As horas passaram e eu já estava muito bêbada e sem bateria no celular para pedir um Uber até em casa.
— Leandro estou muito bêbada e cansada, preciso ir embora.
— Ok. Espere aqui um minuto.
Então ele se levantou e foi até o balcão do bar, conversou alguma coisa com o homem que estava do outro lado, apertou sua mão e veio até mim.
— Pronto senhorita, vamos?
Eu peguei em sua mão e o segui, sem perguntar para onde. Eu só queria deitar e dormir. Andamos algumas quadras e ainda não conseguia identificar onde estávamos.
Percebi só depois que tínhamos andado até o terminal da Vila Mariana. A essa altura eu estava ficando um pouco sóbria e então comecei a falar.
— Você está bem?
— Sim, e você?
— Acho que estou ficando sóbria.
— Que bom.
— Para onde estamos indo?
— Para minha casa, é logo ali.
— Ok.
Apesar de estar melhor, meu senso de direção continuava péssimo. Ele passou meu braço pelo seu ombro e me segurou pela cintura, estávamos tão perto que dava para sentir o cheiro do seu perfume - o mesmo daquele dia na cafeteria.
Chegamos, entramos e ele me colocou no sofá e saiu. As coisas pareciam estar girando e eu acabei caindo no sofá, em cima das almofadas.
Não demorou muito e ele apareceu com uma toalha e uma camiseta tão grande que parecia um vestido. Não consegui identificar a estampa que havia nela. Ele me ajudou a levantar e me levou até o banheiro. Tudo ali era muito simples, nada comparado ao meu apartamento que não tem mais espaços vazios para preencher.
— Fique a vontade, tome um banho e relaxe. Vou preparar um café enquanto isso.
— Tá bom, obrigada.
Ele saiu e fechou a porta. Fiquei uns cinco minutos encarando meu reflexo no espelho e tentando imaginar o que poderia acontecer depois que eu saísse daqui.
Enfim liguei o chuveiro e deixei a água cair sobre meus cabelos, com tudo ainda girando ao meu redor. Me desequilibrei e quase cai. A água estava morna, então liguei o chuveiro um pouco mais para a água fria me despertar.
Eu só conseguia ouvir meus pensamentos, perdida numa fantasia e em meio a ideias. Imaginei sair do banheiro e ver ele no sofá. Assim que eu me sentasse, ele me beijaria.
Balancei a cabeça para dispersar esses pensamentos e terminei de tomar banho. Me sequei e vesti a camiseta que ele me deu, enrolei a toalha no cabelo e esperei alguns minutos antes de sair. Deixei a toalha no banheiro e fui pra sala.
Ele não estava sentado no sofá. Comecei a pensar que algo de ruim poderia acontecer, mas o quê? Enquanto pensava em mil maneiras que poderia morrer aqui, procurei um carregador para o meu celular. Achei, e pra minha sorte era a mesma entrada. Assim que o sinal do celular ficou verde, indicando carga, liguei o aparelho imediatamente para tentar falar com a Amanda.
Quando o celular ligou, fui notificada de três mensagens e nenhuma era da Amanda. Todas as mensagens estavam com número restrito e não tinha como responder ou ligar, então comecei a ler para saber o que se tratava.
MENSAGEM 1:
"Thalassa espero que a noite tenha sido agradável para você e seu amigo, agora que estão juntos não posso ignorar a presença dele e deixá-lo de lado tão facilmente. Veja bem, isso não é uma ameaça, eu só quero seu bem, querida."
Como alguém pode querer meu bem dizendo essas coisas? O que eu faço agora? Olhando daqui consigo ver a sombra do Leandro se movimento no quarto, como se não soubesse qual roupa vestir. Será que ele também recebeu essas mensagens? Decidi continuar lendo.
MENSAGEM 2:
"Como você viu, ao terminar de ler a carta, há um endereço onde quero que vá. É melhor que teu amigo vá junto, lá vocês saberão o que fazer."
MENSAGEM 3:
"Sua mãe não precisa saber da carta, poupe-a desse tormento. Sei que não é justo com você, mas é a única forma que tenho de poder te contar tudo que aconteceu. Não se assuste, meu bem, eu te amo muito. Beijo, papai."
Puta que pariu! Esse cara era doente. Não conseguia acreditar no que acabava de ler. Acho melhor me sentar no sofá e tentar esquecer tudo isso, mas como? Não tenho a menor ideia do que fazer.
— Ei Thalassa, está tudo bem? Parece que viu um fantasma.
— Eu... não vi, mas acho que estou sendo perseguida por um.
— Como assim?
Percebi que ele ficou tão espantado quanto eu, mas não sabia como lhe contar toda essa história maluca e bizarra que já vinha acontecendo há meses. Mas eu estava com tanto medo e tão ansiosa que precisava contar para alguém.
As coisas estavam tão fora de controle que acabei me envolvendo sem pensar nas possíveis consequências, e levando comigo quem quer que fosse que estivesse por perto. Minha mãe estava doente e eu não podia contar tudo de uma vez porque ela podia piorar, minha melhor amiga já não estava tão presente porque o namoro com Yuri a levava a quase todos os shows, então eles viviam viajando. Como eu poderia confiar em alguém que acabei de conhecer e envolvê-lo numa história maluca e sem sentido que nem eu mesma sei lidar? Mas eu já estava sem opções e não tinha mais como voltar atrás. Decidi então explicar tudo que estava acontecendo para Leandro, inclusive falar sobre a carta e a suspeita de que ele pudesse estar envolvido nisso.
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Um Infinito Desconhecido
Historia CortaCom a mãe doente, o aparecimento do pai, uma suposta promoção no emprego e sua vida amorosa em jogo, como Thalassa irá driblar os desafios do dia-a-dia e descobrir quem é o homem do parque? Acompanhe sua rotina para saber quais serão seus próximos p...