2 meses e meio depois – 1 de julho de 2018
Raquel
É absolutamente absurdo eu pensar que já passaram seis anos desde que o Santiago nasceu. Quero dizer, parece que nem dei pelo passar do tempo. Passou num piscar de olhos. Assusta-me um pouco a velocidade com que tudo acontece, porque tenho sempre medo de estar a perder coisas, a deixar passar pormenores aos quais não dou importância. Não quero que ele continue a crescer, quero que ele seja para sempre o meu bebé do sorriso matreiro e dos olhos brilhantes.
Meu Deus, seis anos! Daqui a uns meses, vai estar a entrar no primeiro ano e eu mal me acostumei ao facto de passarmos tão pouco tempo juntos, desde que ele entrou na pré-escola e eu na faculdade. Parece que nunca momento nenhum é suficiente e que não sou capaz de lhe dar a atenção que ele merece. Mas eu sei que isso faz parte, porque ele está a crescer e as coisas vão continuar a mudar.
Esta manhã, o Santiago teve o seu último jogo desta época e, mais logo, ao final da tarde, vamos fazer uma pequena festinha aqui em casa, só para a família. Deixei-o lá à hora do jogo e depois vim embora, para poder preparar as coisas. A Mariana e o Tiago vieram almoçar comigo para me fazerem companhia e me ajudarem a preparar tudo para logo.
- O Santiago não vem almoçar connosco? – o Tiago questiona e eu nego.
- Quem é que o vai buscar? – é a vez de a Mariana fazer uma pergunta.
- Combinei com a dona Anabela que ele ia almoçar com eles, lá em casa. – respondo, engolindo em seco – Para o André poder estar com ele hoje. Depois os meus pais vão buscá-lo antes de virem para aqui. – explico.
- Ah, entendo. – o Tiago diz.
- Ainda não o viste? Desde que ele está em Portugal? – Mariana pergunta-me.
- Não. Ele e o Santiago já estiveram juntos, mas foi sempre por intermediário dos meus pais ou dos pais dele. – explico – É melhor assim.
- E como é que tu estás? – o Tiago pergunta e logo a Mariana lhe dá uma cotovelada – Quero dizer, não precisas de responder, se não quiseres.
- Não tem mal nenhum. – digo, sorrindo – Estou a viver um dia de cada vez, a dar passinhos de bebé, sem pressas. Não estava à espera que fosse ser fácil, de qualquer das maneiras.
- Não precisas de ser politicamente correta, Raquel, e não precisas de esconder os teus sentimentos de nós. – a Mariana declara – Eu conheço-te muito bem e tu não estás nada bem. Quantos quilos é que já perdeste, Raquel? Quantas horas é que andas a dormir, por noite?
- Os primeiros meses foram complicados, Mariana, mas eu estou a ficar melhor. Sim, é verdade que emagreci um bocado e que as noites são difíceis, mas eu estou a ficar melhor. – esclareço – Já como mais, juro. Isto é uma fase, que vai passar.
- Não te vi assim nem depois de vocês terminarem. – ela constata e eu suspiro.
- Acho que nós nunca tínhamos propriamente terminado até ao dia em que nos decidimos afastar. – observo – Estávamos a tentar, mas claramente não estávamos a ser bem sucedidos. – suspiro – Inconscientemente, continuávamos numa espécie de relação que tentávamos negar. Eu, sobretudo. Dizia a mim mesma que era uma simples amizade, quando claramente não o era. Estávamos a jogar um jogo para ver quem conseguia resistir durante mais tempo à tentação de estarmos juntos e isso não era saudável para nenhum dos dois. Devíamos ter cortado a corda mais cedo, teria sido menos doloroso. – explico – Mas eu estou a aprender a lidar com isso e eu sinto que agora estou a entrar numa maré positiva. Vou trabalhar a tempo inteiro durante o verão, enquanto não regresso às aulas. Depois, quando regressar, vou voltar ao part-time e talvez me inscreva no ginásio. Quero fazer coisas novas, estabelecer novos objetivos, encontrar um novo caminho e redescobrir a felicidade.
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Segundas Oportunidades | André Silva ✔️
Hayran Kurgu«Às vezes, o amor merece uma segunda oportunidade porque o tempo não estava preparado para a primeira oportunidade.» Será que André e Raquel terão uma segunda oportunidade para serem felizes juntos? - 2ª Temporada de "Acasos Felizes" - Data de iníci...