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Luke observava Jack andar de um lado para o outro, indo para a sala e depois para a cozinha, poucos minutos se passavam e ele voltava, andava por todo o cômodo e ia novamente para a cozinha. O loiro seguiu seus movimentos todas as vezes, fora repetido umas seis vezes, até finalmente quase surtar internamente. Luke sabia exatamente o quão nervoso seu irmão estava, o quão tentava se controlar para não dizer nada, sabia que estava sendo torturante, difícil para ele também, pois querendo ou não, Jack queria proteger o irmão de qualquer coisa viva que pudesse lhe fazer mal.

Michael notava a tensão no ar, via como o garoto que gostava maltratava os lábios, movimentava a perna para cima e para baixo enquanto passava a mão pelos cabelos, de dois em dois minutos. Sem contar Jack que já estava a irritar qualquer um ali. O colorido precisou respirar fundo diversas vezes para não xingar nenhum dos irmãos, sabia que ninguém iria dirigir a palavra primeiro, sabia sobre o quanto o assunto era delicado para ambos mas, sinceramente, tudo aquilo estava apenas piorando, pois o que custava sentar e falar?

Em um movimento de estresse, por não suportar tudo aquilo, principalmente a ansiedade que dominava, Michael se levantou em um pulo, indo pegar Jack pelo braço, para arrasta-lo para o sofá.

- então, o que vai ser? - perguntou, sentando-se na frente dos irmãos Hemmings.

Luke mordiscou os lábios com mais força, pela manhã parecia certo denuncia-lo, mas já agora novamente não tinha certeza, algo lhe impedia e, apenas talvez, isso fosse medo.

Jack olhava com certa esperança para o irmão, deixando-o ainda mais nervoso, mais tenso, mais confuso, desconfortável com tal situação. Não queria desagradar, não queria deixar ninguém decepcionado, todavia não queria voltar ao assunto, não queria revelar tudo, não queria falar com mais ninguém.

A voz, palavras, frases, contos, histórias são tão poderosas, movem montanhas e formam mundos, machuca tanto quanto cura, é algo complicado, pois cada palavra dita em voz alta, constrói um novo lugar, relembra memórias mortas e acende esperança.

Luke tinha medo de sua própria voz as vezes, tinha medo de contar sua história, suas marcas, suas guerras, era complicado, não importa quanto tempo passasse ou quanto amor recebesse, sempre iria estar ali, com ele, uma lembrança, uma cicatriz, um ardor.

O loiro respirou fundo, mexeu nos cabelos novamente e abraços as pernas postas no sofá, deixando seu olhar cair sobre o carpete de entrada da casa.

- é o certo? - as palavras fugiram como um sussurro, embrulhadas como se não fossem para sair. Escaparam de seus lábios, em um deslize, fazendo-o quase não reconhecer o próprio tom, o próprio som, estranhou um pouco aquilo, pois parecia que fazia décadas que não falava, mas ao mesmo tempo, pareceu correto, ao mesmo tempo, pareceu que não era ele em seu próprio corpo.

Until The End - MukeOnde histórias criam vida. Descubra agora