Uma honrosa partida

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Além de clareiras e uma larga campina.

O estalar de uma das madeiras da árvore de freixo,vindo de uma chama baixa. Rompe o desolado silêncio numa gruta,o grupo que se encontra incompleto próximo a fogueira.

Observa o crepitar das fracas chamas,seus olhares vagos e distantes,deixam escapar copiosas lágrimas de saudade,pois seu líder,sacrificou sua vida para salva-los. O jovem oriental chamado Tan-Kuan,era um grande líder,de bom coração,coragem infindável e lealdade perpétua.

O monge usou da arte arcana para jogar o grupo através de um portal aberto por ele.
Tan-Kuan usou sua habilidade incrível de concentração,para canalizar a energia arcana junto a do universo em seu punho cerrado.

Concentrou a energia e socou o ar com precisão, instantâneamente,o espaço tempo se rompeu,abriu uma fenda e se modelou num portal de energia azulada. Onde pequeninas e ligeiras faíscas corriam por sua borda em Elipse.

O grupo do bom e leal monge, foi pego de surpresa com tal ação,e por isso não tiveram a chance de resistir. Quando perceberam,estavam no local onde passaram a noite para descansar a exatas duas dezenas.

Aparentemente a gruta havia sido estadia de uma família de ursos marrons,pois havia rastros de sangue. Restos de três carcaças humanas e diversas marcas de garras por toda a gruta. Eles respiraram fundo e se abrigaram no local,pois a tempestade castigava o solo e gritava com o firmamento.

O grupo lutava contra inimigos poderosos no país do Senhor de Ferro,em Rashemem,a batalha acontecia num extenso campo de capim limão. Nas entranhas da floresta ashen.

O campo, batizado de canto dos coelhos,possui um capim alto,onde chega até um metro de altura,sua extensão equivale a um médio plantio de milho. Seu aroma característico,se espalha mesmo quando o vento não move a vegetação.

O local está próximo a vales, clareiras,florestas fechadas e bosques cobertos por uma leve bruma fria,além de possuir diversas tocas de coelhos e lebres. O solo é de terra negra levemente acidentado,dado aos poucos buracos de marmotas espalhados,mas mesmo a terra sendo fofa,seu avanço ocorre de forma firme.

O monge e seu grupo ao qual nomeavam de Extirpadores do mal,estavam no encalço de um grupo monástico rebelde,do templo Lua Negra. Onde seu líder rebelde, é um monge chamado Mashiba.

O artista marcial maligno assassinou seu mestre após descobrir que Tan-Kuan,seria escolhido como seu sucessor e guardião de algo secreto. Algo onde somente o mestre abade tem conhecimento do segredo.

Os monges se conheciam de longa data,e possuíam uma espécie de irmandade leal,junto a uma rivalidade marcial sempre posta a prova por ambos. Após a traição de seu irmão e rival, Tan-Kuan sentiu sua amizade estilhaçar como um bule de chá de porcelana, que vai ao solo,de forma rápida e irreversível.

Após o odioso ato, Mashiba fugiu para o templo da lua negra,onde deixou para trás,sua vida,amigos e seu templo,o conhecido e respeitado templo da Mão Brilhante.

O monge de coração negro,embriagado com a inveja e amargura. Liderava um grupo de trinta aliados,aos quais com o tempo,foram se esvaindo aos poucos,sobrando apenas sete.

Mas antes da existência de oito membros,o grupo conhecido como sombra rubra, consistia em monges e ninjas experientes. Senhores na arte de envenenar,sabotar e assassinar, usando as sombras como aliada.

Tal grupo, ultrapassou a Muralha-Shou, no encalço de um membro traidor,onde este roubou algo de valor e poder incalculável. Um objeto de poder indescritível,desejado por todos e controlado por poucos.

O que Mashiba e os seus procuravam,era algo conhecido como Orbe do Dragão.

Tal objeto havia sido tomado das mãos de uma jovem por Mashiba,após a mesma assassinar seu antigo senhor.
A traidora,era de início um homem chamado Ching,um ex-soldado do império Shou.

Porém,tudo não passava de um honroso disfarce para proteger aqueles que ela amava.

Tempos atrás.
Antes de tornar-se fugitiva.

Antes de toda a confusão,o soldado imperial Ching,era uma bela jovem chamada Lin,a sétima filha de oito irmãos da honrada família Quan.

Seu último irmão, acabará de completar seus treze anos de idade,Lin tinha conhecimento dos árduos treinamentos realizados por seu irmão. Onde também é capaz de reconhecer a incapacidade do mesmo em se alistar e perecer num local chamado Floresta dos Demônios Ancestrais.

Pois constantes incursões imperiais se deslocam até o local para combater o avanço de criaturas. A jovem viu cada um de seus irmãos mais velhos partir com expressão honrosa e voltar (Quando voltavam) estirados e imóveis numa maca de bambu,vezes ensanguentados,outras desmembrados.

Por desejar que tal horror não ocorresse a seu irmão casula e seu pai. Um veterano de guerra e aposentado por mancar da perna esquerda,após ser atingido por uma garra demoníaca. Sua mãe, era uma recatada senhora do lar,uma cozinheira de mão cheia e muito alegre. Mesmo tendo o conhecimento da morte de seus filhos,a mãe de Lin sempre ostenta um sorriso largo em seu rosto cansado.

Pois se orgulha com cada convocação do império a sua família,em homenagem aos que se foram,a família possui um templo nos fundos de sua requintada casa.

Onde todo o ano referente a morte de seus corajosos filhos,promovem sete dias de festas, banquetes e orações acompanhadas de velas e incensos. Por estes motivos,a jovem Lin decidiu tomar o lugar de seu irmão e pai,na esperança de não causar amargura em sua amada mãe.

Na mesma noite em que a carta de convocação chegou,a penúltima herdeira do sangue Quan, se apoderou da carta de convocação,roupas de um irmão mais velho,a armadura de seu pai. Lin também levou sua Katana, a Wakizashi e o tantô (Lâminas indispensáveis de um mestre samurai).

Sua Lança Retrátil, e sua égua (A qual Lin criou desde o nascimento) chamada Nuvem,dada a sua bela cor. Como um lobo ladrão de ovelhas,a jovem disparou para longe da casa onde foi nascida e criada,guardando em sua memória a voz de seus amados pais e irmão.

Deixando para atrás apenas as lágrimas de saudade que lhe escorriam o rosto e o aperto em seu coração. Com seus sentimentos a flor da pele e a euforia lhe revirando o estômago.

A jovem faz uma repentina parada num bosque,se acalmou aos poucos e usou sua adaga para cortar seus belos,macios,sedosos e longos cabelos negros. Deixou-os curtos como os de um jovem rapaz,se alimentou de frutas que surrupiou da cozinha de sua mãe. A jovem recostou numa árvore e adormeceu enquanto sua égua comia as maçãs de sua pequena bolsa feita de linho marron.

Lin não possui tal conhecimento,mas sua mãe sabe do gesto honroso,a sábia senhora, observou sua filha galopar, e sumir além de um morro próximo. A gentil mulher, suspirou de orgulho mais uma vez, em sua nobre vida.

Continua...

Vingança Entre DragõesOnde histórias criam vida. Descubra agora