A crueldade em meu mundo (o amor sob suas pálpebras).

Homens como ele...

Sem muitos comentários tirando o fato de que é ótimo ter sido quase funcional essa semana. Estou estranhamente feliz comigo mesma.

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"E esse..." disse seu pai ao final da extenuante visita que ele estava realizando, não pela primeira vez, ao departamento geral de policia de Tokyo. O entusiasmo não poderia ser escondido da voz do homem enquanto visualizava a figura do imponente herói de fogo que acabava de dobrar uma esquina, tornando-se visível em toda sua opulência e glória. "É Endeavor. Quanta sorte não é mesmo Sora? Conseguir se encontrar com um dos maiores em seu primeiro dia como herói oficial."

Era cruel daquele homem tirar tudo dele, até mesmo seu nome? Ele sabia que sim. Takami Keigo estava cada vez mais sendo esquecido ao mesmo tempo em que Sora e Hawks tomavam seu lugar sob o sol.

(Tudo pelo Japão disse o homem ao assinar seus papeis.

Tudo pelo Japão disse o homem enquanto o submetia a todos os mais diversos treinamentos ao seu corpo infante.

Tudo pelo Japão era o equivalente a boa noite que parecia lhe acompanhar a noite e acordá-lo de manhã.

Keigo, pelo que parecia, era desnecessário, nessa árdua tarefa de se tornar algo que ele mesmo ainda não sabia o que pelo seu país.)

Mas nem mesmo isso conseguiu suprimir sua alegria ao ver o homem que, durante tanto tempo, ele vira em imagens tremulas, desfocadas e na qualidade digna do mais inútil dos televisores. O homem que apenas acentuou a sua resolução de aceitar o destino que lhe entregavam, de servir aos heróis, de servir a Endeavor, como o almirante sempre disse que deveria.

Ver o enorme homem na sua frente, longe da condição de iguais, mas mesmo assim, fez com que o pouco que restasse de Keigo parecesse sair para fora em alegria inocente enquanto o homem continuava a caminhar em sua direção.

"Senhor." Disse o homem com sua voz de barítono, o forçado respeito por uma autoridade digno de sua alma forte e incurvavel. O Almirante, satisfeito pela mostra de hierarquia sorriu entre os dois enquanto dizia as palavras que, Keigo sabia, eram praticadas desde que o acolhera.

"Endeavor. Que bom que está aqui, assim posso te apresentar ao meu menino. Sora venha!" O tom enganosamente cortês do Almirante era a deixa para que Keigo... não, Sora, fizesse o que esperavam dele. Ele sorriu. "Esse é Sora, ele acabou de se formar pela Shiketsu, mas já conseguiu sua licença definitiva. Estou encarregado da honra de dar-lhe o primeiro tour pelo departamento, e imagine a nossa sorte ao encontrá-lo!"

"Oh... interessante." Disse o homem num tom que qualquer um ali interpretaria como nepotismo, não era exatamente um segredo a filiação do prodígio do oeste, afinal. "É ótimo ver quando os esforços dão os resultados esperados, principalmente se isso fortalecer ainda mais a gloria de nossos heróis do futuro."

"Sim. Eu concordo. Embora seja uma pena que meu Sora esteja sozinho por agora. Eu pensava que ele estaria acompanhado de seu filho mais velho, é uma verdadeira pena..."

"Aquele garoto está morto, então não acho que falar sobre ele faça alguma diferença. Nada que valha a pena trazer a tona." No brilho gelado daqueles olhos, Keigo viu o que interpretou, durante anos, como revolta pela perda de um filho. Nas palavras ásperas que o mundo interpretou como a recusa de ainda acreditar que seu filho mais velho teria um futuro para crescer, Endeavor conseguia incutir o esquecimento a Todoroki Touya. "Mas, ao mesmo tempo, seu pequeno Sora não precisa se sentir tão sozinho, penso eu. Ainda resta Shouto afinal de contas, e eu sei que ele vai ser um verdadeiro herói. O melhor herói que esse mundo já viu." O orgulho em sua voz era enlouquecido e, de certa forma, doentio. Talvez fosse um mecanismo de enfrentamento? Keigo não sabia exatamente.