Um minuto

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Só mais um minuto, ela repetia a si mesmo em sua mente, acreditando que só duraria mais um minuto. Ao som dos pingos de água do cano e aos gritos do quarto ao lado que ecoavam em seus ouvidos, o porquê de ela estar ali não era certo, quanto tempo se passará impossível deduzir, afinal, só havia uma janela ali mas, a noite era eterna.
Ao fim dos cortes, das marteladas devido o acabar dos pregos, se pode ver o sorriso em meio às trevas, dizendo sem palavras “voltarei depois, descanse enquanto a tempo”.
“Quem seria?” ela não se perguntava, preferia se concentrar no cair das gotas, uma, duas, três, cinco, sete, não era mais só o cano mas as das lágrimas, e no final, tudo foi só mais um minuto.
O soar da porta se abrindo, juntamente com o leve barulho dos pregos novos dentro da sacola, e a certeza que mais um minuto começaria, a dor incessante ao soar do prego, o grito sincero, e o pensamento solene de só mais um minuto, e então implorou que fosse só mais um segundo, e o desejo realizado, a tortura terminada, e só mais um segundo se tornou o último segundo.
Agora só restava o barulho da água e do sangue pingando.

Contos da MadrugadaOnde histórias criam vida. Descubra agora