Declaração para Sicheng (e toda a classe).

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Escrever para Sicheng me deixava bobo.

Nesse exato momento estávamos na aula de coreano, e Dong Sicheng estava tão lindo hoje que senti necessidade de fazer essa declaração para o chinês mais lindo da escola.

Sinceramente, eu nem sei como eu me apaixonei por esse garoto. Não somos nem amigos, no máximo, colegas. O nosso maior contato foi quando fiquei encarregado de apresentar a escola para ele. No máximo nos cumprimentando quando esbarramos por aí. Mas, bem que queria que fôssemos próximos. Muito próximos.

Suspirei e voltei a encarar a folha de caderno que havia diversos corações e colantes de gatinhos entre as palavras. Sicheng amava gatinhos.
Continuei a escrever minha declaração cheia de palavras clichês e bobas, todas dedicadas ao chinês que se sentava na mesa da frente, prestando total atenção no professor. Olhei para ele e sorri bobo, enquanto arrumava meu coque.

Sai dos devaneios e voltei a escrever. Eu me esforçava tanto que parecia que ele iria ler.

Depois de minutos viajando no mundo onde Dong Sicheng me amava, acordei daquele paraíso com uma grande mão batendo na minha mesa fortemente, me chamando atenção.

- Senhor Nakamoto, eu te fiz uma pergunta. O que está fazendo que é menos importante do que minha aula? - Ele pegou minha folha, e soltei um grunhido de desespero. - Vejamos, uma cartinha. Acho que a classe adoraria saber sobre o que é. Não é, classe? - Todos concordaram em uníssono, soltando risinhos. Sicheng encarava toda a situação, escondendo a curiosidade. Eu só queria morrer.

Então, ele começou a ler.

"Olá, Sicheng
Sabia que você está lindo hoje? Você sempre está, mas, dessa vez se superou. Seu amor por gatos não é atoa, que você é um.
Essa foi péssima, desculpe.
Sabe, mesmo que eu não saiba quando esse sentimentos começou, e eu tenha plena noção de que você não retribui, não me sinto mal de sentir isso. Sentir todo esse amor por você.
É incrível como apenas ver seu rosto e um sorriso seu que nem é direcionado a mim me fazer tão feliz. Isso tudo é tão louco.
As vezes quero acreditar que você é o amor da minha vida, mas, bem, talvez você seja o amor da minha vida. E eu não sou da sua.
Mas, tudo bem, estou feliz em você estar feliz.
Então, eu declaro que toda essa carta boba, cheia de corações e gatinhos é para você meu amor. Todos os meus sentimentos positivos são direcionados a você.
Eu te amo.
Ass: Yuta."

Ao fim de todo meu sofrimento, quando o professor terminou de ler a carta, a classe soltou risadinhas, e começou a sussurrar surpresos para uns aos outros ao descobrir que o japonês da classe é gay. E apaixonado pelo chinês perfeito.
Maravilha. Grande maravilha.

O professor me devolveu a cartinha, e apenas me observou sem esboçar reação alguma, mantendo o rosto sério como sempre. Murmurou algo como "sua escrita melhorou muito, senhor Nakamoto", e voltou para sua mesa, onde começou a arrumar o material. Logo, o sinal tocou.

Sai correndo da minha sala, desesperado para escapar dos risinhos e olhares do pessoal da classe. Principalmente do olhar de Sicheng.

Corri para dentro do banheiro e me tranquei lá, em um dos cubículos onde ficavam as privadas. Me sentei na tampa dela, e coloquei o rosto entre as mãos. Eu estava desesperado.

Depois de tempos em que fiquei me lamentando, e soltei algumas lágrimas (Não pode me julgar. Acabei de me assumir contra a minha vontade, além de revelarem para o garoto que eu gosto, que, bem, eu gosto dele.) ouvi passos no banheiro, e a voz suave de Sicheng.

- Yuta? - Disse baixo e calmo, e eu conseguia sentir seu sorriso somente pelo tom de voz. Me encolhi mais ainda, e acabei soltando um soluço. Ouvi seus passos e vi seus pés por baixo da porta. - Abre a porta, Yuta. Quero falar com você. Quero ver você.

Não tinha para onde eu fugir. Se era para eu ser negado, ou até mesmo zoado, que fosse naquele momento.
Abri a porta lentamente, e fui recebido pelo belo rosto de Sicheng, e seu sorriso mais lindo ainda. Ele soltou um risinho envergonhado e olhou para baixo.

- Eu nunca fiz isso na vida, desculpa se for estranho. - Franzi o cenho confuso, abraçando a mim mesmo, como forma de proteção. - Quer sair comigo? - Disse do nada e de modo rápido, atropelando as palavras. Até suas orelhas estavam avermelhadas.

- Como? - Perguntei confuso e surpreso. Por essa eu não esperava.

- Sair, sabe? Para tomar um sorvete ou qualquer coisa do tipo... - Disse o chinês mais lindo da escola, olhando para baixo e coçando a nuca. - Só se você quiser, é claro.

- Eu quero, óbvio que eu quero. - Respondi, quando finalmente meu corpo pareceu acordar. Deus, Dong Sicheng estava me chamando para sair. 

- Ótimo! - Disse, sorrindo mais uma vez, parecendo envergonhado novamente. Me deu um rápido beijo na bochecha e saiu rápido do banheiro. - Nos vemos depois da aula! - Disse alto, antes de sair do banheiro, me deixando para trás com um sorriso bobo.

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