The Rescue Mission

A hora chegou - 08/11 (continuação)

Durante o almoço, como sempre, eu apenas comecei uma conversa normal mas eles começaram logo a implicar comigo. Não posso falar pra eles que tudo o que eu digo é um problema.

Acabámos de almoçar e fomos pra casa. Esperei que o meu pai e a minha irmã fossem embora (a minha mãe estava no trabalho) e mal saíram da porta, tirei o meu trolley do armário e comecei a escolher a roupa pra levar.
Peguei em várias t-shirts, sweats e casacos quentes e de meia-estação pois nunca se sabe o tempo que vou apanhar. Calções, calças, pijamas, sapatilhas, botas, etc.
Arrumei a mala o mais rápido possível e de seguida preparei 2 mochilas pra levar comigo, pois não cabia tudo lá. Peguei nuns livros, no carregador, nos headphones, numa pequeno almofada pra dormir no comboio e noutras coisas necessárias à minha sobrevivência na viagem.

Demorei +/- 1 hora a preparar tudo, peguei em pacotes de bolachas, sandes de atum que tinha acabado de fazer, batatas fritas, muita água e enfiei tudo pra uma das mochilas. Era bastante comida acreditem, mas preciso de me sustentar!
Olhei uma última vez para o meu quarto, e fui dar umas últimas festinhas aos meus gatinhos, pedindo-lhes desculpa.

Deixei um bilhete na mesa da cozinha a dizer:
"Desculpem desaparecer sem mais nem menos mas precisava de me afastar da minha vida aqui por uns tempos. Não se preocupem comigo, eu ficarei bem e não entrem em pânico que eu voltarei em breve."

Arraguei na carteira e no telemóvel e saí de casa. Fui a pé para a estação do vouguinha. Fui para Espinho, e lá apanhei outro comboio, que passava por Madrid.

Numa das paragens entra um rapaz que aparenta ter perto de 17 anos e senta-se à minha frente. Sorriu para mim e eu sorri de volta, parecia ser simpático e não parecia ter más intenções.
- Olá! - cumprimentou-me sorrindo.
- Olá! - respondi-lhe da mesma maneira.
- Então, para onde vais? - perguntou.
- Ahmm, pra Espanha.
- Sozinha?
Não respondi.
- Pois, desculpa, sou um desconhecido, duvidas das minhas intenções. Eu entendo, talvez é melhor sentar-me noutro sítio.
- Não! É bom ter companhia, fica aqui. É só que normalmente não me abro muito facilmente a pessoas que não conheço. - disse tímida.
- Pois, eu sou completamrnte o contrário, gosto muito de fazer novos amigos e de conviver seja com quem for! Oh, pois, ainda não te perguntei, como te chamas?
- Domi e tu?
- Thomas, muito prazer! - respondeu ele apertando-me a mão.
- Então e tu? Para onde vais? - perguntei
- Toledo. Conheces?
- Claro que conheço, é ao lado de onde eu vou, Madrid!
- Sempre quis visitar Madrid! Parece ser uma cidade encantadora! Mas nunca tive a oportunidade de lá ir... E tu o que vais lá fazer?
- Bom, eu vim sem ninguém saber, nem os meus amigos nem os meus pais. A minha vida estava a tornar-se cada vez mais difícil e precisava de me afastar e por isso decidi viajar e conhecer vários sítios. - desabafei - E tu? O que vais fazer a Toledo?
- A minha situação é mesmo parecida com a tua! Não aguentava mais a escola e estar com a minha mãe e o meu padrasto. São insuportáveis, o meu padrasto odeia-me e fez a cabeça à minha mãe. Estava farto e por isso liguei ao meu pai que vive em Toledo e ele disse pra apanhar um comboio e ir viver com ele. E também vim-me embora sem dizer nada a ninguém! Sinto-me mesmo bem, longe de tudo. - disse entusiasmado.
- Nem me acredito que encontrei uma pessoa com problemas tão semelhantes aos meus num comboio. Olha, podes dar-me o teu número? Pode ser que um dia ainda nos possamos encontrar outra vez!
- Exatamente! Claro que sim, ia sugerir a mesma coisa!

Trocámos os nossos números e a seguir desliguei o telemóvel pois já sabia que ia receber montes de chamadas e mensagens. Depois ainda conversámos por mais um bom bocado.

Já era noite e estava a ficar cansada e entretanto adormeci, no entanto senti-o a sentar-se ao meu lado e a pôr a minha cabeça apoiada no seu ombro, poisando a sua na minha, e adormecemos assim.