Prólogo

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Quando nos mudamos para os Estados Unidos a 20 anos atrás, nós tínhamos uma boa condição financeira, papai trabalhava em um bom cargo em uma empresa multinacional, ele era o melhor no que fazia. Mas, com o passar do tempo, a crise chegou, a empresa começou o corte de custos até que chegasse ao ponto da demissão de funcionários, demorou mais ou menos sete anos para que chegasse a vez do senhor Park, meu pai.

Nós saímos de um bairro de classe média-alta para a periferia, o Brooklin era um local sinistro apartir das sete da noite. Depois da demissão, papai criou um pequeno restaurante de comida asiática um pouco longe de onde morávamos, meia hora de ônibus mais especificamente. Então passamos à nos manter assim, papai e mamãe trabalhavam no restaurante enquanto eu dava tudo de mim nos estudos para que conseguisse um diploma e tivesse um emprego digno para ajudar em casa.

E agora, aqui estou eu, Park Jimin com meus 24 anos cursando o penúltimo semestre de publicidade como bolsista em uma universidade barata, o melhor do curso, elogiado pelos professores, zoado pelos colegas. É, minha vida não era a melhor de todas, mas eu não reclamava, havia aprendido com meus pais que devia ser grato por cada dia que eu acordasse.

- Aish, não sei que graça esses moleques veem em tocar a campainha dos outros. - Ouvi mamãe resmungar irritada.

É, ainda tínhamos as pragas da rua para aguentar já que as mães inconsequentes largavam os filhos ao vento, mamãe odiava as mulheres metidas à dondocas. Ah! E odiava os moleques também.

Eu sempre dizia à HeeMin que ela ainda iria ficar cheia de rugas por causa do estresse com as crianças, mamãe era bem vaidosa e cuidava demais de si então parecia ainda uma jovem, a idéia de ter uma ruga lhe deixava de cabelos em pé.

- Contas, contas e mais contas. - Mamãe suspirou olhando os envelopes em mãos, eu odiava ver a feição de preocupação nos rostos dos meus pais e não poder fazer nada.

- Irei receber em breve. - Ditei, eu tinha um emprego de meio período na biblioteca da faculdade, não era muito mas ajudava. - Não se preocupe, cuidado com as rugas. - Ri baixinho.

- Você e essa sua insistência com rugas, você que vai ficar cheio delas!

- Não tá mais aqui quem disse. - Levantei minhas mãos em rendição.

- Pabo. - Ditou se levantando. - Vá até a mercearia, preciso de molho para fazer o jantar.

- Ok.

Levantei e calcei as sandálias, desliguei o pequeno ventilador e peguei minhas chaves junto da carteira, não era longe então nem me preocupei muito com o meu estado depois de uma tarde de estudos. Saí de casa sentindo o vento colidir com meu rosto, eram por volta das quatro da tarde mas o sol quase não dava as caras, talvez por ser outono.

Caminhei com minhas mãos nos bolsos da calça preta com os olhos presos na calçada cinzenta, podia ouvir as vozes altas das crianças, era legal ver a felicidade delas em meio ao caos que moravam.

Ouvi uns barulhos vindos de um beco mais a frente, pareciam vozes altas. Suspirei ao ouvir a voz abatida do que parecia ser um senhor de idade, olhei para dentro do beco e pude ver um morador de rua cercado, ele tinha o semblante de medo enquanto os outros lhe apontavam o dedo e falavam várias coisas. Eu já o conhecia, pelo o que eu sabia, era um senhor morador de rua que sempre fazia bicos por aí, uma vez mamãe o contratou para concentrar um cano, ele fez uma gambiarra qualquer lá e recebeu, minutos depois o cano voltou à se romper e mamãe o xingou por vários nomes.

Sua feição demonstrava medo, eu tinha a leve impressão que aquilo não era por acaso, eu tinha lá minhas desconfianças de que ele era envolvido com drogas. Um dos caras levantou o rosto e me fitou, logo cutucando um garoto de fios escuros que aparência familiar, apontando com o queixo para a minha direção.

Engoli em seco e voltei ao meu caminho, mal sentindo minhas pernas de tanto medo, que merda era aquela?



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Espero que tenham gostado :)

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Tag: #bomdiadanger

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