O vírus

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1º dia - 08:30 am

O dia estava abafado e os alunos do 3º ano de informática estavam cansados. Aquela era a presentação final do 1º ciclo de startups. Para muitos era um alívio. Para o professor Vinicius era apenas o começo de algo ainda mais trabalhoso. 

Todos os stands estavam dispostos no corredor e decorados de acordo com cada equipe. Alguns grupos, entretanto, estavam desfalcados. Allison, um dos integrantes, estava com um atestado que já atravessava a segunda semana.  Ninguém poderia explicar que mal assolava o companheiro. Tudo o que se sabia havia sido relatado no grupo: uma febre que o atormentava em intervalos irregulares e a dor quase insuportável que se alojara nos ossos. 

Entretanto, para a surpresa de todos. Allison apareceu para prestigiar o fatídico evento. Aquilo deu alívio aos corações atormentados. Todavia, alguns colegas mais próximos notaram uma estranheza no amigo. O corpo estava tenso e o sorriso, um tanto forçado. 

"Então... Descobriram o que era? Você ficou mal por um tempão!" Kaleo perguntou, causando surpresa no amigo. 

"Que nada. O doutor falou que era uma virose. Como sempre." Allison respondeu, o tom tranquilo. Seus olhos estavam agitados. 

"E vem cá, Allison. Isso aí não é contagioso não, certo?" Catarina se meteu no diálogo. 

"Não mais, pelo menos. O médico me liberou faz dois dias. Amanhã mesmo eu estarei de volta." 

"Que bom, eu detestaria ficar doente." Comentou a garota e logo dirigiu sua cadeira de rodas para outro grupo de conversa. 

"Você tá comendo direito? Tá meio pálido." Aldheysy chegou, metida à nutricionista.

"O bom e velho feijão com arroz." O rapaz respondeu, piscando e rindo. Quase dava para esquecer que algo parecia errado. 

"Mas você sabe da regra do prato, certo? Você divide em quatro partes e coloca..." Aldheysy começou a tagarelar o que seria a 5º explicação de uma alimentação saudável. Aquele papo era enfadonho, então Allison dirigiu sua atenção para outro lugar. 

Tum. Tum. Tum. 

Aquele estranho abrulho vinha de um dos stands. Quase como se estivesse hipnotizado, ele se dirigiu ao local, dispensado a amiga com um aceno de mãos. Seus passos eram rápidos, um nó se formando no estômago. O sentimento era de antecipação, como se algo estivesse à espreita. 

Tum. Tum. Tum. Se repetiu.

Allison conhecia aquele som. Já tinha escutado em vários lugares: na TV, pelo estetoscópio e, agora, de uma veia que saltava do pescoço de seu amigo. 

Estendendo as mãos, flexionou o joelho, como num salto. 

Preparou-se, esticado. E então avançou.

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⏰ Last updated: Nov 11, 2019 ⏰

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THE VAMPIRE TALEWhere stories live. Discover now