Capítulo 2 - Romance secreto.

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Vou chama-lo aqui de Ely. Ao vê-lo novamente depois de quase dois anos em que nos beijamos foi uma surpresa. Ele sorriu quando me viu entrando no portão, e eu não sabia se sorria ou se desviava o rosto. Nós nos cumprimentamos, os namorados das meninas que eu já os conhecia de vista me foram apresentados e eles ficaram sós em algum canto da casa, enquanto eu fiquei na área de fora esperando por elas, junto com o Ely. Ele me olhava envergonhado, sem saber o que dizer. Me ofereceu uma cerveja, não aceitei, eu não bebia nada na época. Ele abriu uma lata e ficou bebendo, puxando papo comigo, perguntando da escola e até de coisas bobas. Não demorou muito para ele me beijar, e dessa vez o beijo foi além, com os lábios deles gelado e com gosto de cerveja, isso era algo novo pra mim. Fomos para dentro, ele me levou ao seu quarto e claro, tentou tirar minha roupa, mas eu disse que era virgem. Então ele parou e pediu desculpas. Me perguntou se ainda poderia me beijar, eu disse que sim. 

Depois de algum tempo fomos para casa, a irmã da minha amiga foi embora deixando-a comigo. No dia seguinte voltamos lá e de novo Ely e eu ficamos juntos. Mas dessa vez, o pai dele nos viu, e nos aconselhou a parar com aquilo que ainda começava— só eu não sabia, e acho que nem o Ely. 

Fui para casa pensativa, e me lembro de ter contado para a minha amiga sobre nós, e eu acreditava que não passaria de uns beijos, e depois do conselho do pai dele não nos veríamos mais. Eis que eu me engano, como quase sempre acontece. O sobrinho dele, filho de um dos irmãos mais velhos que no total são em sete irmãos, estudava na minha escola e pegávamos sempre o mesmo ônibus escolar no período da tarde. Um dia ele me entregou um bilhete, era de Ely querendo me ver a noite, me pediu para ir á frente da casa. Eu fiquei com receio de aceitar o convite, claro.

Os meus avós sempre dormiam cedo, e de costume eu assistia televisão antes de dormir. Nesse dia eu fiquei no meu quarto pensativa, se iria ou não para o encontro. Decidi me arriscar, não era todo dia que aparecia alguém interessado em mim diante das minhas condições. Eu fui até a área de fora que era onde ficava a cozinha separada do restante da casa e fui até a frente, fazendo o mínimo de barulho possível para os meus avós não acordarem, e minha preocupação era o meu cachorro da raça fila latir e acabar com meus planos, mas deu tudo certo e cheguei no local combinado. Na frente da casa há uma creche que na época era recém construída, e dentro dele havia um segurança que era um senhor de em torno de cinquenta anos ou mais, e ele era conhecido do meu avô. Então eu precisava tomar cuidado para não ser vista por ele. Sentei-me na calçada ao lado e logo Ely chegou. Eu me lembro bem desse dia. Rimos muito porque o nosso nome eram parecidos e escrevíamos no chão com uma vareta juntando nossas iniciais. E sempre que passava um conhecido a gente escondia o rosto. 

Depois desse encontro, surgiram outros, sempre a noite. Todos os dias havia um bilhete marcando novos locais pra nos vermos, e sempre esse sobrinho nos ajudava com a comunicação. Ninguém soube por um tempo. E eu andava calada e misteriosa, porém, estava feliz. Ely e eu nos aproximávamos cada vez mais, e com isso era óbvio que o assunto sexo surgia algumas vezes, mas ele nunca me forçou a nada. Era sempre gentil e meigo. Um dia fomos na casa abandonada que era da minha tia. Ela foi embora depois que se separou do meu tio, também irmão do pai, e também por traição. Ficávamos na área de fora, as vezes levávamos cobertor para nos cobrir, até que um dia eu quis abrir a casa que ainda estava mobiliada e conseguimos abrir. Não por maldade. Estava frio nesse dia, o que acontecia poucas vezes por ano naquele lugar. Ely e eu fomos para o quarto e ficamos deitados, não fazíamos nada fora dos beijos. Acabamos adormecendo. Acordei na madrugada e devia ser umas quatro ou cinco da manhã, ele ainda estava dormindo, roncando na verdade. Aos poucos ele acorda, eu estava me mexendo para puxar o cobertor pro meu lado. Eu me lembro do olhar dele, era gentil e ao mesmo tempo sedento, eu sei que ele me queria e que em algum momento iríamos fazer alguma coisa. Nós nos beijamos e tiramos a roupa. Eu posso dizer que ali sim eu virei mulher, senti meu corpo mudar, senti ser penetrada e todas as outras sensações acompanhadas daquele prazer e tão esperado momento. Eu já estava com dezoito anos e estávamos há meses juntos, entre idas e vindas, sempre que o pai dele pedia para pararmos de nos ver, mas ele sempre voltava, ele sempre aparecia no portão na calada da noite segurando sua bicicleta, e eu sempre ia até ele recomeçar mais uma vez. E a paixão crescia, escondida, tão minha e tão nossa. Ficamos no total de dois anos e meio juntos.

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