ELI

O Começo

  Anos haviam se passado desde o dia que descobri quem eu realmente era. Após o dia que descobri a verdade sobre mim, tudo mudou, Haley me disse que me ajudaria a conhecer o "papai" e isso aconteceu. Lembro-me como se fosse hoje o dia que conseguimos atravessar a passagem e ir para o inferno, a casa de papai. Haley disse que nos levaria, e ela levou, demorou exato dois anos para conseguirmos achar o local exato para atravessar a barreira, mamãe não conseguiu passar, o fogo ardente que passava pelo local não a deixará passar. Mas para mim e Haley não passava de um leve formigamento na pele.

  Ele ficou feliz ao me ver, e disse que já esperava que eu conseguisse sobreviver a "mansão das santas" como ele chamava. E ao contrário do que muitos dizem, ele não é vermelho ou preto, não tem uma rabo com uma flecha pontuda na ponta, e nem mesmo chifres. Ele é um homem, com longos cabelos castanhos ondulados e uma barba, seus olhos tão claros quanto o gelo, ele também carrega duas enormes cicatrizes nas costas onde antes havia suas asas. Ele tinha o sorriso de um golpista, o maior traiçoeiro do mundo por dizer.

  Então ele explicou para mim e Haley, éramos seus filhos, éramos o fruto de algo onde mães desesperadas correram após não ter uma resposta do seu "Deus" superior. Pactos feitos sorrateiramente com as almas de seus filhos. Assim, éramos dois seres ao mesmo tempo, tínhamos nossa parte demônio, fontrolavamos o fogo, uma força sobrenatural, olhos vermelhos, e extensas queimaduras em nossos corpos quando estávamos totalmente irritados. Mas, também tínhamos nosso lado humano, o físico para ser mais exato, junto da piedade e compaixão dos humanos. Menos Haley, aquela parecia ser totalmente demônio, havia puxado mais o papai do que o resto de nós.

  Sim, o resto de "nós", Haley e eu havíamos achado mais três irmãos. Éramos no total em sete crianças, mas com idades e mães diferentes.

  Havíamos achado Juniper, ela tinha quatorze anos, longos cabelos castanhos claros acompanhados de olhos verdes bem claros, parecidos com os de nosso pai. Ela estava presa em uma escola de freiras, usava roupas enormes para esconder quando as queimaduras apareciam, e usava lente de contato. Quando a achamos ela era muito magra por ser matraltada lá, passava horas e quase dias ajoelhada rezando ao falso Deus, ela nos disse que seus joelhos ficavam em carne viva assim como sua língua. As freiras sabiam o que Juniper era, não a deixavam ficar com outras garotas. Juniper só podia ficar dentro da igreja rezando o tempo todo, quando enfim estava em seu quarto chorava até desmaiar por causa da vida miserável que levava.

  Graças ao papai a encontramos, queimamos aquele local e a resgatamos, no fundo ela sabia que era diferente dos demais mas demorou a acreditar na nossa história de "Ei, viemos te salvar, você é nossa irmã, filha do diabo, vamos?". Mas no fim ocorreu tudo bem, nosso pai sobre conversar com ela quando a levávamos para o inferno, e lá ela se manteve, a mesma não quis voltar para terra e nem saber do paradeiro de sua mãe mortal que a largou na escola de freiras logo após o nascimento da garota. Dessa forma até hoje Juniper tem doze anos, a atmosfera do inferno a manteve com a mesma aparência e idade, assim como no céu os anjos mantêm a mesma idade juvenil por milênios.

  Alguns meses depois descobrimos o paradeiro de Kratus, esse foi difícil. Kratus já tinha vinte e dois anos, Kratus era negro, com belos olhos cor de caramelo, seu cabelo estava sempre cortado no zero, o mesmo  descobriu os poderes com o fogo bem cedo.  Em um surto de raiva quando criança acabou por atear fogo na própria casa, com os pais e duas irmãs dentro. Após isso ele sumiu, a polícia concluiu que o fogo havia surgido através de um vazamento de gás na casa.

  Kratus acabou sendo pego pela polícia em pequenos roubos aos dez anos, sendo então enviado para alguns orfanatos, acontece que ele sempre conseguia ser expulso dos locais de alguma forma. Ele entrou para o mundo do crime bem cedo, não tendo um lar familiar por muitos anos, quando o encontramos o mesmo não queria saber, queria apenas continuar sua péssima vida. Tivemos que chamar o nosso pai, o mesmo teve seus modos de convencer Kratus, papai tinha um modo de mostrar a verdade as pessoas, olhando nos olhos dele.

  Uma dica? Nunca olhe nos olhos do diabo, você pode ver algo que não goste. Como sua mãe grávida te amaldiçoado e te vendendo ao diabo por meras riquezas de vida. Naquele dia, eu aposto que se a mãe de Kratus estivesse viva, ele faria algo pior do que apenas incendiar a casa.

  A umas semanas atrás havíamos achado
Edwina, Edwina tem dezenove anos, cabelos curtos e negros com uma franja, e olhos tão negros quanto a noite. Edwina passou por um inferno parecido com o meu,  a mesma estava presa na casa da própria mãe. A garota era mantida no porão da casa, um lugar sujo, com cheiro podre, Edwina era mantida presa com enormes correntes enfereuhadas presas nas paredes de concreto do local. Nos cantos da parede do porão eram mantidos enormes carreiras de sal grosso, circulando todo o local, enormes desenhos e sinais "angelicais" decoravam a parede amarelada pelo tempo do porão. Não havia luz no lugar, apenas a luz de lanternas quando a mãe da garota entrava no local, a mãe de Edwina sabia do que ela era capaz, e fazia de tudo para que a garota não entrasse em contato com qualquer tipo de calor envolvendo eletricidade ou fogo.

  Haley matou a mãe de Edwina, a pregando em um dos símbolos "angelicais" que decoravam o local. Edwina podia ter ficado triste, mas deu pulos de alegria e felicidade, cuspindo logo em seguida na mulher presa na parede. Ela saiu conosco da casa sem fazer qualquer pergunta, após sairmos, queimamos o lugar, apenas depois Edwina pediu quem éramos, e se éramos anjos ao seu resgate. Com certeza éramos o oposto de anjos.

  Nesse momento estávamos indo ao local de encontro para irmos para casa, mais conhecido como inferno. Nosso pai estava ansioso para conhecer Edwina, e a garota estava ansiosa para conhecer seus outros "irmãos".