam explodir.

— James... — Dumbledore o chamou, a voz cansada. — Sente-se. Por favor.

Obedecendo, James se sentou no único lugar disponível, ao lado de Severus Snape. Eles não se olharam, o que James achou ótimo. Ele e Snape nunca haviam sido amigos, James duvidava que um dia pudessem o ser.

— O que está acontecendo, diretor? — perguntou Remus. — Porque nos chamou?

O suspiro cansado de Dumbledore fez todos ficarem confusos. Fudge tomou a frente.

— Bom, senhores... A uns dias, no meio do Ministério da Magia, houve uma curiosa aparição da deusa Lua... — os quatro Grifinórios arregalaram os olhos. A deusa Lua aparecer era extremamente raro, tão raro que ela só aparecera para Merlim e os quatro Fundadores de Hogwarts. — Ela nos deu uma profecia. Uma das grandes. Ela dizia que um filho dos Sete Sagrados ia conceber uma criança... Uma poderosa... E essa criança ia destruir a grande ameaça do mundo bruxo. Essa criança nasceria do sangue traidor e do puro, das trevas e da luz... Do Herdeiro da Natureza e do escolhido da Lua.

Todos olharam para James. Era certo que seu pai fazia parte dos Sete Sagrados (os sete reis que governavam o mundo bruxo) e que seu pai era o rei dos Le Fay, logo, James seria seu Herdeiro... Mas, o que tudo isso significava?

— Isso significa, Potter... — começou Lord Abraxas Malfoy, rei dos Elfos Puros. — ... Que você terá de se casar com o escolhido da deusa. Ter um filho com ele, mais especificamente. E esse casamento terá de ser logo.

— Espera! — Sirius protestou. — James já tem seu companheiro. Ele não pode se casar e ter um... Filho... Com qualquer um! Ele irá morrer! — exclamou.

— Sirius... — sussurrou Remus, de repente parecendo muito doente e fraco. — ... Se a própria deusa deu essa profecia, deixando claro que James é o Ômega que vai dar a luz... Ela pode desfazer a conexão. Ela pode separar James de Simon. — explicou.

— Mas quem é o Alfa? Quem é o Escolhido? — Peter perguntou.

De repente, como se pudesse se mexer somente naquele momento, Snape se levantou, apoiando as mãos na mesa, encarando tanto Fudge quanto Dumbledore furiosamente.

— Eu não vou fazer isso! — exclamou. — Ter que aguentar tudo o que vem com a transformação tudo bem, mas isso é humilhação! Eu me recuso! — gritou, assustando a todos.

— Você não tem escolha. — Dumbledore rebateu, com calma.

— O quê?!? — exclamaram os Marotos.

Snape pegou sua varinha e fez um movimento complicado com ela, fazendo com que o feitiço de desilusão se cessasse, revelando a meia-lua azul-safira no meio de sua testa, junto com as marcas de mesma cor que pareciam tatuagens que se estendiam por todo seu rosto e desciam para seu peito e costas, todas em formato de pequenas luas e estrelas.

— Sou eu, Potter. O maldito traidor, as sombras. Eu sou o Escolhido.

Um silêncio mortal caiu na sala do diretor. Todos haviam prendido a respiração, todos estavam em choque. James tremia, mas não era o único, visto que Snape também o fazia. Lentamente, ele abaixou a varinha.

— James... — chamou seu pai, ficando a sua frente e segurando seu rosto com as duas mãos. — É verdade, filho. Infelizmente... Essa profecia... Ela existe.

Um Le Fay - seja um Alfa ou um Ômega - não podia mentir para sua família. Era uma maldição, infelizmente a profecia teria de ser cumprida, seu pai não podia mentir pra ele.

— Não... — sussurrou James fracamente. — Eu... Não posso... Simon...

— Senhor Potter, o senhor Snape também terá de desistir de seu Ômega, pare de choramingar! Você não é o único que vai ter de sacrificar uma vida pela profecia. — a voz gélida da Lady Black, Walburga, mãe de Sirius, o repreendeu. — Seja um Grifinório e encare isso com essa coragem que vocês tanto se gabam de ter!

— Se você tivesse que se sacrificar, você iria? — atacou James, a voz furiosa.

— Com toda certeza. — respondeu Walburga sem hesitar, assustando a todos. — Eu ficaria honrada se a deusa me escolhesse, afinal, eu estaria trazendo ao nosso mundo um presente que iria salvá-lo. Salvar o mundo que eu prezo tanto e ser abençoada pela deusa me fariam extremamente feliz. — ela disse, sem nem parar para pensar, o olhando fixamente.

— Se o senhor Snape é o Escolhido, ele realmente vai se sacrificar mais do que você. — Órion Black interviu.

— Como assim, senhor Black? — perguntou Tom Riddle, a voz baixinha.

— Ele é só um receptáculo. Ele cumprirá sua missão neste mundo, e provavelmente, quando a criança nascer, ele morrerá, já que o senhor Potter não vai mais precisar da presença do pai Alfa da criança.

A informação com certeza chocou a todos. Snape se jogou na cadeira que antes estivera sentado e enterrou o rosto entre as mãos, parecendo acabado. Malfoy filho acariciou seus cabelos da nuca distraidamente, também chocado, os olhos pratas arregalados. Riddle estava muito pálido, ele chegou a se levantar de sua cadeira para ir abraçar Snape, se agarrando a ele como se o mesmo fosse morrer naquele instante.

— Vou trazer o contrato amanhã à noite. Os preparativos da cerimônia podem ser feitos pela família, inclusive os noivos devem se encontrar para discutir os arranjos do casamento, e os padrinhos deverão estar presentes para assinar o contrato como testemunhas. O casório deve acontecer em, no máximo, dois meses. — Fudge decidiu, pegando seu chapéu-coco e se despedindo com uma reverência. — Tenham um bom dia.

A Rosa Dourada - SnamesOnde histórias criam vida. Descubra agora