Prólogo

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As madrugadas na cidade de Karakura eram realmente calmas em comparação a constante movimentação da grande Tokyo – o que agradava Ichigo.

Nunca fora de apreciar uma caminhada, mas desde que seu carro estragou e seu apartamento ficava próximo ao hospital onde trabalhava resolveu adotar tal prática como hobby e estava gostando.

As vezes parava em um parque depois de um plantão e ficava admirando o céu estrelado. Vez ou outra recordava do passado e uma nostalgia lhe invadia o peito, tanto triste, quanto alegre. Gostava de tal sensação, fazia com que se sentisse mais vivo já que era uma pessoa muito reclusa para sair para festejar com os amigos.

Era dono de uma vasta coleção de livros que iam desde fábulas até terrores que o faziam dormir de luz acesa. Gostava de como as palavras escritas narrando as aventuras e emoções dos personagens lhe prendiam e o faziam se sentir dentro do mundo das páginas amareladas.

Às vezes escutava seus amigos de trabalho lhe repreenderem dizendo que deveria buscar diversão no mundo real também, conhecer alguma mulher e formar uma família pois já estava com 28 anos e nunca havia sequer beijado – isto os deixava ainda mais atônitos e fazia o garoto ruivo rir pela preocupação.

Estava se aproximando do parque quando avistou um garoto de cabelos azuis com cara de poucos amigos mirando o lago enquanto jogava pedrinhas tentando fazê-las pularem na água. Parecia irritado devido a agressividade que as lançava, o que o deixava ainda mais com uma aura intimidadora.

Continuou seu caminho até que seu celular vibrou no bolso, chamando sua atenção para o objeto que retirou e viu uma mensagem da operadora; revirou os olhos e já o estava guardando quando um homem esbarrou em si e saiu sem falar nada, deveria estar embriagado devido ao cheiro forte de álcool que emanava.

Ao chegar em casa se sentiu solitário – as vezes se lembrada do sorriso acolhedor de sua mãe o recebendo quando voltava da escola –, encaminhou-se até o quarto onde guardou sua bolsa e foi ao banheiro ligar a água da banheira. Depois de verificar a temperatura despiu-se e olhou seu reflexo no espelho:

Magro.

Seus ossos estavam mais ressaltados que o normal, estava fazendo muitos plantões e se esquecia de alimentar-se direito. As vezes tomava remédio para se manter acordado; o que ocasionou em olheiras profundas e escuras.

Escovou os dentes e quando notou que estava praticamente cheia de água a banheira desligou-a e se sentou, permitindo seu corpo descansar naquela sensação relaxadora. Ficou divagando sobre seu dia, desde a conversa que teve com Ishida sobre o diagnóstico de uma paciente que tinha apenas cinco anos e já se encontrava em estado de vida ou morte até memórias mais obscuras na época remota de sua infância.

Balançou a cabeça afastando tais pensamentos e pôs-se a limpar o corpo.

§

Irritação era o que definia o estado em que Grimmjow se encontrava naquela noite. Sua vontade de esmurrar a cara de qualquer pessoa que aparecesse na sua frente era grande, por isso resolveu parar em um parque qualquer antes que sofresse um acidente com sua moto.

Começou a caminhar pesado e socou uma árvore perto de um lago.

- Maldito Nnoitra! – praguejou alto, dando um murro mais forte que fez sua mão sangrar – Tsc, merda...

Suspirou tentando se acalmar ou não iria ficar tranquilo até fazer aquela árvore cair. Olhou para baixo e viu algumas pedrinhas espalhadas pelo chão as quais apanhou e começou a jogar no lago tentando se distrair, porém cada vez que se lembrava das provocações que o ex-colega fizera para si posteriormente o fazia usar toda sua força a cada arremesso.

Ficou entretido até seu celular vibrar, retirando do bolso o objeto vendo a notificação:

Urahara: Marcamos para daqui três semanas a luta, apareça no treino cedo!

Urahara: Yoruichi passou no hospital para vê-la... É melhor visitá-la também, parece que seu estado piorou.

Apertou o celular entre os dedos e fechou os olhos numa meditação, se pondo a caminhar em direção a sua triumph rocket estacionada. Girou a chave e sentiu o motor vibrar, colocou o capacete e se direcionou ao hospital.

Já estava acostumado com as paredes brancas do hospital, não precisava mais de ajuda para encontrar o quarto. Apenas passou na recepção e acenou para a enfermeira que trabalhava ali naquele horário e se encaminhou para onde sua irmã estava.

Abriu vagarosamente a porta e a viu dormindo, estava usando uma máscara para conseguir respirar. Fechou as mãos e as apertou fortemente, era culpado por ela estar naquele estado, ou pelo menos era assim que sentia.

Aproximou-se e beijou sua testa no lado onde um grande corte cicatrizava, lhe acordando.

– Nii-chan? É você? – sorriu sonolenta – pensei que não viria...

– Não seja idiota, é obvio que viria – afagou os cabelos.

– Yoruichi passou aqui mais cedo, falou que você vai arrebentar a cara do bobão do Nnoitra – sua voz saia abafada e fraca devido ao aparelho, estava se esforçando para falar.

– Não acho que aquela mulher tenha falado assim, mas é verdade – sorriu convencido –, agora vá dormir ou não trago mais nenhum doce escondido – retirou da jaqueta uma barrinha de chocolate e a colocou debaixo do travesseiro – nosso segredinho – piscou –, coma quando tirarem esse negócio de você.

Nell sorriu animada e fez sinal para o irmão se aproximar, lhe abraçando.

– Obrigada Jow.

Segurou a mão da menor até ela pegar no sono, observando suas feições. Teria que comprar algo para ela usar na cabeça quando o tratamento iniciar e seus cabelos começarem a cair. Beijou sua mão e sussurrou mais para si do que para ela:

“Tudo vai ficar bem...”

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⏰ Última atualização: Nov 11, 2019 ⏰

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