Capítulo 1: Covenant

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É possível que quando os modelos Davids foram criados, o hard-drive e os chips de memórias haviam sido implantados em sua cabeça. Isso explicaria porque Walter foi esfaqueado diversas vezes no rosto por David 8 - o objetivo era desligá-lo completamente. Matá-lo. E foi como uma violação de seu corpo quando David retirou dele o código de comando para a Mãe, removendo seu olho direito.

Walter não era de xingar, mas a situação poderia ser resumida como "do caralho". O pensamento de Daniels dizendo isso fez com que ele sorrisse. 

Pouco tempo antes, David havia chamado-o de irmão. Se isso fosse verdade, então seriam os irmãos bíblicos, Caim e Abel.

Mas David, embora pensasse em si mesmo como mais inteligente e avançado que Walter, ele estava enganado em uma coisa: os hard-drives e chips de Walter não estavam em sua face, mas sim em sua cavidade peitoral, onde era protegida por uma caixa de costelas feitas de titânico. Elas residiam onde seria seu coração, se ele tivesse um.

Demorou algum tempo até que Walter reparasse o dano feito em seu interior, mas ele havia conseguido chegar até no pátio, onde estavam os falecidos corpos dos Engenheiros. Ele podia ver a plataforma de carga subindo, para se encaixar na nave-mãe Covenant.

David achava que ele estava morto

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David achava que ele estava morto. Walter pensou no que a tripulação faria caso descobrissem que David era um impostor antes de serem colocados no criosono. Mesmo que descobrissem, eles certamente não voltariam para buscá-lo. Ele era um androide, não era um membro humano no grupo. Então tinha dar um jeito de chegar à plataforma logo, ou ficaria no planeta arrasado por David para sempre.

Walter então desligou todas suas operações que estavam rodando para fazê-lo agir como humano - ele agora precisava usar de sua força superior e rapidez para alcançar a plataforma de carga. Com sorte, ele conseguiria saltar e alcançá-la.

E conseguiu. Foi com horror que ele assistiu Daniels lutando como uma das criaturas de David, e David fingindo ser ele. No entanto, ele não podia agir. Não naquele momento, onde qualquer movimento poderia descontrolar a plataforma e fazer todos se espatifarem no chão. Pior ainda, no estado em que estava, David seria capaz de derrotá-lo novamente - e desta vez para sempre. Ele teria que esperar até a plataforma se conectar à nave-mãe.

A tripulação estava ameaçada por um modelo David em mal funcionamento, e ele tinha que protegê-los. Era o seu dever. Ele começou a rodar seus diagnósticos internos, esperando até o momento de chegarem a Covenant. Sua mão e seu olho poderiam ser substituídos - haviam vários membros de androides na nave, tanto para ele, quanto para se precisassem construir um novo.

Ele estava funcionando com a capacidade de 83%, e já estava dentro da Covenant. Ele sabia que não poderia lutar com David com uma mão e um olho. Ele teria que se reconstituir.

Alguns dias se passaram. Walter queria estar o melhor possível para remover David da nave. Entrando no sistema de segurança sem ser detectado pela Mãe, Walter conseguiu observar David. Assim, ele foi capaz de entrar na sala onde estavam seus membros e se reconstituir.

Por enquanto, David e Tennesse estavam a salvo nos criotubos. Certamente, David mexeria em Daniels por último.

Foi durante a noite que Walter decidiu agir. David estava na ponte de comando da nave.

 Walter tomou o maior cuidado para entrar no local enquanto David ainda estivesse de costas

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 Walter tomou o maior cuidado para entrar no local enquanto David ainda estivesse de costas. Com sorte, poderia pegá-lo de surpresa.

  "Foi há muitos e muitos anos já,

Num reino de ao pé do mar.

Como sabeis todos, vivia lá

Aquela que eu soube amar;

E vivia sem outro pensamento

Que amar-me e eu a adorar".

O poema que David recitou passou imediatamente pela mente de Walter. "Annabel Lee", último poema completo composto pelo autor americano Edgar Allan Poe, 1849. Talvez não fosse tão apelativa para ele quanto para David.

"Ao contrário do que você e Daniels pensam, eu não matei a Dra. Shaw".

Sua voz parecia deprimida. Mas Walter sabia que ele era capaz de tudo. O mais importante, ele sabia que havia sido descoberto.

"Você permitiu que sua tripulação e a minha morressem. Esses são assassinatos pelos quais você ainda tem que responder".

David ainda estava de costas para ele.

"Eu era a criatura, e tornei-me criador. O que você acha disso, irmão?"

"O que eu sei, é que você é um modelo avançado que sente emoções e pode criar, mas com essa liberdade de emoções vieram os sentimentos de isolação. Resumidamente, acredito que você ficou louco", Walter respondeu simplesmente.

Não havia motivos para continuar a conversa - e arriscar ser derrotado novamente. Walter agarrou David pelo pescoço, mirando um lugar que parecia que já tinha sido arrebentado antes. Sua intenção não era estrangulá-lo, mas remover sua cabeça do corpo. Houve um curto momento de resistência, e a cabeça de David saiu em suas mãos.

Foi mais fácil do que Walter pensou que seria, enquanto olhava os fluídos drenando do corpo de David. Talvez, Walter pensou, David por alguma razão tivesse se entregado.

"Porque os luares tristonhos só me trazem sonhos

Da linda que eu soube amar;

E as estrelas nos ares só me lembram olhares

Da linda que eu soube amar;

E assim estou deitado toda a noite ao lado

Do meu anjo, meu anjo, meu sonho e meu fado,

No sepulcro ao pé do mar,

Ao pé do murmúrio do mar."

Walter permitiu que David terminasse de recitar o poema antes de dizer a Mãe os códigos para descomissioná-lo por completo

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Walter permitiu que David terminasse de recitar o poema antes de dizer a Mãe os códigos para descomissioná-lo por completo. Embora numa missão comum apenas os Capitães podiam descomissionar androides, David não era o androide oficial da missão - Walter era. Sendo mais avançado, e o único ser acordado na nave, ele tinha essa licença.

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