Presente de segunda-feira pra vcs.
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Samantha
Minha terapeuta certa vez me disse que experimentar a traição pode não ser grande coisa e que tampouco suscita soluções específicas. Ela também disse que ou você perdoa e esquece, ou se separa.
Isso ficou na minha cabeça, mas então ela completou com a frase: "problematizamos tudo".Mesmo que criemos um vínculo, não há muito o que fazer. Talvez ela tenha razão. Não é grande coisa. Mas isso não significa que não vai doer por um tempo. Uma traição pode ser sentida facilmente como uma variação da morte. É como se o outro tivesse morrido.
Quando estamos dentro de uma relação, sentimos conexão, amor, criamos harmonia e felicidade. Quando isso é interrompido de maneira traumática para nós, sofremos, choramos e ficamos de luto. Mesmo sabendo que isso iria acontecer, eu estou de luto por algo que não vai existir mais.
— Acabou... — sussurro, limpo as lágrimas com o dorso da mão, enquanto a outra segura o volante.
Dirijo sem rumo pelas ruas de Las Vegas. O trânsito está calmo nas áreas residenciais.Já passa de meia-noite e eu não sei o que fazer. Claro que a realidade de ser mãe de dois filhos não me deixa escolha a não ser guardar minha raiva e voltar para a casa da minha amiga. Amanhã, ou em algum momento, minha filha vai perguntar pelo pai, mesmo que ele não seja tão presente assim. Ela sempre sente falta dele. Agora, que estamos separados oficialmente, talvez ele apareça uma vez por ano.
Quer saber? Eu não conheço a diferença entre ter um pai em casa que não participa de nossa vida e crescer sem ter um. Parece a mesma coisa. Engravidei de um estranho, assim como minha mãezinha querida. Agora, a verdade cai sobre mim, e eu me dou conta de que sou a cópia malfeita da minha mãe. Não somos diferentes. Segui fielmente seus passos.
O semáforo alerta com a luz vermelha. Eu paro, mas não presto tanta atenção assim ao meu redor. Minha mente parece um emaranhado de sentimentos. Não consigo parar de pensar naquele canalha e em como levou essa relação por tanto tempo. Temos uma filha juntos e ele simplesmente jogou tudo pela janela. Droga. A quem eu quero enganar? Ele já havia jogado nossa relação pela janela desde o dia em que ela nasceu. Mas, pelo visto, eu adoro insistir no erro.
A luz verde se acende, e eu acelero. De repente o barulho do celular interrompe meus pensamentos. Quando olho para o compartimento onde o aparelho está encaixado, vejo o nome do Christian brilhar na tela. As malditas lágrimas se intensificam.
— Como ele ainda é capaz de me ligar? — Minha voz é raivosa, enquanto tento agarrar o aparelho.
Na pressa de desligar, o maldito celular escapa da minha mão e cai no piso do carona. O toque está cada vez mais irritante, e a única coisa que quero é alcançar essa porcaria.
Com uma das mãos no volante, mantenho a direção, mas eu me abaixo várias vezes, até rapidamente alcançar o aparelho. Quando me ergo e volto para a direção, repentinamente me deparo com um carro parado no meio da rua. Sinto o sangue me gelar dos pés à cabeça, mas, de maneira rápida, enfio com toda força o pé no freio. Ouço o barulho do pneu cantar, mas, mesmo com todo o meu desespero para impedir que ele colida, é exatamente o que acontece. O carro acaba se chocando na traseira do automóvel parado.
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