Capítulo I

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Carla

- O Problema das pessoas ricas é que elas acreditam que o mundo inteiro é delas.

- Pelo amor de Deus Carla, vim do Nordeste pra cá, com tudo isso já é difícil e eu já entendi, você vai para o Elite Society por causa do seu futuro. A gente tá aqui, você ganhou a bolsa, para de abuso.

- Educação Bárbara é a única coisa que ninguém toma da gente, e eu quero cursar química ou engenheira aeroespacial, lembra?! O Elite tem o maior laboratório escolar do país e os professores são bons, pra uma das duas eu passo. - Ela me olha como se fosse voar no meu pescoço - Tá bom, paro de falar disso.

Na calçada de uma floricultura em rua linda e cheias de casas pintadas em tons terrosos, Carla pensava que mais uma vez ela e Bárbara davam a volta por cima, nas rasteiras que a vida dá. A mãe de Bárbara morreu quando ela tinha meses, mesmo crescendo com pai, sempre se virou sozinha e mantinha tudo sob controle até progenitor aparecer com uma ruivinha minúscula no colo e uma mulher estranha, avisando que era a irmãzinha dela, largar a bebê na cama fedida, no dia que Carla fez 3 anos a mãe foi "comprar cigarro", quando Bárbara completou 17, o pai decidiu ir "comprar o esqueiro".

Carla temia ser um peso para a irmã, com 14 anos fugiu de mochila e salto alto as 3 da manhã. Foram 2 anos vendo e fazendo de tudo ao redor do mundo, até que no natal passado em uma entrevista sobre a vida de modelo Bárbara implorou que ela voltasse e ela voltou, fez a prova do Elite Society e passou, bolsa integral na melhor escola da América Latina.

Agora um homem de dentro de uma floricultura encarava as duas com uma cara hilária, o que era  de se esperar, já que as caras deviam dizer "olá, não sei aonde estou e nem para onde vou". Enfim Carla lembrou onde guardaram o papel.

- O endereço está no seu bolso Babi.

Depois do que pareceram séculos, Bárbara se livrou das sacolas na mão e pegou o endereço.

- É esse aqui, 1890, a gente só tinha que subir a escada.

- Então te alui pelo amor de Afrodite, preciso me arrumar pro bendito do coquetel de boas vindas.

- Sim, filha da xuxa, me avexe não.

Subiram conversando amenidades, a porta verde com o número 10 abriu de repente, Carla se equilibra, mas Bárbara cai em cima de um homem, quando se levanta, ligada no 220 como só Bárbara Afrodite Santana Lima era, começou a falar em um só fôlego.

- Oi, nosso quarto tem ventilador? - O homem ainda se levantando confuso, fez cara de poucos amigos, mas Carla notou quando ele varreu Babi com os olhos que por sua vez estava avoada e alheia, continuou a falar mil coisas por segundo sem dá um momento de paz ao cérebro do coitado homem. - Diz que sim pelo amor de Deus, a gente veio do nordeste, mas não é imune a calor não. No contrato dizia ar condicionado, mas se você mentiu e tiver ventilador já tá bom, a gente também pode pintar as paredes, é que eu amo quartos claros com móveis pretos ou o contrário sabe?

Voltando de onde quer que tenha se perdido, finalmente verbalizou o que a cara dizia.

- Quem são vocês?

Foi aí que Carla, tomou as rédeas da situação, a irmã era linda, simpática e o sorriso tava fazendo o homem corar, 'Pobre alma' pensou Carla...

- Suas inquilinas! Quer dizer, se você for Vicente Fonseca, nós somos Carla Afrodite e Bárbara Afrodite.

- Babi Santana por favor, ninguém se chama Bárbara Afrodite e faz sucesso. - Disse ela estendendo a mão para Vicente - Onde a gente dorme?

Depois de alguns segundos ele cumprimentou Babi, e por fim prosseguiu:

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