— 190. Qual sua emergência?
— Oi, boa noite. Eu tô aqui na Brasil, na altura aqui um pouco depois do Restaurante Popular. A gente tá segurando uma jovemzinha aqui...
— AAAAAAAAAAAAH...
— Qual a ocorrência, senhor?
— A menina queria se jogar daqui. Só que ela disse que não sabe como voltar pra casa. Tamo segurando ela pra ela não se jogar. Mas tamo precisando de alguém aqui. Nenhuma viatura tá perto, aí a gente precisa de vocês. Tá chorando demais aqui...
A viatura chega às 23h13. A avenida está um pouco vazia. Um civil de camisa cinzenta cobre o corpo da menina, que treme de frio. Ela estava disposta a morrer, custasse o que custasse. Dois policiais sobem rapidamente em direção ao alto do viaduto, onde a concentração de pessoas é notória.
O civil de camisa cinzenta descobre o rosto da jovem, que já parou de chorar um pouco mas ainda soluça. Um dos policiais se aproxima da menina e coloca a mão em seu ombro, que recua um pouco.
— Como você está se sentindo?
— Horrível.
— Você quer ligar pra alguém da sua família? Seu pai, sua mãe...
— Não, eles... — funga um pouco. — Eles não merecem saber o que houve.
— Eles precisam saber, menina — o civil responde, ainda abraçando-a. — Pra onde você vai depois daqui?
— Eu só quero... — o choro se inicia novamente.
— Eu tive uma ideia. A gente podia te levar pra delegacia, te dar um pouco de água ou um calmante pra te deixar tranquila. Temos uma psicóloga lá também, se precisar conversar. O que você acha?
A menina acena com a cabeça um "sim" e sai devagar com os policiais.
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Correção
General FictionQuem bate, esquece. Quem apanha, nunca esquece. E sob estas condições a vida de Paulo está prestes a reviver lembranças que nem ele mesmo sabia que existiam.