Voltei para casa e o meu pai estava na cozinha, talvez a preparar o jantar.
Já eu... estava talvez ainda mais confusa do que antes de ter decidido ir conversar com aquela mulher.
Questionava-me se tinha tomado a melhor decisão ou se encalhava ainda mais a minha vida amorosa.
— Olá, querida. Como é que correu a escola? — ouvi o meu pai da cozinha enquanto eu me sentava no sofá.
— Normal, eu acho.
— Estiveste com o Connor?
— Sim, pai. Mas não estive com ele à tarde, não te preocupes.
— Eu sei que me disseste a verdade, só estava a perguntar por curiosidade.
— Estou a ver.
Liguei a televisão e entreti-me um pouco com o que estava a passar.
Uns minutos depois, o meu pai veio se sentar ao meu lado e parecia triste, deprimido. Não por suas olheiras, que eram normais devido à sua profissão, mas porque ele olhava para baixo e estava calado.
Eu e ele somos iguais, adoramos falar e quando começamos, nunca mais nos calamos.
— Pai? Está tudo bem?
— Porque é que não deveria de estar? — sorriu.
— Porque não estás. Eu sei — suspirou e levantou o olhar, olhando para mim.
— Aconteceu uma coisa hoje no hospital.
— O que... o que é que aconteceu?
— Entrou nas urgências um miúda inconsciente, praticamente sem pulsação. Mas não conseguimos salva-la...
— Desculpa dizer isto, mas... isso não acontece constantemente na tua profissão?
— Sim, com o tempo aprendemos a lidar com emoções e este tipo de situações. Mas...
— Mas?
— Esta situação foi um pouco diferente. E mexeu comigo comigo principalmente...
— Mas afinal porque é que essa miúda morreu?
— Anorexia.
Aí é que me dei conta daquilo que ele estava a sentir e porquê. Senti uma dor enorme no peito ao saber que o meu pai ainda sofria com isso.
Tive a infeliz ideia, um dia, que tinha de emagrecer. No entanto, cheguei a pesar 24 kilos aos meus catorze anos com 1,58 de altura. Apenas há três anos atrás e ainda hoje estou a baixo do peso.
— Agora eu compreendo.
— Eu conseguia ver-te ali no lugar daquela garota e isso ainda me assombra.
— Desculpa... eu nunca devia ter feito aquilo.
— Eu só quero que me digas que nunca mais o voltarás a fazer.
— Eu prometo.
Sorri e abracei-o, tentando conforma-lo e transmitir-lhe confiança.
Confiança sempre foi aquilo que ele tentou pôr em mim depois de eu ter ido parar ao hospital e estar entre a vida e a morte.
Era a segunda vez que ele me via internada no hospital e nessa altura temeu que fosse a segunda vez que perderia a pessoa mais importante na vida dele.
Depois ele levantou-se e disse-me para eu ir tomar um banho que o jantar estaria pronto em vinte minutos.
Fui para o meu quarto e fui buscar o meu pijama antes de ir para a casa de banho. Quando voltei do banho para o meu quarto a secar o cabelo com uma toalha e assutei-me quando vi o Xiumin bem à minha frente mal entrei.
— Credo, Xiumin, que susto — fui até à minha penteadeira.
— Desculpa, já vi que te assusto muito ultimamente.
— Muito pelo contrário — sussurrei.
— Disseste alguma coisa? — o mesmo perguntou.
— Não, nada.
— Alex.. —- aproximou-se de mim e olhou-me pelo espelho — Eu sei que não gostas, mas... eu não pude evitar...
— O que é que foi, Xiumin?
— Eu... eu ouvi a conversa com o teu pai- olhei-o pelo espelho e em seguida virei-me para ele.
— Não tem mal, não era algo que não viesses a saber com o tempo.
— É mesmo verdade?
— Sim... o meu pai sofreu como muito pouca gente sofreu. E eu arrependo-me imenso, tanto de ter feito mal a mim mesma como de ter feito o meu pai passar por tanto por minha causa.
— E agora? Como é que estás?
— Anorexia cura-se com o tempo, e mesmo assim com poucos centímetros a mais ainda peso 44 quilos...
— Eu já tinha reparado que eras magra. Mas nunca pensei...
— Pudemos não falar mais disto, por favor? Deixa-me deprimida.
Baixei o olhar e esperei uma resposta da sua parte ou que se fosse embora. Mas não esperava o que veio a seguir.
Senti os seus braços rodearem o meu corpo e abraçou-me com força, como se a sua vida dependesse disso.
— És uma garota tão forte... mesmo que não tenhas noção disso. Não quero que voltes a sofrer assim.
Os meus olhos arregalaram-se e demorou algum tempo até que voltasse à realidade e finalmente o abracei de volta. Tinha a certeza que o tinha sentido sorrir com a cabeça no meu ombro.
Inesperado ou não, foi algo indispensável para que eu pudesse tomar uma decisão sobre o meu futuro. Agora tinha a certeza que faria a escolha certa.
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My Sweet Ghost | Xiumin
FanfictionO que farias se te mudasses para uma casa onde vive um espírito? Alex nunca pensou ficar tão ligada a um ser sobrenatural. ✅ CONCLUIDA ➼ copyright © xisweet 2018 | todos os direitos reservados