Ela entra no trem novamente e volta para casa. Triste por mais alguém que sentia um enorme carinho ter partindo, mas feliz por Izack estar indo em busca de seus objetivos. Caso ele optasse por ficar, ela não suportaria carregar a responsabilidade de alguém ficar com ela e ter simplesmente deixado de sua vida. Assim para não se sentir mal por não estar ao lado dele, resolve lembra-lo apenas como um sonho bom.
Em fim é natal. Seu aniversário era alguns dias antes, mas mais uma vez passou despercebido. O motivo pelo qual comemoram seus aniversários em sua opinião, seria para ser lembrado de que ainda estava vivo. Talvez por isso não visse razões para contar ao outros e comemorar, ela desta vez estava sentindo-se viva.
O natal este ano foi comemorando no hospital junto a Aline. Mesmo nessa situação, para Victtória foi à comemoração natalina mais especial. Foi a primeira vez em que teve a família reunida, decisão de enfeites, trocas de presentes e etc. Antigamente era difícil, pois tendo seus pais separados, tinha que escolher com quem passar o natal, o que para ela era a pior decisão a ser feita.
Mas neste dia ela não pensou em nada, apenas vivenciou o momento. Não eram promessas de ano novo antecipadas, ela só queria deixar o passado para trás e focar no presente. Nada mais estragaria seus dias, mesmo com tudo o que estava acontecendo, ela encontrava motivos para sorrir.
Neste dia acomodaram-se em uma ala com todos os outros pacientes para assistirem filmes. Com direito até a um frango como almoço. As sobremesas eram as melhores, e mesmo sendo um hospital, não encontrava outro lugar na cidade mais alegre.
Não importa onde estamos o que realmente importa é o que temos a transmitir. Nem sempre estamos na pior. Temos problemas minúsculos comparados com o dos outros. Se prestarmos atenção nos detalhes, encontraremos o lado positivo de tudo. Eles estavam felizes por ainda estarem vivos, e alguns deles há poucos minutos poderiam perder a vida. A morte é óbvia, e o presente é uma dádiva.
Três dias depois, Aline havia piorado. Restavam poucas horas para o seu falecimento. Estavam todos ao redor da cama sem ao menos piscar os olhos. Sem poder falar muito, relatou cada momento importante com os que estavam ali presentes. E Victtória emotiva, não parava de escorrer lágrimas em seus olhos.
Quando chegou a Victtória, sua voz estava extremamente tremula, mas ela insistiu em falar. Se ela não a conhecesse, não viveria as aventuras mais incríveis que teve. Com ela conheceu lugares, quebrou regras, aprendeu lições de vidas, e soube o significado da palavra "Amor". Para Aline, ela foi um anjo que a apresentou a vida, e a fez valoriza-la antes de partir.
Não espere ouvir o ultimo bipe, para lembrar-se do som do despertador. Só será tarde demais, se não acordais cedo. Victtória não sabia lidar com despedidas, e assim que a viu já sem reação, saiu aos prantos. Correu ao prédio mais alto, e sentou-se a beira para observar. E novamente martela em sua cabeça a teoria do jogo do PAC-MAN.
A vida é composta por pessoas, sociedades, civilizações. E a morte está sempre atrás de nós, seguidas por medos, inveja e mentiras. Cada estrada e esquina são as oportunidades que temos de fugir do abismo, e encontrar caminhos e pessoas que servirão como bônus para seguir em frente. O game over acontecerá um dia, mas é possível ser adiado, se você souber como jogar o jogo da vida.
Cristopher a encontra e a leva para casa. Deita-a em sua cama e cobre-a. Ao lado havia uma mesinha onde tinha várias folhas com as escritas de Victtória, e entre elas ele encanta-se com o seguinte poema:
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Utopia ou Suícidio
AdventureA história não começa, e nunca acaba. Precisamos morrer todos os dias, para ser possível renascer. A real utopia é entre o nascimento e a morte. E o suicídio verdadeiro, é entre o adormecer e o acordar. Victória é uma garota insatisfeita com sua vi...