Parte I

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nenhuma grande nota, só queria avisar que se você é extremamente sensível com assuntos sobre religiosidade sugiro que não leia, okay?

se você já assistiu ao filme o ritual (2011) pode ser que encontre algumas similaridades nessa história, é tudo inspiração, anjos
no mais, espero que gostem, me desculpem qualquer erro e boa leitura ♡


  O jovem padre Min Yoongi trancou a porta de sua pequena casa, que ficava nos fundos da igreja e, em seu escritório, ele verificou se sua clérgima* estava posicionada corretamente e se seus abotoadores em forma de cruz estavam bem fechados, e entrou na igreja, onde duas senhoras rezavam silenciosamente nos bancos de madeira. O padre acenou para as mulheres com um leve sorriso, antes de se ajoelhar em frente ao altar, murmurando uma rápida prece e fazendo o sinal da cruz com a mão. As duas senhoras eram fiéis devotas e o Min as conhecia bem, eram crentes e vinham se confessar toda semana. Na maioria das vezes, eram apenas as duas, e depois que Yoongi absolvia as mulheres de seus pecados, ele abria sua bíblia e lia os ensinamentos nos fundos do confessionário.

  Nada de muito grande acontecia em sua pequena paróquia, Gyeong era uma cidadezinha pacata e muito pequena para os padrões contemporâneos, e onde quase todos se conheciam, mas esse era o principal motivo que fizera o Min escolher ali para residir pelo resto de seus dias, a calmaria. Geralmente a igreja só ficava lotada antes de grandes feriados, quando as pessoas repentinamente se lembravam de que seria decente ir à igreja. Os bancos ficavam lotados, povoados de mães "piedosas", arrastando seus filhos hiperativos e maridos mal-humorados para o local, para que todos pudessem ver que bons cristãos eles eram. O padre Yoongi não julgava, pois ele nem sempre fora um homem temente a Deus.

  As confissões que essas pessoas faziam eram engraçadas, quase ridículas, o baixinho muitas vezes teve que reprimir o riso ao tom inocente de alguém confessando que havia roubado uma bala ou fingido uma febre para não sair. Para esses ele apenas dava a penitência padrão: três pai nosso e cinco ave-maria. Mas também havia outra categoria de confessores, que Yoongi achava absolutamente fascinante; os que não faziam parte da igreja, mas precisavam de alguém para contar sobre seus pecados, para se livrar do fardo que carregavam e o Min sabia que muitos deles vinham de longe apenas para garantir a promessa de anonimato total que lhes davam coragem o suficiente para compartilhar segredos de décadas, fosse de um adultério ou até algo mais grave.

  Yoongi ergueu os olhos do livro sagrado quando ouviu o som de passos ecoando no assoalho da velha igreja. O clique das botas pesadas parou bem em frente ao confessionário, como se a pessoa hesitasse, mas em seguida abriu a porta e um arrepio percorreu a espinha do padre, que se endireitou em seu assento e largou a bíblia aberta no colo.

  Houve uma batida e Yoongi abriu a divisória que não lhe permitia ver muito.

  — Perdoe-me, padre, pois eu pequei — a voz era suave, melodiosa e um tanto quanto sensual, em completa divergência com as palavras.

  O jovem padre tentou conter o arrepio que sentiu subir em suas pernas com uma tosse falsa e olhou para frente. — Você é bem-vindo aqui e diante de Deus, filho.

  — Me desculpe, eu não faço isso há... milênios — o sussurro veio logo em seguida e mesmo que não devesse se concentrar nisso, o padre imaginou um rapaz ajoelhado do outro lado da divisória, talvez um pouco tímido e receoso com suas palavras.

  — Tudo bem, eu posso te guiar, apenas me diga seus pecados e encontraremos a melhor maneira de você se arrepender por eles — a pessoa permaneceu quieta, então o Min tentou olhar através da divisória, esperando que seu olhar fosse tranquilizador assim como suas palavras. — Você não precisa ter medo, Deus é perdão — uma pequena risada escapou do outro e o padre franziu a testa.

Perdoe-me, padre - YoonminWhere stories live. Discover now