Os dois retornaram para a sala. Foi uma conversa realmente rápida e explicara muita coisa, então James se sentia um pouco mais confiante. Suspirando, ele terminou de ler o contrato, assentindo para si mesmo, e olhou para Snape, que retribuiu seu olhar.
— Vamos logo, não tenho a noite toda. — Fudge exigiu, sem paciência.
— Pois eu não estou com a mínima pressa. — Snape se jogou na cadeira, apoiando seus pés na mesa do diretor, assumindo uma pose relaxada enquanto se abanava lentamente como contrato, a sobrancelha arqueada para o ministro, que rosnou.
— Não estou para brincadeiras hoje, senhor Snape, então assine logo essa droga de documento e termine logo com isso! — o Ministro o intimidou. Ou tentou, pelo menos, visto que Snape deu uma risadinha sarcástica enquanto revirava os olhos e o olhou com superioridade. Quando falou, sua voz parecia um sussurro de um demônio:
— Me obrigue.
Fudge congelou. Todos, na verdade, encaravam Snape em puro choque. O poder que saía de sua voz pareceu uma carícia suave diretamente no Núcleo Mágico de James, que estremeceu e encarou o Sonserino com os olhos vidrados e as pupilas dilatadas.
O silêncio ficou pesado e constrangedor. Tom Riddle se aproximou lentamente de Snape e o abraçou pelos ombros, sussurrando algo em seu ouvido, algo que ninguém mais ouviu. Snape assentiu devagar, como se concordasse com os sussurros frenéticos de Riddle, encarando James por um minuto inteiro antes de se virar e sussurrar no ouvido do moreno mais baixo, que assentiu.
Riddle se afastou e Snape se ergueu, como se fosse sair da sala. O movimento, porém, despertou Fudge, que murmurou:
— Assine o contrato, Sr. Snape. — mesmo que houvesse uma entonação de comando em seu timbre, Fudge tremia, provavelmente de medo. Snape, afinal, parecia pronto para matar alguém.
O Sonserino se virou e o encarou, os olhos negros apertados como se quisesse esmagar o ministro como um inseto. Ele voltou devagar, como uma cobra que encurralou sua presa predileta e estava pronto para fazê-la de jantar. Fudge deu dois passos pra trás, deixando o contrato e a pena em cima da mesa. Snape, então, os tomou em mãos e rabiscou algo, jogando os papéis em cima da mesa sem cuidado algum.
— Agora vá para o quinto dos infernos e me deixe em paz, Fudge. — a voz baixa e furiosa foi a última coisa que o de olhos negros deixou pra trás antes de sair tempestuosamente da sala circular, como alguém que foge de sua própria forca.
Malfoy, Zabini e Riddle o seguiram. Segundos se passaram e o silêncio continuou pesado, então James apenas rabiscou seu nome de qualquer jeito e saiu da sala acompanhado de seus amigos, descendo as escadas e indo diretamente para a Torre da Grifinória. Porém, algo chamou a atenção de James, e ele voltou três passos para olhar pelas janelas para os jardins iluminados pela lua.
— O que foi, James? — perguntou Remus.
— Jurei que... — começou ele. — ... Deixa pra lá. Vamos.
Eles partiram, mas ainda conseguiram ouvir um uivo alto, dolorido, furioso cortar a noite. James parou, mas respirou fundo e tentou seguir em frente, ignorando o coração pesado que queria correr o mais rápido possível para acalentar o coração quebrado da fera.
Severus
Ele partiu o mais rápido que pôde. Suas pernas simplesmente o levaram para fora dos portões do Salão Principal e através dos jardins de grama molhada de Hogwarts. Ele não parou, porém. Não poderia, não agora que quase perdera o controle. Não. Precisava se controlar, precisava arrancar aquele sentimento sufocante de dentro de si e fazer algo de útil com eles.
Ele se transformou no ar quando saltou, disparando pelos terrenos de grama com suas pesadas patas peludas e completamente negras, assim como todo seu corpo agora na forma de um grande lobo negro. Ele uivou para a lua, um lamento do filho perdido, então correu para a Floresta Proibida.
O coração pesado, sentimentos que ele não tinha, ele não sentia absolutamente nada, a notícia de sua morte próxima não causou nenhuma reação nele a não ser... Bom, vazio.
Um receptáculo. Um objeto. Sem escolhas, apenas alguém sem propósito.
Ele não iria reclamar. Não é que seu pai tinha razão, afinal? Um desperdício de tempo, um nada, sem diferença alguma dos outros. Se não fosse ele, seria qualquer um. Pelo menos, seria rápida e indolor sua morte. Ou Ela o faria sofrer também? O castigaria de alguma forma enquanto ele se contorcia e lembrava dos piores momentos de sua vida inteira - o que era 95% dela - ?
Ele não queria morrer. A poção Mata-Cão ainda não estava pronta, todos aqueles jovens lobisomens... Eles iriam sofrer eternamente porque Severus não conseguiria terminar de produzir a poção a tempo de sua morte.
Não. Havia doenças que ele poderia curar, pessoas que ele queria ajudar, vidas que ele queria melhorar. O próprio Severus não desejara a vida inteira que alguém pudesse ajudá-lo? Seu próprio porto-seguro, alguém para dizer que estava tudo bem em querer se livrar do mal, alguém que auxiliasse sua mãe, que pudesse livra-los de todo seu sofrimento?
Era pedir demais?
Quando seu corpo caiu na terra molhada e cheia de raízes, ele estava exausto. Tanto fisicamente quanto mentalmente. Fazia meses que não corria assim, tão descontrolado, mas agora, tudo ao seu redor explodiu e ele estava exatamente no centro da explosão.
O dia amanheceu, mas Severus não mexeu um músculo. Seu corpo canino necessitava de água e ele queria descanso, mas tudo estava tão ridiculamente perturbador que ele sequer se moveu.
Devagarinho, ele fechou os olhos.
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A Rosa Dourada - Snames
FantasyTodos olharam para James. Era certo que seu pai fazia parte dos Sete Sagrados (os sete reis que governavam o mundo bruxo) e que seu pai era o rei dos Le Fay, logo, James seria seu Herdeiro... Mas, o que tudo isso significava? - Isso significa, Potte...