Clube de futebol mais rico do mundo na atualidade, o Manchester United, foi fundado em 1878 por um grupo de ferroviários ingleses, que o batizaram inicialmente como “Newton Heath”. Sem muitos recursos na época, o clube tentou durante vários anos ingressar na Liga Inglesa, mas não obteve sucesso. A chance de se juntar à elite do futebol inglês surgiu somente em 1892, com a criação da segunda divisão no país. O desempenho do time na Liga, no entanto, foi um fracasso e, após dez anos de maus resultados, seus diretores concluíram que seria necessária uma reformulação completa no time. Como o clube estava à beira da falência, decidiram realizar um bazar para angariar fundos que viabilizassem os novos investimentos. Apesar do empenho de todos, o bazar foi um fiasco, mal dando para pagar o aluguel do local do evento. Mas a sorte do clube deu uma estranha virada. Harry Stafford, o capitão do time, levou para o bazar o seu cão da raça São Bernardo, que com uma caixa amarrada à coleira, ajudava a coletar doações.
As décadas de 20 e 30, no entanto, não foram boas para o clube, que oscilou entre a primeira e segunda divisão sem nenhum brilho. Ao ser deflagrada a Segunda Guerra Mundial, em 39, os campeonatos de futebol da Inglaterra foram todos cancelados e só voltaram a ser disputados em 46. A Guerra ainda deixou o seu rastro de destruição no clube: em março de 41, o estádio Old Trafford ficou em ruínas após sofrer um devastador bombardeio aéreo. Devido às reformas, o clube só voltaria a jogar no Old Trafford oito anos depois.
No dia 6 de fevereiro de 1958 quando o Manchester fazia o retorno à Inglaterra após a partida contra o Estrela Vermelha, ocorreu uma tragédia que chocou o mundo. A equipe havia conquistado um empate por 3 a 3 contra o time iugoslavo, que lhe rendeu a classificação para as semifinais da Taça dos Campeões. Mas não houve tempo para comemoração. Segundo testemunhas, durante a viagem estava nevando muito. O piloto do bimotor da British European Airways, construído pela “De Havilland”, que fazia serviços entre a Alemanha e a Inglaterra, estava com pouca visibilidade. E, para piorar, um dos motores estava com defeito. A torre chegou a ser informada sobre o problema, mas nada adiantou. Logo depois, o motor pegou fogo e o avião caiu nas proximidades da cidade de Munique, na região da Baviera, por volta das 18 horas. No acidente morreram 28 pessoas entre passageiros e moradores do local da queda do avião. A comitiva do Manchester era formada pelo diretor esportivo, o secretário da equipe, 11 jornalistas e 17 jogadores. Logo após o acidente, o zagueiro Billy Foulker afirmou: “Tudo se passou terrivelmente depressa. Uma explosão formidável que sacudiu o aparelho, e tínhamos a impressão que nossos tímpanos explodiam”. A equipe perdeu oito jogadores: Roger Byrne (28), Eddie Colman (21) Duncan Edwards (21), Mark Jones (24), David Pegg (22), Tommy Taylor (26), Liam Welan (22) e Greoffrey Bent (25). Até hoje a tragédia não foi esquecida. No aeroporto de Riem foi construído um grande memorial e várias homenagens ocorreram no aniversário de 40 anos do acidente, em 1998. A mais bonita aconteceu no estádio Old Trafford, no dia 7 de fevereiro, antes do jogo entre Manchester United e Bolton. Mais de 50 mil pessoas fizeram um minuto de silêncio. Bobby Charlton, um dos sobreviventes que depois se tornaria um dos maiores jogadores da história da Inglaterra, não conseguiu segurar a emoção. No mesmo ano, o destino pregou uma peça nos ingleses. O Manchester foi à cidade de Munique enfrentar, pela Copa dos Campeões, o Bayern Munich, no dia 30 de setembro. O jogo terminou empatado por 2 a 2 e a dor voltou ao coração dos ingleses.
Os anos 70 e 80 trouxeram muitos infortúnios e poucas glórias aos Diabos Vermelhos, que conquistaram somente três Copas da Inglaterra e um campeonato da segunda divisão neste período. O clube só começou a recuperar seu prestígio em 86, depois da chegada do técnico Alex Ferguson. Foram necessários ainda alguns anos para que Ferguson montasse uma grande equipe, mas a partir de 90, o Manchester United iniciava uma fase de grandes vitórias, se transformando em uma potência dentro e fora do campo.
Em 1992, os clubes ingleses resolveram criar sua própria Liga, a Premier League, e começaram a investir pesado na contratação de reforços estrangeiros. O Manchester contratou o melhor e mais polêmico deles, o francês Eric Cantona, que antes de se transferir para o clube, ainda ajudou o Leeds a vencer a Premier League de 91. No ano seguinte, Cantona conquistou o mesmo campeonato com o Manchester, se consagrando definitivamente no futebol inglês.
Na temporada de 98/99, o Manchester United conseguiu uma façanha jamais vista em terras inglesas, vencendo a tríplice coroa (campeão inglês, campeão da Copa da Inglaterra e campeão da Liga dos Campeões da Europa), o maior título que se pode conquistar no futebol europeu. O bicampeonato da Copa dos Campeões foi conquistado em maio de 1999, no estádio Nou Camp, em Barcelona, naquela que foi considerada uma das mais emocionantes partidas da história do futebol. Perdendo para o Bayern de Munique (ALE) até os 46 minutos do segundo tempo, o Manchester United conseguiu uma virada inacreditável, marcando dois gols em um minuto e meio. Teddy Sheringham e Ole Gunnar Solskjaer assinalaram os gols da vitória que trouxe de volta a taça européia ao Old Trafford depois de 30 anos. Esta partida marcou também a despedida do brilhante goleiro dinamarquês Peter Schmeichel, “The Great Dane”, que defendeu a meta do Manchester durante nove anos até se transferir para o Sporting de Lisboa.
Em 30 de novembro de 1999, o time enfrentou o Palmeiras pelo Mundial Interclubes, título nunca conquistado por um clube inglês. O Manchester venceu a partida por 1 a 0, gol do irlandês Roy Keane, capitão do time, aos 35 minutos do primeiro tempo, e encerrou com chave de ouro a temporada. Além do Mundial, os Red Devils conquistaram a Liga dos Campeões da Europa, o campeonato inglês e a Copa da Inglaterra.
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A história do MANCHESTER UNITED.
Historical FictionVenha conhecer a história do MANCHESTER UNITED.